Ao chegar à metade da competição do “Projeto
Fashion” nesse sábado (29), percebe-se que Adriane Galisteu ainda precisa
ajustar algumas medidas no comando do reality show sobre moda da Band. Embora
ela própria encarne a frase repetida a cada episódio para os participantes: “No
mundo da moda, um dia você está in, no outro está out”. Em alguns momentos, o
visual da apresentadora é de uma informalidade que beira ao desleixo e parece
deslocado do ambiente fashion; em outros é exageradamente sofisticado, como se
quisesse ofuscar as modelos que desfilam as criações feitas na disputa.
Logo no episódio de estreia, dia 17 de setembro, Adriane abriu o programa usando um básico pretinho básico,
cabelo preso e uma tiara na cabeça, tipo “A diarista”, em nada lembrando a
elegância de Heidi Klum, que apresenta a versão americana. Mas de lá para cá ela tem conseguido acertar no visual várias vezes e também mostrado menos tensão no comando da competição.
O formato é a versão nacional do “Project Runway”,
atração que já foi indicada sete vezes ao Emmy nos Estados Unidos e na qual
estilistas desconhecidos competem pela chance de ser a grande revelação da moda
no país. Alexandre Herchcovit faz muito bem desde o início o papel que no
original cabe a Tim Gunn. O estilista é quem dá dicas aos competidores,
orientando-os a cada tarefa. Ele mostra que seu relacionamento não é só
profissional, com alguns eliminados, despede-se com tristeza, revelando que
cultiva amizade e admiração por eles.
O nível
de criatividade e estilo dos participantes, que deixava a desejar, também vem
melhorando a cada semana. Assim como os argumentos do júri, formado pelo
estilista Reinaldo Lourenço e pela editora de moda Susana Barbosa. A cada
semana há um terceiro jurado convidado. No começo seus comentários eram pouco
consistentes e se escondiam atrás de críticas sobre cabelos e maquiagens das
modelos. A primeira eliminada, a paulistana Micheline Pimenta, observou muito
bem a falta de conhecimento dos jurados sobre o que acontecia nos bastidores no
ateliê enquanto o desafio era cumprido. Conhecimento que os jurados do “Project
Runway” tinham e usavam as informações em seus julgamentos.
Felizmente nos
últimos episódios os jurados do reality da Band resolveram dar mais atenção ao
figurino, que é a verdadeira estrela da passarela e foi em cima dele que os
designers ficaram dois dias trabalhando, e deixaram os cabelos e maquiagens um
pouco de lado. Reinaldo Lourenço sem dúvida é o mais expert de todos. Já Susana
Barbosa poderia usar menos paetês e ser menos pedante.
O que ainda precisa ser melhor costurada é a
edição. Há um excesso de repetições do que já foi ao ar. Na abertura, exibe-se
sempre um resumo do que aconteceu no episódio anterior colado em um outro
resumo do que vai acontecer no episódio do dia. Quando volta do break
comercial, novamente se repete as últimas cenas do bloco anterior. Todos os
flash-backs são alinhavados pela vinheta do programa. No fim, há mais um resumo
do que acontecerá no próximo episódio. A impressão que fica é de que não há
material inédito suficiente para preencher o espaço de uma hora que deve durar
o programa no ar, então, enchem linguiça com repetecos. Fica chato e cansativo.
Talvez se mostrassem um pouco da convivência dos
participantes fora do ateliê de costura e da passarela, como acontece na versão
original, tivessem mais cenas inéditas para colocar no ar e não precisassem
recorrer a tantas repetições. Fica a dica!