terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Mulheres Ricas": Emissora que sempre se auto-intitulou como o canal do esporte se rende à futilidade em busca de audiência


Val Malchiori pode ter alavancado a audiência da Band através de suas declarações estapafúrdias no pseudo reality show “Mulheres Ricas”. E, em função disso, ela vem conquistando mais espaços no programa da Band, exibido nas noites de segunda-feira. Estranho é a emissora paulista, que alardeia ser o canal do esporte, ter entrado na concorrência de uma forma tão esdrúxula.

Essa mulher, que não merece nem ser citado o nome, caberia perfeitamente como personagem do “Programa do Ratinho”, do SBT, num destes testes de DNA, para provar que o tal marido que ela finge falar ao telefone realmente é seu marido. Ou talvez no “Casos de Família”, da Christina Rocha, como a amante abandonada que insiste em se considerar esposa.

De todas, sem dúvida, a única realmente rica é Lydia, joalheira e empresária, herdeira que comanda a tradicional joalheria Casa Leão. Ela é a mais autêntica em suas fantasias e fetiches com o marido. Faz aulas de tiros e preocupa-se com sua segurança porque sabe que, definitivamente, tem motivos para ser  sequestrada. “Luxo é sensação, não é ostentação”, define ela, de forma definitiva.

Brunette é a doidivana que vai à sexy shop fingindo ingenuidade. “Quero uma camisolinha básica”, diz ela na loja de produtos para estimular e incentivar a libido. Completando logo em seguida: “Tem fantasia de odalisca?”. Já Narcisa Tamborindeguy rebate a Val ao mostrar que realmente tem relacionamentos de luxo, enquanto Débora Robrigues dá o troco ao provar que seu berço, embora também tenha sido humilde, foi bem melhor talhado do que o da outra.

Enfim, a Band, o canal do esporte, agora também é mais um canal de futilidades.


.

sábado, 28 de janeiro de 2012

“Brado Retumbante”: Excelente história política de Euclydes Marinho revela Domingos Montagner como um ator competente, talentoso e seguro no ofício

Domingos Montagner, o presidente acidental de “Brado Retumbante”, começou e encerrou a minissérie dividindo opiniões. O personagem que abriu a minissérie da Globo, mostrando-se um político honesto, mas, ao mesmo tempo um mulherengo, sedutor e entregue à bebida nos momentos de depressão, fez sua cena derradeira no capítulo final dessa sexta-feira (27), fazendo o discurso de um candidato não perfeito, mas correto e verdadeiro em suas posições. Ficou a dica. Afinal, é quase impossível não comparar a ficção à vida real.

Mas é preciso, sim, perceber e entender que “Brado Retumbante” não contou a história real de um presidente da República Federativa do Brasil. É uma obra de ficção livremente inspirada em fatos da vida real. E contar em apenas oito capítulos tantos fatos não é fácil. É preciso uma linguagem ágil, não só no roteiro quanto também na direção, fotografia, iluminação. Tivesse o autor Euclydes Marinho 180 capítulos para contar essa história em uma novela, talvez fosse melhor entendido. Ou não. Pois, nesse caso, sua história também poderia ser considerada enfadonha e arrastada.

De qualquer forma, não há muito o que se colocar em dúvida. Ou nunca vivemos uma situação em que após o presidente morrer o cargo não foi ocupado pelo vice? Nunca tivemos um presidente pai de uma filha tresloucada? E desde quando honestidade tem a ver com fidelidade? Acho que tivemos muito mais situações inspiradoras para histórias de folhetim do que foi mostrado. Nesse caso, talvez não tenha sido divulgado o caso de um filho transexual; mas de um filho capaz de cometer atos irregulares e graves, isso tivemos e ficou conhecido... Mas aí, vai da observação de cada um.

De qualquer forma, continuo achando muito boas as atuações de vários atores, como expus na minha primeira crítica... “Brado Retumbante”: Minissérie sobre presidente acidental tem referência. E aproveito para destacar também Murilo Armacollo, no papel do transexual Julio/Julie, filho do presidente. Em poucas cenas ele marcou presença. E mais ainda, destacar a brilhante participação de Hugo Carvana no papel de um ex-presidente. “A velhice é uma merda. Ainda mais quando não tem do que se orgulhar”, diz ele, debochadamente.

Espero que nas poucas palavras que encerraram o discurso do candidato a presidente da ficção tenha ficado algum toque para os eleitores da vida real... Aí, cada um faz sua leitura e sua escolha...


