Os
capítulos de “Fina Estampa” e “A Vida da Gente” de sábado (18) trouxeram como
ponto alto uma polêmica semelhante: a questão da maternidade e paternidade
biológicas de crianças geradas a partir de inseminação. O assunto deve
esquentar ainda mais essa semana. Em ambos os casos, os personagens que
reivindicam seus direitos recorreram à Justiça. Mas, independentemente da
solução dada pelos autores das duas tramas, é uma situação que divide opiniões
e é bem difícil se chegar a um senso comum. Afinal, cada caso é um caso e
envolve diversos pontos de vista que podem ir desde a parte emocional quanto
material.
Na novela
das 18h, de Lícia Manzo, o vencedor da disputa já é sabido: Lourenço (Leonardo
Medeiros) ganhará a guarda do filho, Tiago (Kaic Crescente). No capítulo de
sábado, na audiência diante do juiz, numa participação especialíssima de Sérgio
Mamberti, as máscaras de Jonas (Paulo Betty) e Cris (Regiane Alves) caíram
graças aos depoimentos de Nanda (Maria Eduarda) e Lorena (Júlia Almeida), que
deixaram clara a falta de atenção do casal com o filho. Depoimentos
corroborados por uma funcionária de um shopping que testemunhou contando que o
menino já havia sido esquecido pelos pais em uma loja.
A questão
de Tiago começou quando Cris, recém-casada com Jonas, não sossegava querendo
ter um filho. Como o advogado era vasectomizado e não poderia realizar seu
desejo, ela decide recorrer à inseminação. Para ter uma criança com o “sangue
da família”, Jonas oferece R$ 2 milhões ao irmão, Lourenço, pelo esperma dele.
Passando por dificuldades financeiras, o escritor e professor desempregado
aceita a oferta. Mas, anos depois, ao saber que o menino não tinha o amor dos
pais, ele se aproxima e decide pedir a guarda como pai biológico. O veredicto
do juiz ficou para essa semana, mas, como a novela está em sua reta final, já é
sabido que Lourenço não só terá seu filho como ainda vai reatar com a
ex-mulher, Celina (Leona Cavalli), que sempre desejou ser mãe e está grávida.
Já em
“Fina Estampa” a questão é mais complexa. Quem está no olho do furacão é
Danielle (Renata Sorrah), a médica responsável por ter usado o esperma do
próprio irmão, morto em um acidente, e o óvulo doado por Beatriz (Monique
Afradique), ex-namorada dele. E, pior, foi obrigada a quebrar o sigilo dos
doadores após sua secretária, Glória (Mônica Carvalho), ter descoberto tudo.
Danielle não só infringiu o código de ética como também provocou uma guerra
entre duas mães: Beatriz, que doou o óvulo sem saber que ele seria fecundado
com o esperma de seu grande amor, com quem sonhava ter um filho, e Esther
(Julia Lemmertz), a mulher que gerou a criança. Depois do escândalo em público
ao ser abordada por repórteres no sábado, Danielle ainda terá seu consultório
todo destruído.
A
diferença entre as duas novelas é que enquanto em “A Vida da Gente” Lourenço
estava consciente de quem receberia a doação de seu esperma, em “Fina Estampa”
este conhecimento não havia da parte de Beatriz. E ao saber que Victoria, a
filha de Esther, havia nascido graças a doações dela e do ex-namorado, a jovem
se achou no direito de reivindicar a menina. Esther, por sua vez, não tinha a
menor noção da procedência das doações usadas em sua fertilização in vitro. Fez
planos, encarou nove meses de gestação e um parto sozinha, já que o marido,
Paulo (Dan Stulbach), contrário à ideia de ter “um filho de outros”, separou-se
dela no começo da gravidez. Agora, com o escândalo, ele voltou a se reaproximar
e até ajudar a cuidar da bebê. Mas a questão parece que também só será resolvida
nos tribunais.
A exemplo
do que aconteceu em “Barriga de Aluguel”, quem sabe o autor Aguinaldo Silva
também não resolva fazer uma maternidade compartilhada entre Esther e Beatriz?
Na novela
de Glória Perez, exibida em 1990, as personagens de Cássia Kiss e Claudia Abreu
encerraram o último capítulo passeando juntas com a filha, gerada pela segunda
com o esperma do marido da primeira. O desfecho emocionou a todos.