Não é novidade uma novela das seis superar de longe
em qualidade uma trama das nove, com larga folga de vantagem em termos de texto,
figurino, produção e direção de arte. Aconteceu com “Lado a Lado”, exibida ano
passado, e que inclusive foi indicada ao prêmio Emmy de 2012, ao lado de
“Avenida Brasil”. É o que se constata novamente atualmente com “Jóia Rara” e “Amor
à Vida”.
Em termos de teledramaturgia, a história escrita por
Duca Rachid e Thelma Guedes é, no conjunto da obra, superior à de Walcyr
Carrasco. Em “Jóia Rara”, o desejo de vingança de Sílvia, brilhantemente
interpretada por Nathália Dill, não
precisou ficar oculto por muito tempo atrás de um suspense, já que tinha uma
justificativa bem construída, bem elaborada e quase convincente. Até mesmo a
questão do budismo não chega a soar como algo religiosamente apelativo,
servindo para costurar de forma pueril o romance do casal romântico formado por
Bianca Bin e Bruno Gagliasso. E Zé de Abreu e a pequena Mel Maia, contracenando
novamente, dessa vez como avô e neta, em nada lembram Nilo do Lixão e a rebelde
Rita. É um produto com texto meticuloso, direção atenta e caracterização
primorosa.
O mesmo não se pode dizer em relação a “Amor à Vida”
e nem à nova novela das sete, “Além do Horizonte”, de Carlos Gregório e Marcos
Bernstein. A questão aí não é nem apontar como possível falha a ideia dos
autores de apostarem num clima de aventura em um horário tradicionalmente
marcado pelo humor. Até porque, a “ideia” não é tão original assim. “Morde e
Assopra”, de 2011, coincidentemente também de autoria de Walcyr Carrasco, também
ousou no clima de aventura e ação que envolvia até mesmo a presença de
dinossauros em cena. Não fosse Cássia Kiss Magro com sua sofrida Dulce, a
novela continuaria no esquecimento em termos de folhetim, com referências
apenas a cenas com imagens computadorizadas de criaturas pré-históricas e,
felizmente, sem falas.
Em “Além do Horizonte”, imagens da floresta
amazônica não são suficientes para segurar o gênero aventura, já que os
diálogos são pontualmente construídos para tentar combinar com o cenário. Falta
o espírito da floresta encarnar no texto. Ações convincentes inexistem. O
triângulo romântico também não convence. Juliana Paiva deveria ter dado um
tempo pós-“Malhação” antes de voltar à cena com o mesmo visual e drama da
personagem semelhante. Antes ela também era uma jovem que vivia livre, leve e
solta longe dos pais. Thiago Rodrigues é sempre o mesmo em qualquer personagem,
com o mesmo arquear de sobrancelhas na hora do drama e na hora do humor. E o
novato Vinícius Tardio, bom esse nem merece crítica, já que está contracenando
com atores tão iniciantes quanto ele.
E, ainda comparando “Jóia Rara” com as demais
novelas da Globo, apesar de ela também ter passado por seu período de provação inicial, é preciso citar que a nova temporada de “Malhação”, que, além
de há muito não merecer mais levar esse nome e ter vindo com a promessa de
falar sobre os novos e modernos modelos de formação familiar, está completamente
perdida em tramas soltas de adolescentes confusos e adultos igualmente
perdidos.
Mais "Jóia Rara" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/09/joia-rara-novela-mostra-que-uniao-de.html
Mais "Além do Horizonte" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/11/alem-do-horizonte-estreia-de-novela-que.html