sábado, 22 de outubro de 2011

“Chef Academy”: O diferencial nesse reality de culinária é que o exigente chef dá aulas saborosas e divertidas para seus aprendizes


Para os aficcionados por programas de culinária, “Chef Academy - Basic Training”, que estreou esse mês no Glitz* (ex Fashion TV), é uma boa pedida no cardápio de realities shows desse tipo. Aliás, eles estão cada vez mais recheando a grade dos canais a cabo. Diferentemente da maioria que mostra competições nas quais um é vencedor, neste a tarefa é passar nas provas para chegar até a formatura na academia de Jean-Christophe Novelli, renomado chef francês radicado em Londres. Sua meta é treinar e transformar meros apreciadores de gastronomia em profissionais que passarão a fazer parte da nova escola Chef Novelli que ele abriu na Califórnia, onde se passa o reality.

O estilo de Jean é muito peculiar. Ele está longe de agir com a mesma austeridade de Gordon Ramsay, conhecido pela forma áspera como trata os participantes do “Hell's  Kitchen”. Também nada tem do perfil certinho e refinado de Pete Evans e de Manu Feildel, chefs que atuam como juízes no “Guerra das Cozinhas”.  Jean chega a ser até meio desorganizado. Longe dos alunos, ele pode ser visto em casa se atrapalhando ao fazer um simples suco de cenoura. No programa desta semana, ficou indignado quando o triturador não funcionou, quebrou e jogou no lixo o aparelho. Seu engraçado assistente sofre ao ter que experimentar novos sucos inventados pelo chef, como um de brócolis: “É horrível”, reclamou o assistente, fazendo caretas, uma espécie de Crodoaldo Valério, personagem de Marcelo Serrado em “Fina Estampa”. 

O conceito de cozinha de Jean também é mais despojado, lembra um pouco o de Jamie Oliver ao se relacionar com os ingredientes. Ao ensinar a fazer um risoto, conta que jamais usa facas para cortar os alhos, apenas os amassa. Assim como não corta as ervas. Usa as folhas inteiras. Se cair um alho inteiro no arroz, não tem problema. Assim como não é preciso se preocupar se cairem sementes de limão no molho de tomate, receita de sua avó. “O que importa é o sabor”, afirma o chef. A dica foi levada tão ao pé da letra que os melhores pratos escolhidos no fim da prova da semana foram de dois alunos: um que deixou um alho inteiro no risoto, e a outra que fez um molho contendo várias sementes de limão.

A avaliação é feita em testes semanais, através de receitas que Jean primeiro ensina como se faz e depois manda que os alunos executem os mesmos pratos à maneira de cada um. No final, o mestre determina quem passa e quem falha. Se um estudante falhar em três testes, é eliminado e perde a chance de entrar para a Academia. Todos os que passarem terão direito à formatura.

Entre os alunos, a que mais chama a atenção é Suzanne, uma dona de casa loiríssima de 47 anos, que vive muito maquiada e ligada a futilidades. Atrapalhou uma aula ao chamar uma alfaiate para refazer seu jaleco. Não achava elegante. Jean a mandou para casa e ela só voltou no dia seguinte. Fora da academia, eles aparecem  em grupos, os homens passeiam de carro por Malibu, enquanto as mulheres vão às lojas comprar roupas. E nesses passeios, uns fazem críticas aos outros.

O clima realmente é menos de restaurante e bem mais de uma academia, como diz o próprio nome do programa. E é com um entusiasmo esfuziante que Jean comemora com cada aluno que passa pelas provas fazendo os melhores pratos. Ele pula, abraça e beija, seja homem ou mulher. “Nossa, devo confessar que é a primeira vez que sou beijado por um homem. Mas sendo o Jean, está tudo certo”, afirmou um aluno, completamente sem jeito com a reação espontânea do chef. E é essa descontração que dá tempero e torna o programa mais saboroso. Vale degustar nas noites de quinta-feira, às 21h!