Zeca Camargo foi uma
escolha acertada do canal Viva para apresentar o primeiro “Reviva Especial”, de
uma série de cinco edições, voltado para a música na TV, que foi ao ar na
segunda-feira (21). Além de apaixonado pelo tema, o jornalista tem a
descontração necessária para um bate-papo informal com os convidados Nelson
Motta, Fernanda Abreu, Mu Chebabi e Léo Jaime. O mote foi fazer um mergulho na
evolução da música na televisão, desde quando Lolita Rodrigues cantou o hino da
TV na inauguração da Tupi. As imagens tiradas do fundo do baú e as histórias
buscadas lá no túnel do tempo saciaram aos nostálgicos e foram uma aula para os
que não viveram aquela época dos grandes festivais, criação das primeiras
trilhas sonoras de novelas e surgimento dos videoclipes.
Nelson Motta, que
produziu as primeiras seis trilhas sonoras de novelas, lembrou a importância
dos musicais, que, no começo da televisão, ocupavam horário nobre. “Eram a
novela da época. As pessoas comentavam nas ruas sobre eles”. Fernanda Abreu
ressaltou a importância estética da linguagem dos clipes. Mu Chebabi falou
sobre as trilhas sonoras, destacando a da novela “Irmãos Coragem”, de 1970. E
Nelson aproveitou a deixa para dizer que foi a primeira vez que Elis Regina e
Tim Maia tiveram músicas numa telenovela. “O Tim Maia tinha uma música escrita
para o Padre Cícero e precisávamos de uma música para o João Coragem
(personagem de Tarcísio Meira). Ele topou e na hora mudou a letra, onde era o
nome do Padre virou o do João”, contou o produtor, dando risadas. Léo Jaime,
por sua vez, salientou como os festivais tiveram importância política na TV.
Deixando o saudosismo de
lado, o programa debateu um fato comprovado pelo sucesso que a reprise do
“Globo de Ouro” no mesmo canal vem fazendo: existe, sim, audiência para
programas feitos exclusivamente para apresentação de atores consagrados. Além
dos convidados em estúdio, depoimentos gravados por outros artistas
intercalavam o bate-papo. Hebe Camargo foi uma a cobrar que a TV está devendo espaço
para os cantores, já que antigamente os musicais tinham mais presença nas
emissoras. Boni, por sua vez, considerou que houve um excesso de exposição
desses artistas nos horários nobres.
Apesar da opinião do
ex-vice-presidente de operações da Globo, os convidados do “Reviva Especial
Música” foram unânimes em defender que há público, sim, para programas do
gênero, desde que sejam feitos em cima de boas ideias, adaptando para os tempos
atuais. Já Roberto Talma, que dirigiu o “Especial Chico e Caetano”, em 1989,
reunindo Chico Buarque e Caetano Veloso e convidados, deu uma alfinetada ao
falar sobre a possibilidade de se voltar a produzir musicais: “Esse tipo de
invenção só com gente muito inteligente. Não sei quantos inteligentes há hoje
na música popular brasileira. Com o maior respeito que eu tenho por todos”,
afirmou o diretor. De volta ao estúdio, Zeca Camargo botou panos quentes e não
incluiu a questão “inteligência na MPB” na discussão.
Em um cenário simples,
com os quatro convidados sentados de frente para o apresentador, ficou legal o
clima de bastidores mostrando o pessoal da equipe do programa, no fundo do
estúdio, o cameraman em movimento, holofotes e até o teleprompter com o texto
dito por Zeca na hora de chamar os VTs.
Esse foi o primeiro de
cinco edições especiais “Reviva”, única atração produzida pelo Viva, que
tradicionalmente só exibe reprises, e serão apresentadas sempre às
segundas-feiras. O projeto faz parte das comemorações pelos dois anos do canal.
O próximo, “Reviva Especial Programas de Variedades”, será apresentado por
Marília Gabriela. Glória Maria comandará duas outras edições, uma sobre novelas
e outra sobre seriados e minisséries. E Zeca Camargo voltará no quinto e
último, falando sobre o humor na televisão.