sábado, 28 de janeiro de 2012

“Brado Retumbante”: Excelente história política de Euclydes Marinho revela Domingos Montagner como um ator competente, talentoso e seguro no ofício

Domingos Montagner, o presidente acidental de “Brado Retumbante”, começou e encerrou a minissérie dividindo opiniões. O personagem que abriu a minissérie da Globo, mostrando-se um político honesto, mas, ao mesmo tempo um mulherengo, sedutor e entregue à bebida nos momentos de depressão, fez sua cena derradeira no capítulo final dessa sexta-feira (27), fazendo o discurso de um candidato não perfeito, mas correto e verdadeiro em suas posições. Ficou a dica. Afinal, é quase impossível não comparar a ficção à vida real.

Mas é preciso, sim, perceber e entender que “Brado Retumbante” não contou a história real de um presidente da República Federativa do Brasil. É uma obra de ficção livremente inspirada em fatos da vida real. E contar em apenas oito capítulos tantos fatos não é fácil. É preciso uma linguagem ágil, não só no roteiro quanto também na direção, fotografia, iluminação. Tivesse o autor Euclydes Marinho 180 capítulos para contar essa história em uma novela, talvez fosse melhor entendido. Ou não. Pois, nesse caso, sua história também poderia ser considerada enfadonha e arrastada.

De qualquer forma, não há muito o que se colocar em dúvida. Ou nunca vivemos uma situação em que após o presidente morrer o cargo não foi ocupado pelo vice? Nunca tivemos um presidente pai de uma filha tresloucada? E desde quando honestidade tem a ver com fidelidade? Acho que tivemos muito mais situações inspiradoras para histórias de folhetim do que foi mostrado. Nesse caso, talvez não tenha sido divulgado o caso de um filho transexual; mas de um filho capaz de cometer atos irregulares e graves, isso tivemos e ficou conhecido... Mas aí, vai da observação de cada um.

De qualquer forma, continuo achando muito boas as atuações de vários atores, como expus na minha primeira crítica... “Brado Retumbante”: Minissérie sobre presidente acidental tem referência. E aproveito para destacar também Murilo Armacollo, no papel do transexual Julio/Julie, filho do presidente. Em poucas cenas ele marcou presença. E mais ainda, destacar a brilhante participação de Hugo Carvana no papel de um ex-presidente. “A velhice é uma merda. Ainda mais quando não tem do que se orgulhar”, diz ele, debochadamente.

Espero que nas poucas palavras que encerraram o discurso do candidato a presidente da ficção tenha ficado algum toque para os eleitores da vida real... Aí, cada um faz sua leitura e sua escolha...