Francisco Cuoco transmite uma sinceridade e uma
naturalidade ao lidar com todo tipo de assunto, tantos os mais corriqueiros do
dia-a-dia quanto os que envolvem sua profissão e a fama que advém dela, que ele
pode ser considerado um dos artistas mais autênticos ao ser o homenageado do “Arquivo
Confidencial” do “Domingão do Faustão”, como aconteceu nesse domingo (13), na
Rede Globo. É claro que ver a própria história ser contada por antigos
companheiros que nos acompanham ao longo de nossa trajetória é de fazer
qualquer um se emocionar. A diferença é que Cuoco em nenhum momento sucumbiu à
tentação de se vitimizar para tornar seus dramas ainda mais dramáticos. Sempre
com um sorriso nos lábios, embora lágrimas nos olhos, o ator deu um exemplo de
simplicidade, serenidade e engajamento social.
E olha que não faltaram motivos para emoção. Como
quando sua irmã lembrou a morte do pai de um enfarte fulminante após sair para
o trabalho e do coma que acometeu sua mãe, após um AVC quando se dirigia para onde
estava o corpo do marido, e que a deixou inerte durante dez anos em casa. Mas,
de cada situação ele colheu ensinamentos. E continuou ensinando: “A vida passa
rápido. O passado é uma referência, mas é uma coisa morta. Então, a gente
planta muito esse presente com carinho, porque a gente não sabe o minuto
seguinte”, afirmou o ator.
Entre os famosos que gravaram depoimentos, como
Boni, Regina Duarte, Tony Ramos, estavam também anônimos, como o porteiro de um
teatro que assistiu a uma peça pela primeira vez graças a um convite pessoal de
Cuoco, ou o porteiro do prédio onde o ator mora que foi socorrido
financeiramente por ele num aperto pelo qual passou, e uma fã, que guarda até
hoje uma imensa dedicatória escrita pelo artista ainda em início de carreira,
quando morava num humilde sobradinho em São Paulo. Ao invés de falar sobre os
tempos difíceis na moradia, como Faustão tentou instigar perguntando se naquela
época ele trabalhava num banco, o homenageado riu, disse que também foi
feirante enquanto morava ali e brincou lembrando, rindo muito, que no cômodo viviam
várias pessoas, inclusive um tio que bebia e chegava se esgueirando na porta.