sábado, 19 de janeiro de 2013

“Gonzaga – De Pai Pra Filho”: Filme vira minissérie mas deveria se chamar "Gonzaguinha – De Filho Para Pai”, e a própria história justifica o porquê disso


Confesso que não assisti a “Gonzaga – De Pai Para Filho” no cinema. A dúvida sempre se apossava de mim se gostaria de assistir a uma homenagem feita ao pai, quando o filho sempre foi meu ídolo. Não só pelo talento, mas pela história de sua trajetória. Sabia que iria me emocionar ao assistir à versão para televisão, transformada em minissérie, que estreou na Rede Globo na terça-feira (15), e foi por isso que a acompanhei.

Sinceramente, entendo o porquê de o filme não ter sido um sucesso de bilheteria. A produção é detalhista, a fotografia é agreste no tom que o nordeste pede, a direção é rápida e lenta quando tem que ser, a interpretação tem o tempo da história, mas falta um quê de leitura cinematográfica que realmente prenda o público de cinema.

Talvez falte o título traduzir a história. “Gonzaga – De Pai Para Filho”?  Como assim? A história, na televisão, tem 90 por cento dos capítulos ocupados por Luiz Gonzaga, quando quem merecia estar no centro da história era seu filho, Gonzaguinha. Que artista que dá nome a um filme quebra o violão do próprio filho? Que artista é esse que ignorou o próprio filho e só o reconheceu quando ele estava fazendo sucesso?  Um sucesso verdadeiro, sincero e honesto, diferentemente do dele, vendido à ditadura? “Meu pai não passa de uma foto de um cartaz. Que rei é esse?”, perguntava Gonzaguinha, referindo-se ao Rei do Baião.

O nome desse filme deveria ser “Gonzaguinha – De Filho Para o Pai”.É essa culpa impregnada e propagada através dos tempos de que sempre os filhos devem algo aos pais, e esses se eximem de tudo por carregarem no peito o crachá de “pais”, que fazem deles os heróis? Mesmo não sendo merecedores desse título? Reconheço o valor de Gonzagão para o baião. Mas continuo sendo muito mais Gonzaguinha.