domingo, 15 de abril de 2012

“Avenida Brasil”: Adriana Esteves e Débora Falabella são favoritas em novela que já destrinchou tramas que em outras histórias nem oito meses foram suficientes


Adriana Esteves está dando mais um tapa com luva de pelica em quem ainda duvidava de seu talento e, depois de mais de 20 anos de carreira, só se rendeu à sua interpretação na minissérie “Dalva e Herivelto – Uma História de Amor”. Muitos ainda trazem à tona as críticas que a atriz sofreu por sua atuação como Mariana em “Renascer”, em 1993, mas poucos relembram de Sandra, a vilã de “Torre de Babel”, de 1998, que, coincidentemente, era chamada de Sandrinha. Tal qual a Carmen, ou, Carminha, a verdadeira peste de “Avenida Brasil”, novela das nove da Globo. Passados tantos anos, Adriana sem a menor dúvida está mostrando todo seu amadurecimento num papel que poucas atrizes conseguiriam responder à altura da responsabilidade que João Emanuel Carneiro, autor da trama, colocou em suas mãos.

O mesmo pode-se dizer de Débora Falabella, uma atriz que já surpreendeu fazendo a drogada Mel de “O Clone”, de 2001, e protagonizou filmes de sucesso no cinema como “Lisbela e o Prisioneiro” e “A Dona da História”. Assim como Adriana, Débora também tem experiência na área da vilania, pois fez a maquiavélica Beatriz de “Escrito Nas Estrelas”, em 2010. Mas sua personagem, Nina, é uma protagonista que flutua entre a heroína e a anti-heroína. O sutil duelo entre Carmen e Nina tem rendido cenas de uma riqueza que poucas novelas já mostraram em tão pouco tempo. Em apenas três semanas no ar, “Avenida Brasil” já conseguiu a façanha de destrinchar tramas que em muitas outras histórias nem oito meses foram suficientes.

A novela apenas peca ao usar como um dos cenários um lixão, como se fosse uma Disneylândia de menores abandonados. Ali, na ficção, a decoração é lúdica, a iluminação farta, horários de lanches são respeitados, mascarando o que realmente acontece: exploração do trabalho escravo de crianças, sobrevida sob voos de urubus e a degradação humana aspirando gases produzidos pelo lixo não tratado. Essa falsa realidade não pode ser ignorada nem esquecida nem mesmo com as belas imagens e cenas protagonizadas por excelentes atores como Vera Holtz e José de Abreu.

Mas, voltando às estrelas da história, Adriana e Débora têm nas mãos uma missão que Patrícia Pillar e Cláudia Raia já encararam interpretando Flora e Donatela, respectivamente, em “A Favorita”, do mesmo autor, em 2008. No fim, a vilã era a mocinha e a mocinha era a vilã. Aposto que João Emanuel vai surpreender mais uma vez.





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