terça-feira, 30 de abril de 2013

“Sangue Bom”: Texto afiado de Maria Adelaide Amaral e direção ágil de Dennis Carvalho são as referências mais fortes no primeiro capítulo da nova novela das sete


Com uma dupla formada por duas feras em dramaturgia, Maria Adelaide Amaral na autoria e Dennis Carvalho na direção de núcleo, “Sangue Bom”, novela das sete da Rede Globo, estreou nessa segunda-feira (29) sem cenas apoteóticas ou interpretações bombásticas, mas com um colorido nas imagens, um cuidado na trilha sonora, uma suavidade e uma simplicidade na narrativa que não há como não se esperar que vá cativar o público.

A novela tem como fio condutor um tema delicado que por si só emociona, que é a adoção, mas contada de forma moderna e divertida a partir de três jovens abandonados por seus pais biológicos que acabam tendo diferentes destinos após serem adotados por famílias distintas. São eles Amora, trazendo uma Sophie Charlotte mostrando de cara que está agarrando com unhas e dentes o papel de protagonista, Fabinho, o revoltado vivido por um Humberto Carrão disposto a perder a fama de “carinha de bom moço”, e Bento, o boa praça interpretado por um Marco Pigossi imbuído na missão de fazer um personagem de bem com a vida e prometendo não cair na caricatura do bobo alegre.

Mas é claro que uma história contada por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari não deixaria de ter suas alfinetadas na realidade, como as referências que a trama faz à busca da fama a qualquer preço, a realities show e ao mundo pop como aconteceu em falas de Bárbara Ellen, a atriz da ficção interpretada por Giulia Gam, que promete roubar muitas cenas como a mãe adotiva de Amora. A autora fez uma paródia não só atingindo os pseudo-famosos como também a quem é verdadeiramente responsável pela divulgação dessas “celebridades instantâneas da mídia”.

Ainda no rol de jovens protagonistas, Fernanda Vasconcellos, como Maria Luísa, parece ainda não ter perdido os ares de Ana, a tenista sofrida de “A Vida da Gente”. Já Isabelle Drummond deu uma repaginada total e é outra atriz vivendo a jogadora de futebol Giane, em nada lembrando a ingênua Maria Aparecida de “Cheias de Charme”.

E em meio às alfinetadas nas entrelinhas do texto, já há bordões que prometem pegar, como “peguei sua proteína”, “vazei mocréia” e “gente não prejudicada”, que é uma nova versão para o “gente diferenciada”. E no contexto, a não preocupação em se aprofundar na apresentação de todos os personagens valorizou o núcleo principal e despertou o interesse em saber quais são os próximos personagens que vão interagir com esses jovens protagonistas. Mas já se pode conferir a presença marcante de outros atores no elenco, como Malu Mader, Bruno Garcia, Letícia Sabatella, Marisa Orth e Ingrid Guimarães, entre outros.

A última cena do primeiro capítulo, com o esbarrão entre Amora e Bento, que prometem formar o casal sensação da novela, já registrou a volta do bom e velho “gancho” para prender o público. Sem falar que a animada abertura ao som de Lulu Santos cantando “Toda Forma de Amor” numa versão mixada, meio samba, meio pop, já é um convidativo cartão de apresentação, principalmente para o horário.


segunda-feira, 29 de abril de 2013

“Bola Dividida”: Novo programa esportivo da Rede TV! repete tudo que há no gênero e Silvio Luiz mantém a mesma linha arrogante de sempre, achando estar sendo irreverente


Silvio Luiz, dias antes da estreia do seu “Bola Dividida”, que aconteceu nessa segunda-feira (29) na Rede TV!, afirmou em entrevista que já não se empolgava mais ao assumir o comando de um novo programa. Aos 78 anos, se o locutor esportivo não se sente mais motivado com novos desafios deveria aposentar a chuteira de vez. Pois o que se viu na atração esportiva foi o mesmo do que se faz em outras tantas do gênero. Silvio discutiu com seus colaboradores, Juarez Soares, o China, e Luiz Ceará, a rodada do fim de semana.

