Mais uma vez a falta de profissionalismo foi uma das
características mais marcante do “MasterChef profissionais”, da Band, que
chegou a seu quarto episódio na terça-feira (26). Depois da saída de Berta por
sua falta de familiaridade em preparar feijão, e de William, que cometeu o erro
crasso de apresentar no prato um camarão sujo, dessa vez foi a vez de Guilherme
ser eliminado após servir bife de fígado cru, simplesmente porque “é o ponto
que ele gosta de comer”. Ora, onde foi parar toda aquela experiência que a
maioria dos participantes exalta ter adquirido em restaurantes estrelados e
escolas renomadas, todos conhecidos internacionalmente? Não é o que se tem
visto no ar, pelo contrário, os sinais de amadorismo só se agravam a cada
semana. Como pode Clécio, o mineiro que força no sotaque e na bajulação dos
jurados, dizer que nunca mexeu com uma panela de pressão? A mesma revelação
repercutiu nas redes sociais quando foi feita no programa por Deborah Werneck,
uma das finalistas do último “MasterChef Brasil”. E olha que se tratava de uma cozinheira
amadora.
Fora o despreparo dos profissionais, o que realmente
tem movimentado a web são as discussões provocadas pelo fato de animais estarem
sendo usados de forma um tanto apelativa no programa. Primeiro foram carcaças
de leitões penduradas em ganchos de açougue, agora foi uma vaca que adentrou o
estúdio puxada por seu criador. A encenação fazia parte da Prova de Eliminação
em que mais uma vez repetiram um leilão de cortes, já realizado em
outra temporada, cuja moeda de lance dos participantes era o desconto no tempo
de cozimento. E Paola Carosella aproveitou para se posicionar quem critica o
consumo de carne. “Quando a gente cozinha
frango, o impacto não é tão grande. Mas quando a gente tem do lado um bicho
desses, de 800 quilos, com essa carinha, esses olhos, a gente se horroriza.
Quem está em casa começa a falar mal e, enquanto isso come a pizza com uma fatia
de linguiça ou tem um sapatinho de couro”, ironizou a chef argentina. “Sim, eu
me considero uma pessoa cruel, eu como carne. Mas assumo a minha
responsabilidade. A segunda responsabilidade é estar ciente da carne que come,
pesquisar quem está por trás do bicho e como esse bicho foi criado. A terceira
é tomar cuidado ao cozinhar. Temos de saber aproveitar o boi, do rabo ao nariz,
e respeitar muito bem cada pequenininho pedaço de carne que ele nos dá”,
afirmou a jurada. E concluiu: “É difícil, mas é a realidade, não vamos ser
hipócritas!”. Enquanto os dois outros jurados, Érick Jacquin e Henrique
Fogaça, igualmente carnívoros, permaneceram calados.
É uma questão a ser analisada com cuidado, pois a razão não está cem por cento de nenhum lado. Primeiro porque se trata de uma competição de culinária que não tem em seu formato qualquer comprometimento em atender quem segue um ou outro tipo de dieta. Segundo porque não é feita para fazer apologia se o melhor para o ser humano é ser carnívoro, herbívoro ou onívoro. O que interessa para o público é ver quem se porta melhor em uma cozinha e, por dedução, torcer por quem cozinha melhor. Agora, cabe ao programa também respeitar alguns limites e não forçar tanto a barra ao expor semanalmente animais como está fazendo apenas para tentar conquistar audiência criando polêmica. Não se combate uma hipocrisia com outra.
Mais sobre "MasterChef Profissionais" em:
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