segunda-feira, 18 de novembro de 2013

“Amor à Vida”: Walcyr Carrasco exagera na quantidade de personagens femininas de caráter duvidoso, inseguras ou sem personalidade definida em uma única novela


É incrível como Walcyr Carrasco, autor de “Amor à Vida”, novela das nove da Rede Globo, tem o dom de reunir em um único folhetim tantas mulheres dissimuladas, de caráter duvidoso, inseguras ou sem personalidade definida. E Amarilys, a dermatologista interpretada por Danielle Winits, vem batendo todos os recordes de comportamentos questionáveis e comprometidos que marcam a maioria das personagens femininas da história. Depois de aceitar gerar o filho de um amigo homossexual, Niko (Thiago Fragoso), ela trai o mesmo, seduzindo seu companheiro bissexual, Eron (Marcello Antony), para ter com ele o bebê e assim se apossar como mãe da criança. Não bastasse tudo isso, sempre agindo de maneira sórdida e julgando-se certa, ela ainda tenta destruir a possibilidade de uma criança, Jayminho (Kayky Gonzaga), ser adotada por Niko.

Paloma (Paolla Oliveira) é aquela que deveria ser a heroína, mas não passa de uma mulher desde o primeiro capítulo perdida e sem saber o que realmente quer da vida. Aline (Vanessa Giácomo) é a madastra má, a mulher que se submete até mesmo a ter um filho em prol de uma vingança. Tendo como cúmplice a misteriosa e também vingativa Mariah (Lúcia Veríssimo). Ambas no rol das vilãs assumidas, como Leila (Fernanda Machado), que destila veneno em cada frase pronunciada.

Pilar (Susana Vieira) é a mulher que já suportou muitas traições e resolve se rebelar justamente após saber que o filho é gay e o marido vai ter um filho com uma mulher mais nova. É o cúmulo da humilhação. Edith (Bárbara Paz) e sua mãe, Tamara (Rosamaria Murtinho), formam a dupla perfeita do imbróglio.  A primeira, ex-garota de programa, tenta convencer que é apaixonada por um gay. Detalhe que ele é rico. Queria ver se fosse pobre. A segunda vende não apenas a alma como também a filha ao diabo.

Até mesmo a aparentemente correta Ordália (Eliane Giardini) decepcionou com seu passado de “periguetona” revelado de uma forma no mínimo esdrúxula ao descobrir que o pretendente de sua filha, Gina (Karolina Kasting), Era o mesmo com quem teve um caso no passado. Aí ela se entrega novamente ao tal ex, Hebert (José Wilker), depois de ter cortado a onda da própria filha. E a tal Gina, aquela moça exageradamente ingênua, beirando à ignorância em suas atitudes, resolve virar uma carola.

Já Márcia (Elizabeth Savalla), que, apesar de até então divertir com suas histórias de ex-chacrete e seus hot-dogs, sempre teve um pé no mau-caratismo ao incentivar a filha, Valdirene (Tatá Werneck), a dar o golpe da barriga em um milionário. E agora mostra fraqueza também ao se unir a Félix (Mateus Solano) para livrar sua própria pele de possível investigação da polícia por atos passados. Enquanto sua filha, Valdirene, há muito deixou de ser engraçada para ser uma periguete repetitiva, sem noção e péssimo exemplo como mãe de um bebê.

Nesse rol, tem ainda o furor uterino de Patrícia (Maria Casadevall), a assassina e mal-amada Glauce (Leona Cavalli) que, tal qual Edith, tenta seduzir Félix mesmo sabendo de sua condição de homossexual.  E a gordinha Perséfone (Fabiana Karla), que tinha obsessão por perder a virgindade e só após realizar seu intento resolveu pensar e repensar sua condição de gordinha.

Engrossando a lista de mulheres de caráter duvidoso, inseguras ou sem personalidade definida estão a parasita Gisela (Françoise Forton), a sem orgulho próprioVega (Christiane Tricerri), a pronta a bancar garotões Joana (Bel Kutner), a advogada sem lei própria Silvia (Carol Castro), a submissa que aceita ser chamada de “cadela” pelo patrão Simone (Vera Zimermann), e a alcoólatra Eudóxia (Ângela Rabelo).

Depois desses vinte perfis de personagens femininas totalmente desvirtuadas, sobra apenas a excelente interpretação de Bruna Linzmeyer como a autista Linda. Mas ela merece uma análise à parte.


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