Alexandre Nero não deve ter tido muita dificuldade
de passar do truculento motorista Baltazar de “Fina Estampa” para o
inescrupuloso advogado Stênio de “Salve Jorge”. Enquanto o personagem da novela
de Aguinaldo Silva, exibida em 2011, um homem humilde, usava sua falta de
educação e de refino para justificar suas reações de violência física, apesar
do tom de comédia que acontecia paralelamente, o segundo tipo vivido pelo ator
na televisão, criado por Glória Perez na atual novela das nove da Rede Globo,
um letrado, tenta disfarçar sua falta de ética e de moral por trás da imagem do
intelectual vaidoso e forçosamente engraçado. O que é pior? Difícil colocar na
balança. Muito menos nesses pesos e medidas usados pela Justiça, inclusive da
vida real.
Como escrevi em minha
página no Facebook, após assistir às cenas que foram ao ar nessa sexta-feira
(8), envolvendo Stênio, Théo (Rodrigo Lombardi) e Lívia (Claudia Raia), um
advogado sério, de renome e comprometido com a verdade, como deve ser um
profissional dessa alçada, não se submeteria a um jogo sujo sugerido por sua
cliente... A não ser que ele assuma no final da novela não passar de um rábula.
Enfim, o núcleo policial
e judiciário da novela está deixando muito a desejar. Muitas falhas, muitos
furos, muitos erros no todo. Sobra um tom acima, com interpretações exageradas,
olhares provocantes quando deveriam ser desafiadores. Olhares carinhosos quando
deveriam ser inquisidores. Movimentos bruscos quando deveriam ser cautelosos. Movimentos tímidos quando deveriam ser intimidadores...
Vai saber o que rola por trás até da ficção...