Com uma direção ágil e edição precisa, “Áudio
Retrato”, que estreou este mês de outubro no BIS (canal por assinatura do Multishow
em HD totalmente voltado a músicas), não se resume a mostrar cantores vendendo
seus peixes. Em formato de documentário de cinema, mas com linguagem adaptada
para a televisão, o ponto forte do programa está na forma como cada artista se
manifesta em relação a determinados acontecimentos que serviram de pano de
fundo em suas trajetórias. E vem aí muito mais do que simplesmente relembrar
antigos sucessos, como acontece na maioria dos projetos voltados à música. Estão
ali fatos que fazem parte da história geral do país, vistos sob um ponto de
vista sonoro e até poético.
Previsto para ter doze episódios, o primeiro contou
com Fernanda Abreu falando sobre o nascimento do movimento funk no Rio de
Janeiro. Também já teve Gilberto Gil relembrando o cenário musical nos tempos
da ditadura e suas histórias do exílio em Londres, de 1968 a 1971; Lenine
falando sobre a universalidade de suas composições, que está acima de qualquer
rótulo de ritmo ou gênero, e Gabriel O Pensador, fazendo uma explanação sobre a
crítica bem humorada do sistema que norteia suas músicas.
Realizado pela produtora Indústria Imaginária, de
Ricardo Nauenberg, o projeto foi inspirado no documentário “White Black and
Blues”, em que o cantor de blues B.B. King se manifestava sobre a mudança nos
direitos civis dos negros norte-americanos. A ideia foi muito bem adaptada e a
serie ainda promete boas histórias contadas por cantores como Evandro Mesquita,
com o seu jeito Blitz de ser, e Dinho, vocalista do Capital Inicial e filho de
diplomata, revirando a urna com sua postura crítica sobre a geração do rock
nascida em Brasília.
Exibido semanalmente às sextas-feiras, mas com dias e horários alternativos, é uma aposta acertada do canal que merece ser conferida.
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http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/07/vai-que-cola-paulo-gustavo-e-time-de.html