Com apenas meia hora de duração, nenhuma partida ou informação envolvendo jogadores ganhou aprofundamento. Virou uma miscelânea geral. Tem uma assistente de palco, a ex-Miss Brasil Priscila Machado, que lê as perguntas mandadas pelos internautas. Também nenhuma novidade, já que colocar mulheres bonitas em programas desse tipo já é de praxe. E um repórter, Fernando Fontana, que faz entrevistas-relâmpagos com torcedores.

Na tentativa de chamar a atenção para a estreia, Ceará participou do “Você na TV”, sensacionalista de João Kléber (gravado) que a partir de agora perdeu meia hora de duração para ser sucedido pelo “Bola Dividida”. O comentarista discutiu com uma modelo, criando suspense a respeito de um jogador famoso com quem ela dizia ter tido um caso. O nome do mesmo não foi revelado e, assim como muitos casos cercados de mistério por João Kléber acabam tendo um desfecho ridículo, a entrada de Silvio Luiz em cena no seu programa foi mais uma bola fora.

Considerado por alguns como irreverente, Silvio Luiz abusa no perfil arrogante de radialista e apresentador mal humorado. Pode até ser um personagem criado por ele, mas que parece não agradar mais nem ao próprio. E, o pior, deixa a impressão de se estar assistindo a alguém que não sente o menor prazer no que faz. Mas faz, por necessidade. 

“Se gostou espalha, se não gostou fica quieto pra não estragar a vida da gente”, sentenciou ele no fim do programa, repetindo uma máxima muito usada no teatro, mas, nos palcos, dita de uma forma bem menos agressiva ao lidar com o público. Irreverência nesse caso beira à indelicadeza. E falta de gentileza não gera audiência.


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domingo, 28 de abril de 2013

“Guerra dos Sexos”: Com desfechos diferentes da versão original de 30 anos atrás, remake de Silvio de Abreu foi leve, divertido e coerente com os tempos atuais


Silvio de Abreu cumpriu a promessa de fazer uma versão de “Guerra dos Sexos”, escrita por ele e exibida pela primeira vez em 1983, diferente e modernizada. No último capítulo da novela das sete da Rede Globo que foi ao ar nessa sexta-feira (26), o que se viu foram desfechos diferentes, livres de qualquer tipo de compromisso com o que já havia mostrado visto há 30 anos.

Pares românticos de antes foram trocados, vilões castigados no original conseguiram se safar agora e atitudes consideradas ousadas demais na época, hoje só fizeram a diferença por provar que os tempos realmente são outros. O troca-troca de casais aconteceu por conta de Nando (Reynaldo Gianecchini), que assumiu definitivamente seu amor por Juliana (Mariana Ximenes), e Roberta (Glória Pires), que aceitou o pedido de casamento de Felipe (Edson Celulari).

Na ala dos malvados, Carolina (Bianca Bin), livre da prisão e vendendo canudinho na feira livre, não mostrou a mesma regeneração de antes. Dizendo que iria cuidar bem da nova irmãzinha e lançando um olhar faiscante, ela lembrou o filme “A Mão Que Balança o Berço”. Afinal, Silvio de Abreu é craque em fazer referências tiradas do cinema em suas novelas. Carolina não se abalou nem quando ouviu de Vânia (Luana Piovani) a excelente definição para suas atitudes: “Você tem talento. O que você não tem é caráter”.

Com agilidade, nenhum coadjuvante foi esquecido. Cada um teve seu momento. Até mesmo Veruska (Mayana Moura) apareceu linda e rica na Itália, após ter fugido da prisão. E não poderia faltar uma cena de musical estando a direção geral nas mãos de Jorge Fernando. Apesar de todas as falcatruas e trambicagens, Nenê (Daniel Boaventura) teve seu fim apoteótico cantando no palco de um grande teatro, no melhor estilo Cabaret.

O capítulo ainda contou com as participações da apresentadora Xuxa Meneghell, no papel da fofoqueira Terezinha Romano, nova chefe da cantina das lojas Charlô’s, e do cantor-ator Fiuk, como Daniel, um antigo namoradinho de Lucilene (Thalita Lippi), que voltou a reencontrá-la por acaso.

