quarta-feira, 25 de setembro de 2013

“Dona Xepa”: Novela chega ao fim sem grande repercussão, mas como um exercício de coragem ao refazer um produto conceituado na teledramaturgia brasileira


Ângela Leal pode não ter sobrepujado a marcante interpretação que Yara Cortes deu à personagem-título de “Dona Xepa”, em 1977, na Rede Globo, mas, com certeza, superou-se ao chamar para si o domínio sobre o perfil de uma protagonista que reina soberana sobre a história. A atriz veterana não desapontou nas cenas que variavam da extrema alegria à extrema tristeza, passando de um sentimento ao outro com uma naturalidade que parecia ser fácil até para os menos experientes. Mas os mais experientes sabem que não é assim. É preciso, sim, versatilidade, dedicação e seriedade no desempenho da profissão.

Assim como na primeira versão televisiva escrita por Gilberto Braga e dirigida por Herval Rossano, o remake escrito por Gustavo Reiz, com direção geral de Ivan Zettel, também foi uma adaptação da peça teatral homônima criada por Pedro Bloch. Sem mudar a essência da história, foi feito um bom trabalho de reconstituição do trabalho de feirantes, que não mudou tanto assim nos últimos trinta anos. Assim como não mudou o suficiente como deveria o preconceito existente tanto lá quanto cá.

No geral, a direção de arte nos cenários internos e os figurinos deixaram a desejar. Já do elenco pode-se destacar também, é claro, mais uma vez Bemvindo Sequeira se encarregando de não deixar mais um personagem passar em branco. Ele sempre faz isso, seja interpretando vilões ou bonzinhos. Thaís Fersoza, com sua característica carinha de mocinha da história, também se saiu bem no papel da filha ingrata, ambiciosa e alpinista.

A “Dona Xepa” da Record pode não ter incomodado a concorrência em termos de audiência, mas foi um bom exercício de coragem ao refazer três décadas depois um produto conceituado na teledramaturgia brasileira.



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