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

“Aquele Beijo”: Obsessão de Íntima e submissão de Belezinha podem ser um alerta para o exagero das Mães de Misses


Miguel Falabella e Maria Carmen Barbosa podem até ser considerados por alguns como responsáveis de carregarem demais nas tintas ao mostrarem o drama de Belezinha, a jovem vivida por Bruna Marquezine que sofre nas mãos de uma autêntica “mãe de miss”, Íntima, belamente (sem trocadilho) interpretada por Elisângela em “Aquele Beijo”, novela das sete da Globo. As últimas cenas de Belezinha, grávida, expulsa de casa pela mãe, e casada contra a vontade com Agenor (Fiuk), que de grande amor tornou-se grande decepção, pode ser visto como um alerta para que muitas mães de misses e muitas aspirantes a miss percebam que não basta estudar os manuais de etiqueta e boas maneiras, é preciso aprender também a ler nas entrelinhas do que a vida nos ensina na prática do dia-a-dia. 

Por mais que se fale em tempos modernos de tecnologia avançada e jovens cada vez mais antenados na internet, a verdade é que ainda há, sim, muitas meninas espalhadas por todo o país sonhando em um dia receberem uma faixa de Miss. A maioria, incentivada por suas mães, que transferem seus próprios sonhos para as filhas e passam a querer através delas realizar a vida de glamour que não tiveram.  

A novela mostra bem isso. Íntima se orgulha de Belezinha ter sido eleita a bebê mais bonita do berçário, em votação feita entre médicos e enfermeiras. E alimenta na jovem essa necessidade de vencer concursos de beleza. Filha única, a menina se deixa levar pela ideia de um mundo de sonhos e não se prepara para a realidade. Ingênua, bebe demais em uma festa e acaba perdendo a virgindade com Agenor, que ela sonhava ser seu grande amor, mas que não passa de outro jovem desorientado e sem uma família que lhe transmitisse princípios éticos. O resultado é uma gravidez indesejada. Um casamento indesejado. A mudança para a casa dos sogros que a espezinham. Uma total falta de expectativa. E ainda terá que enfrentar pela frente a dor da perda do primeiro filho. Mesmo não tendo desejado o bebê, ela se sentirá ainda mais desamparada ao ter que enfrentar sozinha essa perda, mais uma experiência dolorida demais para qualquer mulher, em qualquer idade.

Não bastasse a mãe, Belezinha tem como pai Bob Falcão, papel de Sandro Christopher, outro lunático que vivia de fazer shows como cover de Elvis Presley. Ele até é um pai amoroso, amigo da filha, mas sem iniciativa. Separou-se de Íntima, por decisão dela, foi trabalhar com o genro, mas não foi capaz de qualquer atitude que amenizasse o sofrimento da filha. Mas, quem há de duvidar que este não seja o perfil da maioria dos maridos de “Mães de Misses”? 

Para quem acha Íntima exagerada na ficção, talvez não lembre, ou não saiba, daquela mãe nos Estados Unidos que, ano passado, perdeu a guarda da filha por ter declarado num programa de televisão que fazia aplicações de Botox na menina de apenas 8 anos. Sua justificativa era de evitar rugas na pequena, para que ela participasse de concursos de beleza infantis. E isso aconteceu na vida real.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

“Rei Davi”: Record acerta ao apostar de novo em uma superprodução para contar de forma didática a história de um rei hebraico


Que a Rede Record vem se aperfeiçoando na produção de minisséries bíblicas, isso não há o que se discutir desde que a emissora produziu “A História de Ester” e “Sansão e Dalila”. O investimento de cerca de um milhão de reais feitos em cada um dos 29 capítulos de “Rei Davi”, que estreou nessa terça-feira (24), se fez notar em cenas muito bem realizadas e editadas de embates com centenas de figurantes, na produção de arte pesquisada em detalhes, na bem tratada fotografia e na produção de arte pontuada por um trabalho cuidadoso e pesquisado de figurino e maquiagem.

“Rei Davi” conta em 29 capítulos a vida do rei hebraico, um dos personagens bíblicos mais conhecidos da história. Davi foi o pastor de ovelhas que, enfrentando suas paixões e erros, também derrotou o gigante Golias e se transformou em rei. As gravações começaram em setembro, no Canadá, Chile e Brasil. A autoria é de Vivian de Oliveira e a direção-geral de Edson Spinello. 

