“Flor do Caribe”, novela das seis da Rede Globo, é atual,
mas com um roteiro que parece baseado em uma história digna dos folhetins
escritos nos tempos de Glória Magadan (escritora cubana que foi a mais
importante novelista na TV brasileira nos anos 60). Não convence um amigo mau forjar
a morte do seu camarada de infância bonzinho para ficar com a noiva ingênua e
romântica dele. É o foco central que envolve o triângulo formado Alberto (Igor Rickli),
Cassiano (Henri Castelli) e Ester (Grazzi Massafera). Se Alberto é tão mal
realmente, deveria ter matado de vez Cassiano e não dar o aval de burrice deixando
o outro vivo, apenas preso e encurralado pela máfia caribenha. Claro que o
outro já conseguiu fugir e agora armará sua vingança contra seu rival.
Não basta ser uma “novela solar” - repetindo uma
expressão exaustivamente batida para qualquer história ambientada em praias do
Brasil, do Caribe ou de outros litorais. É preciso também acertar o ritmo e colocar
mais salsa e rumba nas cenas. Está tudo muito previsível. Em tempos em que a mídia antecipa muito do que vai
acontecer nos próximos capítulos, é preciso agilidade, criatividade e jogo de
cintura não só por parte dos autores, mas também dos atores, diretores e todo o
entorno de uma produção. Por enquanto, a trama que realmente deu sinal de trazer
um conteúdo dramático, com elementos inteligentes e surpreendentes é o de Samuel,
mais um personagem marcante de Juca de Oliveira.
Impossível não sentir falta de “Lado a Lado”, uma
novela de época, que se passava no começo do século 20 que vinha recheada
de informações históricas, tramas surpreendentes e situações inovadoras a cada
capítulo. Lá, embora costurada em cima de muitos fatos reais, nada era previsível.
E até o previsível conseguia surpreender.
Diferentemente de “Flor do Caribe”, que tem um
protagonista e um antagonista brigando pela mocinha, na anterior Zé Maria (Lázaro
Ramos) e Edgar (Thiago Fragoso) eram amigos de verdade e dividiam o posto de
mocinhos da história. Gritante também a diferença em relação ao papel principal
feminino. Na novela atual ele é ocupado apenas por Ester, a frágil e desocupada
mocinha. Bem diferente de Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano),
as mulheres sofridas, mas guerreiras que estavam à frente de seu tempo.
Mais "Flor do Caribe" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/03/flor-do-caribe-sergio-mamberti-e-juca.html