terça-feira, 3 de janeiro de 2012

“Mulheres Ricas”: Em reality bizarro e participantes improváveis, a máxima mais uma vez prevalece: ‘Mais é menos...’

“Mulheres Pobres” seria um título bem mais apropriado a esse programa que estreou na Band nessa segunda-feira (02) sob o título de “Mulheres Ricas” e com a pseudo definição de “reality show em formato documental”. Dentre as protagonistas estão as socialites Lydia Sayeg, Val Marchiori, Brunete Fraccaroli, Narcisa Tamborindeguy e Débora Rodrigues. Na verdade, trata-se apenas de um festival de futilidades que não traz nem um mínimo de graça para ser enquadrada como atração de entretenimento. Feita em parceria com a Eyewords-Cuatro Cabezas, a mesma produtora argentina que detém o formato do “CQC”, a série tem um “quê” de brega, por mais que tente parecer chique. E as socialites são de um mau gosto à toda prova.

Assim como a carioca Narcisa Tamborindeguy continua explorando o seu bordão “Ai, que loucura. Ai, que absurdo”, as outras participantes também quiseram se sobressair com frases de efeito. Um pouco mais "esperta", focando em seu próprio lucro, a joalheira paulista Lydia Sayeg tem como lema “Rico tem a obrigação de gastar”. Não é o caso da mais nova emergente da sociedade paulistana Val Marchiori, que apela para a vaidade sustentada pela cor dos cabelos: “Hello! Sou linda, loura e rica. Adoro!”. Nem o da paulistana Brunete Fraccaroli, que se diz arquiteta, mas tem uma definição pouco edificante para si mesma: “Sou uma Barbie de verdade!”. Já Débora Rodrigues, a ex-sem-terra que posou nua para uma revista masculina, casou-se com um milionário e hoje é piloto de Fórmula Truck, não tem frase que convença sua presença nesse tipo de programa.

Val, que se diz apresentadora de TV só porque faz algumas aparições no programa “Amaury Jr”, foi a que ganhou mais espaço. Seu dia começa “cedo” no banho de espuma na banheira e pula imediatamente para as compras da tarde. Percorre lojas de grife como Louis Vitton, Channel, sempre de olho no jabá: “Vamos em outra loja que aquela ali nem champanhe boa serve”, disse ela ao seu assistente. Resta saber se essas grifes liberaram o uso de suas imagens.

Narcisa, que se auto-proclama “The face of Rio”, diz ter berço, mas revela pouco domínio da língua portuguesa: “Minha família é de origem muito boa, muita rAfinada”. E parece ter incorporado a Baby do Brasil, pois achou um novo grito de guerra: “Rá, Rá Rá”, repete ela com vigor. Bom, pelo menos Narcisa bebe do próprio champanhe, diferentemente da Val, que bebe muito mais na fonte alheia. E ainda simula um telefonema para o marido enquanto “compra” um novo avião sem escalas para Paris. Faltou citar o nome do tal marido, que não apareceu em momento algum. Como diria Luciana Gimenez (para manter o nível, ou a falta de...): “Abafa”.

Lydia é uma empresária do ramo de jóias que tenta mostrar uma extravagância familiar: apresenta o marido, a filha, as assistentes domésticas, os seguranças da loja onde trabalha. Mas tem um gosto extremamente duvidoso ao ir às compras com a filha e escolher figurinos de péssimo gosto, como uma malha que a transforma quase em um Capitão América. Se estivesse na 25 de Março e se tivesse uma boa dose de bom gosto, talvez saísse de lá um pouco mais chique.

Brunete é aquela que nasceu nos Jardins, área nobre paulistana, e só por isso já se acha fina. Conta ela que produziu uma réplica da Barbie com sua figura para se vingar de uma repórter e acha que isso basta para torná-la famosa. E simplifica o conceito de riqueza: “Luxo para mim é atravessar a rua e ir trabalhar no meu escritório com minha cachorrinha”. A cachorrinha, no caso, é um maltês que, como sua dona, só toma água Perrier.

Já Débora é a mais deslocada de todas. Não tem nada de emergente, nada de socialite. Parece ter aceitado participar do programa apenas para divulgar a equipe de pilotos da Fórmula Truck de seu marido. Estaria melhor participando de um “Troca de Esposas”. O único quesito no qual ela se identifica com as outras é o mau gosto. Quando até Brunete critica o azul turquesa da fachada da casa da caminhoneira que a Band classifica como socialite, é porque alguma coisa vai mal na “tal” sociedade, né?

Enfim, são mulheres de riquezas duvidosas, com seu egos movidos a champanhe, opiniões patéticas sobre o tudo, e vivendo num mundo criado em suas mentes apenas para elas mesmas... Ricas? Em quê?