Ísis Valverde veio provar mais uma vez que não apenas
tem coragem para encarar desafios como tem para vencê-los. Comparar sua Maria
Sereia de Oliveira, personagem título de “O Canto da Sereia”, microssérie da
Rede Globo que estreou na terça-feira (8), com qualquer outra personagem
anterior da atriz é covardia. Ísis, a mineirinha de Aiuruoca que nunca renegou
sua origem familiar e interiorana com sotaque vem se superando a cada trabalho. Foi
assim em “Sinhá Moça” (2006), “Paraíso Tropical” (2007), “Beleza Pura” (2008),
“Caminho das Índias” (2009), “Ti Ti Ti” (2010) e “Avenida Brasil” (2012). E
alguém ainda vai dizer que uma personagem foi igual à outra?
Ísis simplesmente tem dominado a cena com uma desenvoltura que poucas atrizes com mais tempo de estrada demonstram. Ela é sensual com classe. Mostra um erotismo raro que não beira nem de longe o erótico vulgar. E é esse domínio sobre a personagem que valorizam ainda mais a história, o roteiro, o entorno. “O Canto da Sereia”, microssérie de quatro capítulos que estreou na terça-feira (8) na Rede Globo, é um exemplo de excelente produto. A direção de José Luiz Villamarim para a adaptação de uma história de Nelson Motta traz uma fotografia nervosa e confusa. Algo que remete a quem conhece a dramaturgia, ou está descobrindo a história.
Ísis simplesmente tem dominado a cena com uma desenvoltura que poucas atrizes com mais tempo de estrada demonstram. Ela é sensual com classe. Mostra um erotismo raro que não beira nem de longe o erótico vulgar. E é esse domínio sobre a personagem que valorizam ainda mais a história, o roteiro, o entorno. “O Canto da Sereia”, microssérie de quatro capítulos que estreou na terça-feira (8) na Rede Globo, é um exemplo de excelente produto. A direção de José Luiz Villamarim para a adaptação de uma história de Nelson Motta traz uma fotografia nervosa e confusa. Algo que remete a quem conhece a dramaturgia, ou está descobrindo a história.
O roteiro é simplesmente irretocável, com idas e
vindas, num passeio pelo passado, presente e futuro que poucos escritores conseguem
costurar com tanta maestria visual. É uma volta ao futuro que poucos fazem de volta ao
passado. Trabalho de adaptação assinado por Sergio Goldenberg, Patrícia
Andrade e George Moura
Sem falar que é de uma responsabilidade ímpar
transpor para as telas uma história de um grande mestre dos
bastidores de grandes estrelas. E apenas ele
pode desvendar as entrelinhas do que se oculta no mundo mágico e folclórico
dessa fauna de musicistas se achando soberanos e sabendo-se súditos de uma
legião de fãs. O que dizer dessas musas do axé que afloram desde os tempos da
guerreira Clara Nunes, que levam o chocalho na canela? É o poder do misticismo
aliado ao poder político e, juntos, manipulados pelo poder do lobby. E dessa
mistura o afã da ansiedade popular de ter um ídolo que represente sua vontade
de ser “alguém” na multidão.
Nelson Motta soube descrever os bastidores de um
mundo tão íntimo seu. Os roteiristas souberam adaptar transpondo para as telas
uma verdade só conhecida na intimidade do show music, que não é tão diferente
assim em qualquer universo, nacional ou internacional. O elenco, escolhido a
dedo, soube incorporar. Destaque para Marcelo Médici, que finalmente ganha
papel de destaque e tem a chance de mostrar na TV com louvor seu talento já conhecido nos palcos para se
superar em um papel de primeira linha. E para Fábio Lago que, apesar de
coadjuvante, dá a seu personagem um valor maior em cena graças a sua presença
marcante. A equipe técnica, aliada ao trabalho de fotografia e direção, também se
supera nos mínimos detalhes. Como nas cenas do trio elétrico do capítulo de
estreia. Percebe-se ali o conjunto de um esforço para que tudo dê certo.
“O Canto da Sereia” é um desses trabalhos que não se sobressai por ser apenas o canto de uma protagonista. É o canto do conjunto de uma obra que nasce lá na sua concepção e ao ser parida mostra que houve um trabalho de gestação envolvendo toda uma equipe, um elenco, uma produção, um conjunto de pessoas unidas com afinco em um mesmo projeto. Raramente percebe-se uma sintonia tão sensível e comovente no conjunto de uma obra. Acredito estar aí toda a diferença desse produto.