Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, autores de
“Sangue Bom”, novela das sete da Rede Globo, provaram que não é preciso cenas
mirabolantes para se chegar a um último capítulo com competência, como o que
foi ao ar nessa sexta-feira (1). Basta coerência com o desenrolar da historia
desde o seu começo. E isso eles tiveram. De uma forma enxuta e redonda, todos
os personagens ganharam espaço para seus desfechos, mostrados com o devido
tempo merecido. Interessante também a forma como a dupla, sob a direção de
núcleo de Dennis Carvalho, conseguiu dar um tratamento de estreia no
encerramento, inclusive com a manifestação de protesto semelhante à do primeiro
capítulo, em que estava ali reunida a maior parte do elenco.
Até mesmo a troca-troca de casais que permeou os
relacionamentos de Amora (Sophie Charlotte) e Bento (Marco Pigossi), Fabinho
(Humberto Carrão) e Giane (Isabelle Drummond) e Manu (Fernanda Vasconcellos) e
Maurício (Jayme Matarazzo), teve um ponto final com cada um ficando com quem
realmente deveria. Destaque para o olhar trocado por Bento e Amora na cena
final, que fez lembrar a sequência que encerrou o primeiro capítulo, com o esbarrão entre
os dois, num quase beijo que já prometia no futuro um casal difícil de
ser separado, apesar dos pesares.
Vale ressaltar que, no balanço geral, os seis jovens
souberam cumprir a difícil missão de carregar a responsabilidade de serem
protagonistas tendo circulando nas tramas paralelas atores veteranos.
Principalmente para Sophie, Isabelle e Fernanda, que esbarravam em atrizes como
Malu Mader e Giulia Gam, que já colecionaram muitas heroínas em novelas. E até mesmo o período em que as histórias passaram por certo marasmo, logo nos primeiros meses no ar, foi superado e o fôlego, retomado.
Em meio a um clima que misturou momentos de emoção
com outros de humor, era previsível que houvesse uma sensação de que todos se
deram bem, até mesmo os malvados, como foi o caso de Lara (Maria Helena Chira),
que, apesar de ter sido cúmplice de Tito (Rômulo Neto) nas sabotagens, acabou livre
e se lançando na política. Sobrou apenas para seu parceiro ir para a cadeia. Mas aí tratou-se de uma
crítica clara ao que vivemos na realidade do país.
Também foi muito divertida a forma escrachada como
foram ironizados os participantes de realities shows, com suas atitudes
histriônicas na sede de se tornarem celebridades, seus amores eternamente
relâmpagos e suas frases feitas do tipo “O Brasil está vendo”. É o que mais se
vê tanto no “Big Brother Brasil”, da própria Globo, quanto em “A Fazenda”, da
Record.
No fim, entre atitudes coerentes e incoerentes, maldades conscientes e bondades com segundas intenções, cada personagem teve o seu "quê" de herói e bandido. Ponto para os autores, que tiveram a coragem de não colocar ninguém num pedestal. Afinal, nenhum deles foi santo. Nem tinha o sangue tão bom assim.
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