Quando
vão perder a mania de o simples fato de colocar óculos em uma mulher linda a
torna feia? Não são roupas largas, cabelos presos e falta de maquiagem que
transformam o que ela já é na vida real em alguém diferente na ficção. Esses
recursos são muito ineficientes quando aplicados em uma atriz como aconteceu
com Maria Fernanda Cândido no episódio “A Perseguida de Curitiba”, da série “As
Brasileiras”, exibido nessa quinta-feira (5). Depois de fazer a seríssima
primeira-dama em “Um Brado Retumbante”, a atriz se soltou e mostrou não só ter
talento como também ter sido muito bem dirigida por Tizuka Yamasaki.
Nascida
em Londrina, no estado do Paraná, cuja capital dá nome ao título do episódio,
Maria Fernanda interpreta Sandra, uma mulher linda que insiste em se disfarçar
de mocreia. No dia do seu aniversário de cinco anos de casamento com Jorge
(Daniel Boaventura) ela decide ousar, vai a um sex shop, compra uma fantasia de
odalisca e, em casa, arrisca alguns movimentos de dança do ventre, quando ouve
barulhos. Achando que é o marido, ela se insinua para o ladrão quem estava em
sua residência. Aí começa a confusão.
O
episódio seria só e totalmente de Maria Fernanda Cândida, não fosse a volta da
presença constante e até muitas vezes irritante da narrativa de Daniel Filho.
Sem falar que no começo do episódio ele próprio errou feio ao chamar o episódio
de “A Despida de Curitiba”. O machismo no texto da narrativa também vai de
encontro ao nome da série: “A repetição acaba com a graça de qualquer
paisagem”, diz Daniel na narração, tentando justificar a infidelidade de
qualquer marido. Que "Brasileiras" concordariam com isso?
A
repetição de suas narrações também está acabando com a graça de todos os
episódios.