sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

“Fina Estampa”: Em quase 60 anos de carreira, Eva Wilma continua roubando cenas com a mesma descontração do “Alô Doçura!”


Quando Eva Wilma apareceu em “Fina Estampa” como Tia Íris, mais de um mês após a novela de Aguinaldo Silva entrar no ar na Globo, em agosto do ano passado, pensei logo que a atriz estava apenas revivendo mais uma de suas personagens antigas, a Altiva da novela “A Indomada”, do mesmo autor, exibida em 1997, e na qual uma de suas marca registrada era misturar português com inglês. Mas, passados quase cinco meses de sua estreia, a atriz finalmente ganhou do autor seu momento de glória, totalmente à altura de seu talento, no capítulo dessa quinta-feira (11).

Em um texto em que ela dominou a cena em praticamente um monólogo de cerca de quase quatro minutos, Eva parecia querer exorcizar toda a maldade daquela mulher, supostamente tia de Tereza Cristina (Christiane Torloni), a vilã mor da história, até então comendo pelas bordas de um prato no qual sempre foi a primeira a degustar, mas com uma classe e soberania que só cabe aos grandes artistas.

Em seu desespero ao perceber que nenhum de seus golpes daria mais certo, ela se descontrola e desabafa com Alice (Thaís de Campos), sua companheira cuja relação homossexual fica apenas subentendida, e nem é o mais importante no caso. Com frases realmente tocantes, resumindo, ela diz: “Minha vida é uma comédia de erros. Nunca consegui criar vínculos afetivos com ninguém, exceto esse... essa nossa amizade. Sempre quis ganhar dinheiro com facilidade e não consegui garantir nem o básico para nossas vidas. Até como chantagista eu fracassei. No que eu me tornei? Uma idosa. Uma velha repulsiva, um arremedo de sofisticação, uma ironia de arrogância. Eu sou uma piada de mim mesma”, concluiu ela, aos prantos.

Tia Íris é aquela que conhece o segredo de Tereza Cristina e faz uso disso para tirar dinheiro da sobrinha. Que, na verdade, segundo a própria Íris deixou subentendido em outro capítulo: "Pensa ser sobrinha". Um grande texto de Aguinaldo Silva, uma magistral interpretação de Eva Wilma. Uma atriz prestes a completar 60 anos de carreira mantendo sempre o mesmo nível de qualidade em seu trabalho merece toda e total admiração sempre.

A citação do "Alô, Doçura" no título, a quem não sabe, refere-se ao primeiro trabalho de Eva Wilma na televisão, em uma série exibida de 1953 a 1964 pela TV Tupi, criada e dirigida por Cassiano Gabus Mendes. Mais informações sobre a carreira da atriz estão em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eva_Wilma
 Vale a pena pesquisar e se inspirar...

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