A
promessa de Simon Cowel era de emocionar o público do primeiro ao último
episódio da temporada da competição musical criada por ele, “The X-Factor”, que
estreou no Brasil na noite desta terça-feira (11), no canal Sony. A promessa
começou a ser cumprida no primeiro episódio, mas houve um fator X que fugiu ao
seu controle (será?): a participação de Geo Godley, um candidato inconveniente
de Seatle que tirou as calças e cantou mostrando seu órgão genital, escondido
na edição pelo logo do programa, para surpresa do público e dos jurados. Algumas
pessoas da plateia foram embora, assim como a jurada Paula Abdul, que se
retirou para vomitar no banheiro. A questão é: a postura do candidato não
poderia ser enquadrada judicialmente como atentado ao pudor? E, se é tão
vexaminosa, por que não foi cortada na edição, já que não se trata de um
programa ao vivo? A questão é que, tanto lá quanto cá, todos fazem de
tudo por alguns pontos de audiência.
“The
X-Factor” é o programa de maior sucesso no Reino Unido e tem no comando o
produtor musical da Sony, Simon, e como jurados Antonio L. A. Reid, Paula Abdul
e Nicole Scherzinger. Simon, grande estrela da atração, estava no Britain's Got
Talent de 2009, que lançou a carreira global da cantora Susan Boyle. “Saí do
programa mais visto do planeta para um novo desafio”, afirmou ele na estreia.
Nessa
primeira noite não tivemos uma nova Susan Boyle, mas histórias de vida
comoventes é o que não faltam em nenhuma parte do mundo. A primeira candidata
na etapa de Los Angeles, Rachel Crow, uma menina de 13 anos, chegou dizendo o
que faria com os 5 milhões de dólares do prêmio: “Minha família não tem
dinheiro. São seis pessoas em uma casa de dois quartos. Preciso de um banheiro
só para mim”. E Simon deu o veredicto após ouvi-la cantar: “Prepare-se
para um banheiro novo”. Também não faltaram candidatos bizarros, como o casal
Dan e Venita, que usariam o prêmio para continuar viajando com seu trailer para
fazer shows para idosos. Ao cantar “Unchained Melody”, o casal era a mais
imperfeita tradução de “Ghost”.
A edição
de “X-Factor” não é inovadora, mas é bem feita. Vemos bastidores dos jurados
fora do ar, retocando a maquiagem, brincando, trocando farpinhas programadas.
Assim como dos candidatos vencedores emocionados e festejando com seus
familiares. Ficou claro que a rivalidade entre Simon e L.A. será um tempero à
parte. Quando um diz Sim, o outro diz Não, sempre ao som da musica “Eye of the
Tiger”. Deve render mais do que os antigos entraves também “armados” de Simon
com Paula Abdul no “American Idol”.
O desejo
de ser um ícone da música leva a atitudes que não têm fronteiras. Muda o
idioma, o estilo, a cultura, o figurino... O direito de sonhar é o mesmo e
igual para todos. É igual inclusive a falta de noção de onde termina o limite
da mera falta de talento e da extrema falta de senso do ridículo. Afinal, o
vencedor assinará um contrato de US$ 5 milhões com a gravadora Syco / Sony
Music.
Mas o
episódio de estreia guardou dois momentos especiais. O da candidata Stacy
Francis, 42 anos. “Desde os 30 anos dizem que sou velha. Não quero morrer com a
música dentro de mim”, disse ela, aplaudida de pé após cantar “Natural Woman”,
de Aretha Franklin. Logo depois, veio Chris Rene, um catador de lixo que tem um
filho de 2 anos e acabou de sair de um tratamento de reabilitação. Está há 70
dias sem usar drogas. O jurado disse Sim, mas cobrou dele seguir na postura
correta que o levou até o programa. Os próximos episódios prometem mais
emoção. E, quem sabe, mais apelação...