quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

“Louco Por Elas”: Participação de Reginaldo Faria travestido de mulher valoriza episódio, que traz mensagem sobre a diversidade dos tipos de pais nas famílias modernas


Reginaldo Faria surpreendeu com sua volta à cena em uma participação especial no “Louco Por Elas”, que foi ao ar nessa terça-feira (29). Sua personagem, Veruska, a apresentadora de um programa de TV que fala sobre sexo, na verdade, é o pai de Léo (Eduardo Moscovis), que, ao descobrir no passado que tinha "nascido mulher no corpo de homem", abandonou a família e passou a viver com uma identidade feminina.

A transformação só mostrou a versatilidade do ator, que ano passado viveu Augusto, um homem rico e bondoso transformado em um espírito de luz após sua morte e é pai de Carlinhos (Gabriel Braga Nunes), o filho roubado quando bebê na novela “Amor Eterno Amor”. Não que seu talento para a comédia não tivesse já sido comprovada antes, afinal, como esquecer Jacques Léclair, o costureiro homem que fingia ser gay em “Ti Ti Ti”, de 1985?

Reginaldo oxigenou o segundo episódio dessa terceira temporada da série, mostrando a alegria espontânea da personagem, mas também a tristeza contida por não poder se assumir diante dos próprios netos. Uma mistura de “Gaiola das Loucas” com “Uma Babá Quase Perfeita”. E fez uma dupla ótima com Violeta (Glória Menezes), que nessa fase atual está cada vez mais alienada do mundo real e se entregando a suas fantasias em que prevalece a ideia fixa em ter um companheiro.

No geral, no entanto, o texto de João Falcão muitas vezes cansa ao exagerar numa espécie de troca de papéis, em que crianças falam e agem como adultos, e estes se comportam como adolescentes desinformados e ainda em busca da própria identidade. Logo na abertura do episódio aparece a “viajante” Violeta e suas netas, Bárbara, de 17 anos, e Theodora, de apenas 11, assistindo a Veruska mostrando na TV um pepino, comparando-o ao órgão genital masculino. Em seguida, a caçula pergunta à irmã se homens podem gerar filhos. “Eu quero ter um filho, mas não quero engravidar. Quero que meu marido engravide”, afirma a criança, num discurso exageradamente rebuscado para sua idade, que, inclusive, é inferior à da classificação indicativa do programa, de 12 anos.

Tudo bem que as crianças atualmente estão cada vez mais evoluídas e à frente do seu tempo, mas a lente de aumento que os autores estão colocando nas falas da atriz-mirim e a discrepância entre o comportamento dela e as atitudes totalmente sonsas dos adultos são tão insistentemente repetitivas que deixam algumas sequências pedantes e enfadonhas.

Não há como negar, porém, que o episódio teve um encerramento comovente ao mostrar a mensagem final de Théo, falando para a câmera e para seu pai Geraldo, ou melhor, Veruska: “Tem gente que acha que família é um pai, uma mãe e um filho. Tem gente que acha que os pais têm que ser casados. Tem gente que acha que o casal tem que ter filhos. Tem gente que acha que os pais têm que ser de sexos diferentes. Mas, na verdade, não tem que ter nada. Quer dizer, tem que ter uma coisa: amor, muito amor. E isso no meu pai nunca faltou”.


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