domingo, 3 de novembro de 2013

“Sangue Bom”: Autores dão a último capítulo tratamento de estreia, com ritmo, desfechos convincentes e bem costurados e uma boa dose de ironia ao fazer referência à política e aos realities shows da TV


Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, autores de “Sangue Bom”, novela das sete da Rede Globo, provaram que não é preciso cenas mirabolantes para se chegar a um último capítulo com competência, como o que foi ao ar nessa sexta-feira (1). Basta coerência com o desenrolar da historia desde o seu começo. E isso eles tiveram. De uma forma enxuta e redonda, todos os personagens ganharam espaço para seus desfechos, mostrados com o devido tempo merecido. Interessante também a forma como a dupla, sob a direção de núcleo de Dennis Carvalho, conseguiu dar um tratamento de estreia no encerramento, inclusive com a manifestação de protesto semelhante à do primeiro capítulo, em que estava ali reunida a maior parte do elenco. 

Até mesmo a troca-troca de casais que permeou os relacionamentos de Amora (Sophie Charlotte) e Bento (Marco Pigossi), Fabinho (Humberto Carrão) e Giane (Isabelle Drummond) e Manu (Fernanda Vasconcellos) e Maurício (Jayme Matarazzo), teve um ponto final com cada um ficando com quem realmente deveria. Destaque para o olhar trocado por Bento e Amora na cena final, que fez lembrar a sequência que encerrou o primeiro capítulo, com o esbarrão entre os dois, num quase beijo que já prometia no futuro um casal difícil de ser separado, apesar dos pesares.  

Vale ressaltar que, no balanço geral, os seis jovens souberam cumprir a difícil missão de carregar a responsabilidade de serem protagonistas tendo circulando nas tramas paralelas atores veteranos. Principalmente para Sophie, Isabelle e Fernanda, que esbarravam em atrizes como Malu Mader e Giulia Gam, que já colecionaram muitas heroínas em novelas. E até mesmo o período em que as histórias passaram por certo marasmo, logo nos primeiros meses no ar, foi superado e o fôlego, retomado.

Em meio a um clima que misturou momentos de emoção com outros de humor, era previsível que houvesse uma sensação de que todos se deram bem, até mesmo os malvados, como foi o caso de Lara (Maria Helena Chira), que, apesar de ter sido cúmplice de Tito (Rômulo Neto) nas sabotagens, acabou livre e se lançando na política. Sobrou apenas para seu parceiro ir para a cadeia. Mas aí tratou-se de uma crítica clara ao que vivemos na realidade do país.

Também foi muito divertida a forma escrachada como foram ironizados os participantes de realities shows, com suas atitudes histriônicas na sede de se tornarem celebridades, seus amores eternamente relâmpagos e suas frases feitas do tipo “O Brasil está vendo”. É o que mais se vê tanto no “Big Brother Brasil”, da própria Globo, quanto em “A Fazenda”, da Record.

No fim, entre atitudes coerentes e incoerentes, maldades conscientes e bondades com segundas intenções, cada personagem teve o seu "quê" de herói e bandido. Ponto para os autores, que tiveram a coragem de não colocar ninguém num pedestal. Afinal, nenhum deles foi santo. Nem tinha o sangue tão bom assim.





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