Passados três capítulos, “Flor do Caribe”, novela
das 18h da Rede Globo que estreou na segunda-feira (11), ainda não apresentou
um elemento que realmente despertasse aquela curiosidade em saber o que vem
depois. É tudo muito previsível. É o tradicional triângulo amoroso em que um herdeiro
milionário bom vivant tenta roubar a namoradinha nativa do cara certinho, piloto
da aeronáutica. Para completar, esse trio de protagonistas é interpretado por
Henri Castelli (Cassiano), Grazzi Massafera (Ester) e Igor Rickli (Alberto),
atores que baseiam seu potencial muito mais no merchand de exemplos de beleza
para assumirem postos de protagonistas. Dos três, Igor tem aproveitado mais
suas chances de explorar melhor as nuances do seu personagem. Parece mais
preocupado com a interpretação em si do que em mostrar simpatia e beleza para
as câmeras.
Quem vem roubando as cenas mesmo desde o primeiro capítulo
é Sérgio Mamberti. Ator visceral que, com mais de 50 novelas nas costas,
não importa se faz parte do elenco de apoio, participações esporádicas ou fique
apenas circulando no entorno do núcleo principal, sempre faz a diferença. Como
não lembrar o culto e carismático Eugênio, mordomo da família Roitman em “Vale
Tudo”? Na lista tem ainda o corrupto e homossexual senador Freitas na
minissérie “Agosto”, e agora o ator também poderá ser visto no papel do dono de
uma boate em “As Noivas de Copacabana”, minissérie que será reprisada no canal
Viva. Mas, sem dúvida, Mamberti está voltando a ter seu trabalho realmente
valorizado e destacado assumindo a linha de frente de “Flor do Caribe”
interpretando o rico e prepotente empresário Dionísio Albuquerque, vô de Alberto
que guarda um segredo envolvendo o pai de Ester, o judeu Samuel, vivido por
Juca de Oliveira.
O início do primeiro capítulo, mostrando Samuel na
infância, em Amsterdã, Holanda, 1944, vendo seus pais sendo levados para um
campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, com imagens em preto e
branco, foi bonito e instigante. O tema é rico e ainda pode render muito:
pessoas que carregam o trauma da guerra para sempre. Juca, no entanto, apesar
de todo seu talento, parece fadado a carregar para sempre com ele personagens
anteriores. Como vê-lo em cena e não lembrar o Albieri de “O Clone” ou o
Santiago de “Avenida Brasil”? Nada que prejudique seu excelente desempenho. E já
é de se esperar que o ponto alto da história fique por conta do embate entre
Dionísio e Samuel.