A permanência de Marcos no “Big Brother Brasil” ao
enfrentar Ilmar no paredão nessa terça-feira (4), na Rede Globo, só reafirmou o
quanto uma edição e uma direção planejadas podem conduzir o resultado de um jogo.
Em dois dias o programa conseguiu reverter e inverter as situações e a opinião
pública. Após a formação do Paredão no domingo (2), as enquetes nos sites e
redes sociais apontavam a eliminação de Ilmar com uma diferença de mais de 30%
dos votos durante todo o dia seguinte. Já depois do programa ao vivo na noite
de segunda-feira (3), em que foi mostrado e debatido o surto que Marcos assediou
moralmente Marinalva e Ieda, além de ter exposto o filho adolescente de Ilmar,
a diferença entre os dois emparedados reduziu rapidamente, chegando a quase um
empate técnico. Coube à edição ser ágil e inverter o jogo mais uma vez, caprichando
no apelo emocional destacando imagens nas quais Marcos aparecia meditando no
gramado e tentando pedir desculpas a todos. Não mostrou, no entanto, que ao voltar
para o quarto do Líder, ele ria e voltava a falar mal de todos. Para amenizar
ainda mais a barra do cirurgião, predominavam imagens em que Emilly sempre
aparecia como a responsável pelas atitudes inflamadas do namorado. Para
garantir a nova inversão do jogo, o apresentador Tiago Leifert também alertou aos
internautas de que a votação seria encerrada em quatro minutos e que era
preciso correr para salvar seu favorito.
Muitas perguntas ficaram no ar. Será que Emilly teria
sobrevivido a quatro Paredões se a edição reduzida do “Big Brother Brasil” que
é exibido na Rede Globo à noite tivesse mostrado a verdadeira Emilly que é
vista por quem acompanha o programa 24 horas no Pay-Per-View? Por que na edição
feita nessa terça-feira foi exibida mais uma vez a briga em que Ilmar chamou
Emilly de verme (enquanto Marcos presenciava ao lado sem defender a namorada),
mas não foi também reprisada a cena em que o cirurgião esbravejou e meteu o
dedo na cara de Marinalva e de Ieda, deixando acuadas uma paratleta e uma
senhora de 70 anos? E por que essa mesma edição colocou panos quentes sobre a
falta de escrúpulos de Marcos ao expor publicamente o fato de Ilmar ter
atrasado a pensão do filho? Pelo contrário, a edição fez questão de não mostrar
na conversa de Marcos com Marinalva a parte em que a paratleta afirmou para o
cirurgião ter tido que enfrentar seus próprios medos quando ele foi encará-la. Também
omitiu a conversa de Ieda com Marcos em que ela desabafou o quanto ficou
magoada por ele ter sido desrespeitoso com seus filhos e netos ao insinuar no
ar que ela tinha deitado no colo do Mamão, quando na verdade ela estava com a
pressão alta, e o advogado foi ajudá-la. É sabido que o tempo em televisão vale
ouro, mas como tiveram tempo de mostrar Marinalva, na mesma conversa, só
falando sobre Emilly para o Marcos? E por que, na parte da Ieda, só mostraram
ela dizendo que preferia falar outro dia, se houve, sim, a conversa à tarde?
Há os que consigam ver nesse tipo de reality show uma espécie de espelho que reflete o comportamento humano diante das mais diversas situações em um confinamento, e a partir daí fazer uma leitura sociológica. E há os que assistem apenas por curiosidade ou como passatempo. Só que até como entretenimento é preciso lembrar sempre a boa e necessária função social que a televisão deve exercer com responsabilidade em sua programação. Algo que, infelizmente, vem sendo esquecido em prol do Tudo Por Audiência. Talvez por isso mesmo há os que nunca assistiram e nem pretendem assistir.
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