sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

“As Brasileiras”: Não basta ter bom elenco se o texto for fraco, chato e arrastado



No episódio de estreia da série “As Brasileiras”, nessa quinta-feira (02), Juliana Paes parece ter feito uma espécie de laboratório para protagonizar o remake de “Gabriela”. No papel de Janaína no episódio “A Justiceira de Olinda”, uma jovem morena formosa, ela encarnou uma nordestina tão fogosa quanto a personagem que ela fará na nova versão da novela inspirada na obra de Jorge Amado. No papel que lhe coube na série, Juliana se saiu bem. Mas não há como não perceber que a atriz não tem mais o ar brejeiro de uma Gabriela.

Janaína é uma pernambucana que todo dia acorda cheia de amor para dar a Anderson, interpretado por Marcos Palmeira. E ela chega ao extremo ao capar o marido para se vingar da suposta traição dele com sua amiga Valquíria (Leona Cavalli). Só depois do fato consumado, percebe que cometeu um erro.

Uma co-produção da Rede Globo com a Lereby Produções, do diretor Daniel Filho, a série que será exibida nas noites de quintas-feiras terá 22 episódios e foi viabilizada graças ao sucesso de “As Cariocas”, exibida em 2010 e inspirada na obra de Sérgio Porto, escritor e jornalista carioca considerado um mito para a geração dos anos 60, por seu humor inteligente e que usava como codinome Stanislaw Ponte Preta.

Se em “As Cariocas” foram mostrados diferentes tipos de mulheres existentes em cada bairro do Rio de Janeiro, agora é a vez de revelar peculiaridades do perfil feminino em cada estado. A abertura de “As Brasileiras” repete a música e a performance das protagonistas da série desfilando com ares insinuantes, tal qual fizeram as de “As Cariocas”. Até aí tudo bem. O que funciona merece repeteco.

O mesmo não se pode dizer do texto. “A Justiceira de Olinda” pecou pelo próprio nome. Se ela não foi traída, por que chamá-la de justiceira? A história foi chata e, mesmo tentando adotar um ar hitchcockiano com o marido sendo capado no box do banheiro durante o banho, não deixou de ser boba e sem o humor inteligente a que se propunha.

Continua sendo interessante o recurso da narração, na voz de Daniel Filho, mesmo não tendo sido novidade nem em “As Cariocas”, pois antes disso também foi usado em “A Vida Como Ela É”, quadro inspirado nos textos de Nelson Rodrigues apresentado dentro do “Fantástico”, em 1996, tendo como narrador o ator José Wilker. É bem aproveitado até por Miguel Falabella na novela “Aquele Beijo”. Não é novidade, mas funciona como se fosse.


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