segunda-feira, 28 de maio de 2012

“Saturday Night Live”: O humor sarcástico de Rafael Bastos em seu novo programa na Rede TV! não conquista o grande público e atinge menos de um ponto de audiência


Rafael Bastos repetiu em várias entrevistas antes da estreia do seu “Saturday Night Live”, que aconteceu nesse domingo (27) na Rede TV!, que não estava preocupado com audiência nem com o fato de o programa representar sua volta à TV após a demissão da Band, mas sim em apresentar um produto diferente. Diferente? Se ele realmente queria fazer a diferença, por que não criou um projeto novo ao invés de copiar o formato de um humorístico americano criado há 37 anos pelo canal NBC e exibido no Brasil pelo Sony, nas noites de sábado (é claro!)?  Será que o grande diferencial é um programa que se chama “Saturday” ser exibido agora aqui em canal aberto em um...  Domingo?  O apresentador-comediante até tentou fazer gracinha dizendo que o programa não vai ao ar aos sábados para não concorrer com o “Zorra Total”, da Globo. Pelo jeito a ideia estapafúrdia não deu certo, pois, concorrendo com o “Fantástico” e com o “Pânico”, agora ba Band, amargou índices pífios de audiência, com variações entre 0.3 a 0.9 no Ibope.

A atração já começou tentando criar polêmica em sua abertura, com uma sátira ao depoimento que Xuxa Meneghel deu ao “Fantástico”, na semana anterior, no quadro “O Que Vi Da Vida”. Em um dos depoimentos, a imitadora da apresentadora diz ter orgulho de ter sido a primeira Maria Chuteira da história: “Queria pegar o Garrincha, mas ele era mais velho. Então, peguei o Pelé.” Para evitar motivo para encarar seu primeiro processo, não foi feita qualquer alusão à revelação de Xuxa de ter sofrido abuso na infância. 

Não faltaram alfinetadas à Globo, assim como também sobrou para a Rede TV!. “Estou aqui. Prova de que não é preciso dar para os donos da emissora. Só dei para o diretor comercial”, afirmou Rafinha, com aquela sua tradicional entonação de quem leva muito a sério a própria piada. E na comparação com o “Saturday Night Live” americano, o comediante debochou: “Lá é em Nova York. Aqui é em Osasco”. E antes de chamar a cantora Marina como atração musical, fez outro deboche pela falta de outros convidados famosos: “No programa americano, esta semana foi o Mick Jagger. Aqui, até o Frank Aguiar recusou”.

O grande problema da noite foram os quadros de humor gravados pelos atores do elenco do programa, formado por Marcela Leal, Renata Gaspar, Anderson Bizzocchi, Carla Candiotto, Carol Zoccoli, Cláudio Carneiro, Fernando Muylaert, Marco Gonçalves e Rudy Landucci. Mal produzidos, com problemas de iluminação e áudio e quase nenhum naturalidade nas interpretações. Para piorar, foram totalmente dispensáveis cenas escatológicas, como a de duas mulheres cobertas de sangue e espirrando leite pelos mamilos. Em outro, um homem só descobre que está se casando com outro homem depois de lambê-lo. Não tiveram a menor graça. O menos agressivo e com um pouco de humor foi o quadro “Domingo Show”, programa em que artistas que nunca quiseram ir quando faziam sucesso, agora que estão em baixa e precisam de divulgação resolvem se oferecer para participar.

Após a estreia, Rafinha admitiu, indiretamente, que o programa ainda precisa de muitos ajustes: “Temos muito o que aprender, mas estamos muito felizes com o primeiro SNL”, escreveu ele no Twitter. Com patrocinadores de peso - Skol, Guaraná Antarctica, Nestlé, Sadia, Sedex e Suzuki Motos – o que não faltará é verba para custear as despesas. Mas é preciso saber administrar não apenas as finanças como também a qualidade do produto oferecido. Só espero que entre as mudanças que serão feitas não esteja a ideia de colocar claquetes, como no “Saturday Night Live” original. Aquelas risadas gravadas de fundo são o que há de pior na versão americana.