quinta-feira, 27 de outubro de 2011

“220 Volts”: Paulo Gustavo estreia em alta voltagem no Multishow com a mesma irreverência e humor inteligente que o tornaram conhecido do público no teatro


Quem já viu Paulo Gustavo nos teatros com as comédias “Hiperativo” e “Minha Mãe é Uma Peça”, pode conferir já na estreia de “220 Volts” no Multishow, terça-feira (25), que ele conseguiu uma façanha para poucos: levar personagens e situações dos palcos para o quadrado limitado das telas de TV sem perder o tom. O programa é uma mistura de stand-up, esquetes de dramaturgia e bate-papos nas ruas com anônimos para falar de diversos temas. No primeiro, o assunto foi tipos de medo, como de doenças, avião, espíritos.

Como no teatro, a estrela da vez continua sendo a personagem Dona Hermínia, inspirada em sua mãe que ele interpreta em “Minha Mãe É Uma Peça”. Ela é uma matrona de bobs enormes nos cabelos assistindo ao programa de sua casa e fazendo  críticas que poderiam ser apenas ao “220 Volts”, mas que no fundo serviriam para muitas atrações de humor atualmente no ar. “Esse menino não tem nada, não tem presença, não tem carisma, não tem cabelo. Nem bonito é. Sem contar que isso é batido, isso é a cruza de Chacrinha com Costinha, que na minha época já tinha, e esses sim eram geniais. Aí vem um garoto querendo fazer igual. Só ‘tô’ vendo porque ainda não começou a minha novela”, diz Dona Hermínia enquanto vê na TV esquetes mesclados a entrevistas nas ruas.

O ator também trouxe a Senhora dos Absurdos, personagem dele que faz sucesso em vídeos na internet e que tem opiniões completamente absurdas, fazendo jus a seu nome. De peruca loira, vestido de lamê e sentada ao lado de um lustre de pingentes de cristal, a socialite tece comentários sobre saúde, pegando o tema doenças, satirizando o sistema. Teve ainda um esquete muito engraçado sobre medo de avião, em que o ator faz um passageiro desesperado num momento de turbulência. “Cai logo, acaba logo com isso, acaba com nosso desespero”, esbraveja ele.

Esta é sua estreia como protagonista na TV, mas Paulo já fez participações em vários programas da Globo, como “Minha Nada Mole Vida”, “A Diarista”, “Faça Sua História”, “Casos e Acasos” “Por Toda Minha Vida” e na série “Divã”, em que marcou presença como o hilariante cabeleireiro Renée, mesmo papel que fez no filme homônimo.

Agora em “220 Volts” ele atua e divide o roteiro com Felipe Braz. E promete emplacar. O ator tem uma relação de intimidade com a câmera que é transmitida a quem assiste do outro lado. A forma como pede para o público não mudar de canal na hora do intervalo é suplicantemente cômica. Fica difícil querer pegar o controle remoto para zapear. Após encerrar o programa no cenário do stand-up, ele vai para o camarim conversando com o assistente de palco e revelando insegurança de amador: “Dependendo, semana que vem a gente ‘tá’ sem trabalho. Não sei se vou conseguir entreter o povo, não, porque ‘tá’ ruim”. “Cortou, diretor?”, grita, enquanto sobem os créditos. Não está ruim, não. Mas agora é aguardar se a voltagem não vai cair nos próximos 11 episódios que formam a série.