terça-feira, 26 de março de 2013

“Flor do Caribe”: Novela atual repete o que foi visto em outros tempos e não preenche lacuna deixada por “Lado a Lado”, que era de época, mas revestida de modernidade


“Flor do Caribe”, novela das seis da Rede Globo, é atual, mas com um roteiro que parece baseado em uma história digna dos folhetins escritos nos tempos de Glória Magadan (escritora cubana que foi a mais importante novelista na TV brasileira nos anos 60). Não convence um amigo mau forjar a morte do seu camarada de infância bonzinho para ficar com a noiva ingênua e romântica dele. É o foco central que envolve o triângulo formado Alberto (Igor Rickli), Cassiano (Henri Castelli) e Ester (Grazzi Massafera). Se Alberto é tão mal realmente, deveria ter matado de vez Cassiano e não dar o aval de burrice deixando o outro vivo, apenas preso e encurralado pela máfia caribenha. Claro que o outro já conseguiu fugir e agora armará sua vingança contra seu rival.

Não basta ser uma “novela solar” - repetindo uma expressão exaustivamente batida para qualquer história ambientada em praias do Brasil, do Caribe ou de outros litorais. É preciso também acertar o ritmo e colocar mais salsa e rumba nas cenas. Está tudo muito previsível. Em tempos em que a mídia antecipa muito do que vai acontecer nos próximos capítulos, é preciso agilidade, criatividade e jogo de cintura não só por parte dos autores, mas também dos atores, diretores e todo o entorno de uma produção. Por enquanto, a trama que realmente deu sinal de trazer um conteúdo dramático, com elementos inteligentes e surpreendentes é o de Samuel, mais um personagem marcante de Juca de Oliveira.

Impossível não sentir falta de “Lado a Lado”, uma novela de época, que se passava no começo do século 20 que vinha recheada de informações históricas, tramas surpreendentes e situações inovadoras a cada capítulo. Lá, embora costurada em cima de muitos fatos reais, nada era previsível. E até o previsível conseguia surpreender.

Diferentemente de “Flor do Caribe”, que tem um protagonista e um antagonista brigando pela mocinha, na anterior Zé Maria (Lázaro Ramos) e Edgar (Thiago Fragoso) eram amigos de verdade e dividiam o posto de mocinhos da história. Gritante também a diferença em relação ao papel principal feminino. Na novela atual ele é ocupado apenas por Ester, a frágil e desocupada mocinha. Bem diferente de Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano), as mulheres sofridas, mas guerreiras que estavam à frente de seu tempo.

Enquanto “Lado a Lado” era uma novela de época revestida de modernidade, “Flor do Caribe” é atual, porém com muito do mesmo do que já vem sendo visto há tempos.



Mais "Flor do Caribe" em:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/03/flor-do-caribe-sergio-mamberti-e-juca.html