E valeu a ousadia do autor ao usar o recurso (apesar de não ser inédito) de usar uma atriz do próprio elenco aparecendo fazendo ela própria. Foi o que Silvio fez com Mariana Ximenes, que apareceu levando seu próprio nome e sendo a atriz famosa que balançou o coração de Fábio (Paulo Rocha), fotógrafo apaixonado por Juliana, a personagem vivida pela própria Mariana na história.

No final, como era de se esperar, a repetição da primeira versão da cena em que Fernanda Montenegro e Paulo Autran jogavam o café da manhã um na cara do outro. Mas valeu o destaque dado a Marilu Bueno, que interpretou a governanta Olívia tanto na primeira quanta na versão atual da novela. E a atriz, mais uma vez completamente à vontade, correspondeu de longe as expectativas.



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quinta-feira, 25 de abril de 2013

“Salve Jorge”: Com talento e sutileza, Totia Meirelles faz de Wanda o “dragão” mais dissimulado a ser combatido, superando até mesmo a Lívia de Claudia Raia na novela

Se há uma atriz realmente guerreira em “Salve Jorge” ela é Totia Meirelles, que conseguiu repetir a máxima de que “a criatura supera o criador” ao transformar a sua Wanda, da novela das nove da Rede Globo, em uma vilã infinitamente superior a Lívia Marini, personagem de Claudia Raia que é quem encabeça a máfia de traficantes de pessoas. Por mais ardilosa que a chefona seja, nenhuma cena de Claudia superou até agora as situações recheadas de crueldade e sangue frio vividas por Totia.

Mesmo quando foi intimidada por Mustafá (Antônio Caloni) no capítulo dessa quarta-feira (24), Wanda cedeu, mas sem perder a pose e nem sem fuzilar o turco com seu olhar sedento de vingança. O histórico da bandida inclui o assassinato de um segurança italiano a sangue frio, a venda de bebês roubados e dopados por ela própria com uma “chupeta com sonífero”, chantagens como a que fez com Berma (Zezé Polessa) e fingir-se de mãe de Aisha (Dani Moreno) para tirar proveito material do desespero da jovem adotada em busca de sua família biológica.

Isso sem falar no prazer mórbido que demonstrou quando pediu a Lívia que a deixasse dar cabo de Morena (Nanda Costa), de quem nunca esqueceu já ter levado uma surra. Wanda não mede consequências quando é para se dar bem financeiramente. Nem mesmo se abalou com a possibilidade de viver um romance com o antigo namorado Nunes (Osmar Magrini), quando o militar a reencontrou e sinalizou um interesse. Ambiciosa, ela não perdeu tempo com o coronel, curtiu com ele algumas noites e seguiu em frente. Isso depois de contar com a ajuda dele para se livrar da cadeia.

Já Lívia, que no momento perdeu o foco de seu ramo e se transformou apenas numa mulher despeitada, até então só vinha desfilando fazendo carão de celebridade como grande e badalada empresária da área de moda e dando ordens a quem realmente executava os crimes. Nem mesmo quando assassinou Jéssica (Carolina Dieckmann) com uma injeção letal na garganta, quem roubou a cena foi mesmo a traficada morta.

Graças a Totia Meireles, Wanda, que em breve conseguirá se safar de mais uma prisão, transformou-se no maior dragão de “Salve Jorge”. E até Lívia, ao perceber a força de sua braço-direito na seleção de garotas para o tráfico, começou a ensaiar colocar Rosângela (Paloma Bernardi) como substituta dela. Afinal, apesar de querer se dar bem, a jovem que trocou o posto de traficada pelo de aliada está longe de ter não só a categoria de Wanda para o cargo, como a coragem da outra em peitar a “chefe”.

Enquanto muitos se preocupam com o fim de Lívia na novela de Glória Perez, quem sai ganhando é Wanda, que ainda poderá surpreender escapulindo na surdina.



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quarta-feira, 24 de abril de 2013

“Flor do Caribe”: De origem circense, Luiz Carlos Vasconcelos, tanto quanto Juca de Oliveira e Sérgio Mamberti, vem se firmando como ponto alto da novela das seis


Luiz Carlos Vasconcelos, o Donato de “Flor do Caribe”, ratificou no capítulo dessa quarta-feira (24) o que já era visível desde o começo da novela das seis da Rede Globo: ele e seu personagem são o que há de melhor na trama de Walter Negrão e com direção geral de Jayme Monjardim. Ao se fantasiar de palhaço para reanimar Felipe (Pablo Mothé), seu filho caçula que estava doente, o ator reviveu seus tempos de Intrépida Trupe. Fácil? Não no contexto em que vive Donato, um homem que passou sete anos numa prisão, condenado por um crime que não cometeu, e agora enfrenta todo tipo de rejeição ao tenta refazer sua vida.

