Confesso que não assisti a “Gonzaga – De Pai Para
Filho” no cinema. A dúvida sempre se apossava de mim se gostaria de assistir a
uma homenagem feita ao pai, quando o filho sempre foi meu ídolo. Não só pelo
talento, mas pela história de sua trajetória. Sabia que iria me emocionar ao assistir
à versão para televisão, transformada em minissérie, que estreou na Rede Globo
na terça-feira (15), e foi por isso que a acompanhei.
Sinceramente, entendo o porquê de o filme não ter
sido um sucesso de bilheteria. A produção é detalhista, a fotografia é agreste
no tom que o nordeste pede, a direção é rápida e lenta quando tem que ser, a
interpretação tem o tempo da história, mas falta um quê de leitura
cinematográfica que realmente prenda o público de cinema.
Talvez falte o título traduzir a história. “Gonzaga –
De Pai Para Filho”? Como assim? A
história, na televisão, tem 90 por cento dos capítulos ocupados por Luiz
Gonzaga, quando quem merecia estar no centro da história era seu filho,
Gonzaguinha. Que artista que dá nome a um filme quebra o violão do próprio
filho? Que artista é esse que ignorou o próprio filho e só o reconheceu quando
ele estava fazendo sucesso? Um sucesso
verdadeiro, sincero e honesto, diferentemente do dele, vendido à ditadura? “Meu
pai não passa de uma foto de um cartaz. Que rei é esse?”, perguntava
Gonzaguinha, referindo-se ao Rei do Baião.
O nome desse filme deveria ser “Gonzaguinha – De Filho
Para o Pai”.É essa culpa
impregnada e propagada através dos tempos de que sempre os filhos devem algo
aos pais, e esses se eximem de tudo por carregarem no peito o crachá de “pais”,
que fazem deles os heróis? Mesmo não sendo merecedores desse título? Reconheço o valor de Gonzagão para o baião. Mas continuo sendo muito mais Gonzaguinha.