Mas é preciso, sim, perceber e entender que “Brado
Retumbante” não contou a história real de um presidente da República Federativa
do Brasil. É uma obra de ficção livremente inspirada em fatos da vida real. E
contar em apenas oito capítulos tantos fatos não é fácil. É preciso uma
linguagem ágil, não só no roteiro quanto também na direção, fotografia,
iluminação. Tivesse o autor Euclydes Marinho 180 capítulos para contar essa
história em uma novela, talvez fosse melhor entendido. Ou não. Pois, nesse
caso, sua história também poderia ser considerada enfadonha e arrastada.
De qualquer forma, não há muito o que se colocar em
dúvida. Ou nunca vivemos uma situação em que após o presidente morrer o cargo
não foi ocupado pelo vice? Nunca tivemos um presidente pai de uma filha
tresloucada? E desde quando honestidade tem a ver com fidelidade? Acho que
tivemos muito mais situações inspiradoras para histórias de folhetim do que foi
mostrado. Nesse caso, talvez não tenha sido divulgado o caso de um filho
transexual; mas de um filho capaz de cometer atos irregulares e graves, isso
tivemos e ficou conhecido... Mas aí, vai da observação de cada um.
De qualquer forma, continuo achando muito boas as
atuações de vários atores, como expus na minha primeira crítica... “Brado
Retumbante”: Minissérie sobre presidente acidental tem referência. E
aproveito para destacar também Murilo Armacollo, no papel do transexual
Julio/Julie, filho do presidente. Em poucas cenas ele marcou presença. E mais
ainda, destacar a brilhante participação de Hugo Carvana no papel de um
ex-presidente. “A velhice é uma merda. Ainda mais quando não tem do que se
orgulhar”, diz ele, debochadamente.
Espero que nas poucas palavras que encerraram o
discurso do candidato a presidente da ficção tenha ficado algum toque para os
eleitores da vida real... Aí, cada um faz sua leitura e sua escolha...