quinta-feira, 14 de março de 2013

“Flor do Caribe”: Sérgio Mamberti e Juca de Oliveira dominam novela que traz belas imagens mas é repetitiva ao não inovar no contexto de mais um folhetim praiano



Passados três capítulos, “Flor do Caribe”, novela das 18h da Rede Globo que estreou na segunda-feira (11), ainda não apresentou um elemento que realmente despertasse aquela curiosidade em saber o que vem depois. É tudo muito previsível. É o tradicional triângulo amoroso em que um herdeiro milionário bom vivant tenta roubar a namoradinha nativa do cara certinho, piloto da aeronáutica. Para completar, esse trio de protagonistas é interpretado por Henri Castelli (Cassiano), Grazzi Massafera (Ester) e Igor Rickli (Alberto), atores que baseiam seu potencial muito mais no merchand de exemplos de beleza para assumirem postos de protagonistas. Dos três, Igor tem aproveitado mais suas chances de explorar melhor as nuances do seu personagem. Parece mais preocupado com a interpretação em si do que em mostrar simpatia e beleza para as câmeras.

Quem vem roubando as cenas mesmo desde o primeiro capítulo é Sérgio Mamberti. Ator visceral que, com mais de 50 novelas nas costas, não importa se faz parte do elenco de apoio, participações esporádicas ou fique apenas circulando no entorno do núcleo principal, sempre faz a diferença. Como não lembrar o culto e carismático Eugênio, mordomo da família Roitman em “Vale Tudo”? Na lista tem ainda o corrupto e homossexual senador Freitas na minissérie “Agosto”, e agora o ator também poderá ser visto no papel do dono de uma boate em “As Noivas de Copacabana”, minissérie que será reprisada no canal Viva. Mas, sem dúvida, Mamberti está voltando a ter seu trabalho realmente valorizado e destacado assumindo a linha de frente de “Flor do Caribe” interpretando o rico e prepotente empresário Dionísio Albuquerque, vô de Alberto que guarda um segredo envolvendo o pai de Ester, o judeu Samuel, vivido por Juca de Oliveira.

O início do primeiro capítulo, mostrando Samuel na infância, em Amsterdã, Holanda, 1944, vendo seus pais sendo levados para um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, com imagens em preto e branco, foi bonito e instigante. O tema é rico e ainda pode render muito: pessoas que carregam o trauma da guerra para sempre. Juca, no entanto, apesar de todo seu talento, parece fadado a carregar para sempre com ele personagens anteriores. Como vê-lo em cena e não lembrar o Albieri de “O Clone” ou o Santiago de “Avenida Brasil”? Nada que prejudique seu excelente desempenho. E já é de se esperar que o ponto alto da história fique por conta do embate entre Dionísio e Samuel.

No núcleo jovem, quem se destaca é José Loreto, quase irreconhecível interpretando Candinho. O ator que se revelou como o Darkson de “Avenida Brasil”, domina suas cenas, sempre acompanhado de sua cabra, de uma forma naturalmente divertida e espontânea. No mais, a história de Walter Negrão, com direção de núcleo de Jayme Monjardim, vem sabendo explorar muito os cenários de praias, dunas, bugres, gente dourada, cenários povoados de acessórios de palhas e redes. Mas ainda falta explorar mais as tramas paralelas e não ficar tão presa ao embate entre o mocinho e o bandido, com uma donzela o tempo todo sorrindo entre os dois.