Embora toda a campanha de divulgação da minissérie tenha girado em torno de Leonardo Brício, que assumirá o posto de Davi na fase adulta e mais velha, no primeiro capítulo quem deu vida, e com muita competência, ao personagem-título da minissérie foi Leandro Léo. O jovem ator, que também é cantor e é conhecido por ter feito um intérprete de hip-hop na novela “Poder Paralelo”, também na Record, e marcar presença em vários shows da cantora Maria Gadú, com quem divide a interpretação de “Laranja”, merece ter um destaque maior nessa história.

A minissérie teve um toque didático em sua abertura ao tentar explicar as batalhas travadas entre tribos israelenses no século XI A.C.. Missão difícil. E embora tudo ocorra de uma forma datada, há um certo exagero na teatralização. A luta do jovem Davi contra um urso na Palestina foi bem patética. Já Iran Malfitano, quase irreconhecível, tem a chance de se livrar da pecha do gay de “A Favorita”, seu último trabalho na Globo. Enquanto Gracindo Jr. e Ângela Leal deslizam fácil como qualquer ator de categoria em qualquer papel que se coloque nas mãos.

Antes de qualquer coisa é preciso se olhar com a visão de quem está pronto a assistir a um programa épico-religioso do século XXI trazido para a TV. Não há como prever o que virá pela frente. A apresentação foi honesta e clara, e com uma bela declamação de Salmos, como o 23, ditado por Davi.

Se foi feita para agradar à igreja, é outra história. Em termos de televisão, acredito que a emissora pode se considerar satisfeita pelo resultado.

E para quem quer conhecer a porção cantor de Leandro, vale conferir:

domingo, 22 de janeiro de 2012

“Zorra Total”: Janete e Valéria, com competência e escracho, estão ocupando cada vez mais espaços no trem do humorístico das noites de sábado


Rodrigo Sant'anna e Thalita Carauta são aqueles tipos de pessoas que nascem para brilhar. Só é preciso aguardar o momento certo, pois, quando este chega, suas estrelas reluzem tanto que até ofuscam outras que não souberam fazer bom uso de seu momento de glória. Os dois formam uma dupla imbatível no “Zorra Total” e vem a cada semana conquistando mais espaço. Rodrigo faz uma verdadeira metamorfose e torna-se irreconhecível no papel da diarista Valéria, ex Valdemar, pós operação. E Thalita é a inocente Janete, que, apesar de toda feiúra, acredita ser uma mulher linda, sensual e irresistível. No programa deste sábado (21), Janete anunciou o lançamento de seu livro “Os dez primeiros passos para deixar os homens a seus pés”. Foi o que bastou para que muitas dicas dos telespectadores fossem dadas na internet para tal “obra”.

O sucesso dos dois artistas tem a ver também com a cumplicidade, que visivelmente não acontece apenas em cena. Em todos os programas nos quais são homenageados é nítida a naturalidade e sinceridade que há na relação de amizade. Em um meio tão competitivo quanto é o artístico, muito mais do que outros em que mesmo os egos sendo tão inflamados quanto, mas nos quais não há exposição na mídia, é raro encontrar uma dobradinha tão equilibrada. Mas o que conta mesmo são as caracterizações e atuações perfeitas. Tudo isso, claro, pontuado por um texto inspirador da equipe de redatores do programa.

Valéria e Janete estrearam com um quadro próprio no vagão do quadro “Zorra Brasil” em maio do ano passado. De lá para cá eles só vêm ampliando a conquista de espaço no programa. Nem mesmo a tentativa dos moralistas de plantão de tirarem o quadro do ar pelo fato de, em algumas situações, Janete aparecer reclamando de estar sendo bolinada no vagão do metrô, interrompeu a trajetória da dupla. 

Vale lembrar que Rodrigo e Thalita começaram no “Zorra Total” como coadjuvantes de Katiuscia Canoro, a Lady Kate. Eles apareciam nas cenas de “frashback” vivendo os personagens Admilson e Crarete. Na época, Katiuscia, no ar desde 2008 com sua Lady Kate, disse que a dupla tinha vindo do teatro, onde mostrava situações engraçadas que acontecem no dia a dia do típico morador do subúrbio carioca, na peça “Os Suburbanos”, para dar uma sobrevida ao quadro da perua que tinha como bordão o “Tô pagano”. Sobrevida que acabou quando Admilson e Crarete viraram Valéria e Janete. E o “Tô pagano” perdeu espaço para o “Ah, como eu to bandida”.


É, talvez o público se identifique mais com a falta de glamour da bandida...