Quem já
viu Paulo Gustavo nos teatros com as comédias “Hiperativo” e “Minha Mãe é Uma
Peça”, pode conferir já na estreia de “220 Volts” no Multishow, terça-feira
(25), que ele conseguiu uma façanha para poucos: levar personagens e situações
dos palcos para o quadrado limitado das telas de TV sem perder o tom. O
programa é uma mistura de stand-up, esquetes de dramaturgia e bate-papos nas
ruas com anônimos para falar de diversos temas. No primeiro, o assunto foi
tipos de medo, como de doenças, avião, espíritos.
Como no
teatro, a estrela da vez continua sendo a personagem Dona Hermínia, inspirada
em sua mãe que ele interpreta em “Minha Mãe É Uma Peça”. Ela é uma matrona de
bobs enormes nos cabelos assistindo ao programa de sua casa e fazendo
críticas que poderiam ser apenas ao “220 Volts”, mas que no fundo
serviriam para muitas atrações de humor atualmente no ar. “Esse menino não tem
nada, não tem presença, não tem carisma, não tem cabelo. Nem bonito é. Sem
contar que isso é batido, isso é a cruza de Chacrinha com Costinha, que na
minha época já tinha, e esses sim eram geniais. Aí vem um garoto querendo fazer
igual. Só ‘tô’ vendo porque ainda não começou a minha novela”, diz Dona
Hermínia enquanto vê na TV esquetes mesclados a entrevistas nas ruas.
O ator
também trouxe a Senhora dos Absurdos, personagem dele que faz sucesso em vídeos
na internet e que tem opiniões completamente absurdas, fazendo jus a seu nome.
De peruca loira, vestido de lamê e sentada ao lado de um lustre de pingentes de
cristal, a socialite tece comentários sobre saúde, pegando o tema doenças,
satirizando o sistema. Teve ainda um esquete muito engraçado sobre medo de
avião, em que o ator faz um passageiro desesperado num momento de turbulência.
“Cai logo, acaba logo com isso, acaba com nosso desespero”, esbraveja ele.
Esta é
sua estreia como protagonista na TV, mas Paulo já fez participações em vários
programas da Globo, como “Minha Nada Mole Vida”, “A Diarista”, “Faça Sua
História”, “Casos e Acasos” “Por Toda Minha Vida” e na série “Divã”, em que
marcou presença como o hilariante cabeleireiro Renée, mesmo papel que fez no
filme homônimo.
Agora em
“220 Volts” ele atua e divide o roteiro com Felipe Braz. E promete emplacar. O
ator tem uma relação de intimidade com a câmera que é transmitida a quem
assiste do outro lado. A forma como pede para o público não mudar de canal na
hora do intervalo é suplicantemente cômica. Fica difícil querer pegar o
controle remoto para zapear. Após encerrar o programa no cenário do stand-up,
ele vai para o camarim conversando com o assistente de palco e revelando
insegurança de amador: “Dependendo, semana que vem a gente ‘tá’ sem trabalho.
Não sei se vou conseguir entreter o povo, não, porque ‘tá’ ruim”. “Cortou,
diretor?”, grita, enquanto sobem os créditos. Não está ruim, não. Mas agora é
aguardar se a voltagem não vai cair nos próximos 11 episódios que formam a
série.