A história de Donato é recheada de dramas: ele sofre, mas nunca cobra ter assumido a morte de uma turista em um atropelamento cometido por seu filho mais velho, Hélio (Raphael Viana), que nunca demonstrou a devida gratidão e respeito pelo gesto do pai; após ser solto, sofre o preconceito da sociedade a ex-detentos e não consegue emprego, e, o que dói mais, sofre a rejeição dos filhos menores, Felipe e Marizé (Lívian Aragão), que não o perdoam por ele não ter acompanhado suas infâncias.
Em meio a tantos dramas, Luiz Carlos Vasconcelos teve uma sensibilidade e um tato ao desenvolver a cena em que fez graça para Felipe que não tinham a ver apenas com sua caracterização, com maquiagem e figurinos improvisados de palhaço. O olhar, o gestual e a emoção latente no momento, mesclando graça com densidade, não são para qualquer ator.

Mas Luiz Carlos, apesar de ter a alma circense, que fez parte de sua trajetória ao longo de anos, também tem trabalhos que talvez não tenham lhe dado o devido destaque, mas foram construindo os alicerces para esse momento especial. Como foi o caso do intérprete como o doutor Dráuzio Varela no filme “Carandiru”, no cinema, em 2003, e como Arésio na minissérie “A Pedra do Reino”, de Luiz Fernando Carvalho, em 2007, na Globo. Ao lado de Juca de Oliveira e Sérgio Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos vem se firmando como ponto alto de “Flor do Caribe”.

Mais "Flor do Caribe" em:

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terça-feira, 23 de abril de 2013

“Copa Hotel”: Nova série do GNT não empolga em sua estreia, com interpretações mecânicas, roteiro pouco atraente e ritmo lento demais no desenrolar da história



Anunciada como promessa de ser uma série que fugiria do foco ufanista de programas que buscam o caminho turisticamente mercadológico de mostrar o Rio de Janeiro como a eterna Cidade Maravilhosa, “Copa Hotel”, que estreou nessa segunda-feira (22) no GNT, não correspondeu à propaganda feita antes pelo canal. Faltou principalmente ritmo ao produto criado por Giuliano Cedroni que tem como protagonista Fred (Miguel Thiré), um fotógrafo que após morar em Londres por 15 anos volta ao Brasil para assumir um hotel, falido, herança de seu pai que acabara de falecer. Decidido a recuperar o estabelecimento, ele começa a perceber que muita coisa mudou desde quando deixou o país.

É compreensível que Fred esteja vivendo um momento de dor pela perda do pai, mas seu intérprete exagerou nos ares de luto. O ator parece não estar contracenando com ninguém, nem mesmo interpretando para as câmeras. Faltaram ainda as cenas prometidas de ação, suspense e até de romance. Maria Ribeiro, que vive a médica que cuidou do pai de Fred, está sendo mais uma vez ela mesma, sua interpretação não traz um grande diferencial de suas personagens anteriores.

Num primeiro momento, o roteiro de João Paulo Cuenca e Felipe Bragança, com texto final de Mauro Lima, que também assina a direção geral, não empolgou. Mas, como ainda restam 12 episódios, resta torcer que, de uma forma condizente com o a realidade que atinge o Rio, como o encarecimento desenfreado do custo de vida na cidade, principalmente pela “bolha imobiliária”, a série mostre uma Copacabana, bairro mundialmente conhecido e um dos principais cartões postais da capital, não apenas colorido e glamoroso como invariavelmente acontece, mas também como um lugar cada vez mais obstruído pela marginalidade, a sujeira e o mau cheiro que tomou conta das ruas.

Ou, corre o risco de se tornar apenas mais um reforço à propaganda enganosa de que o Rio está plenamente capacitado para receber a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e que os incentivos para esses eventos estão sendo bem administrados.


Mais GNT em:

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