segunda-feira, 21 de outubro de 2013

“Jóia Rara”: Excelente interpretação dos atores e impecável reconstituição de época, mas falta dar mais agilidade nas ações e amenizar o maniqueísmo dos personagens


Há pouco mais de um mês no ar, “Jóia Rara”, novela das seis da Rede Globo, já poderia ter cativado definitivamente o público, não fosse a falta de agilidade nas ações. Tudo ainda acontece de forma vagarosa, sem falar que o casal de vilões, Manfred (Carmo Dalla Vecchia) e Sílvia (Nathalia Dill) está sempre se sobrepondo ao de mocinhos, formado por Franz (Bruno Gagliasso) e Amélia (Bianca Bin). Não é por ser uma história de época, iniciada nos anos 30 e prosseguindo na década de 40, que tudo tenha que acontecer no ritmo daqueles tempos.

Vide o exemplo de “Lado a Lado”, novela que se passava no século XX, mas que trazia uma modernidade que fazia toda a diferença e que trazia uma sucessão de fatos novos a cada capítulo, ora se dando bem o malvado, ora vencendo o bonzinho.

É claro que é preciso destacar em “Jóia Rara” a direção de arte e figurinos impecáveis na reconstituição de época, em tons que são realçados por uma luz competente. O uso de fotos antigas de imagens reais do Rio antigo não é novidade, mas sempre funciona.

A escalação de atores considerados do casting do horário nobre também valoriza a novela de Duca Rachid e Thelma Guedes. Mas ainda causa certa estranheza rever tantos atores vindos de novelas recentes. De “Salve Jorge”, repetem-se Marcus Caruso, Domingos Montagner, Carolina Dieckmann, Tânia Khalil, Letícia Spiller, Nicette Bruno. De “Avenida Brasil”, que, apesar de ter saído do ar há exatamente um ano foi muito marcante, estão Nathalia Dill, Cacau Protásio, Claudia Missura, Fabíula Nascimento.

Sem falar de José de Abreu e Mel Maia, os antigos Lino e Rita do “lixão” da trama de João Emanuel Carneiro, que voltaram a se encontrar, agora como avô e neta em papéis cruciais da nova novela. O ator continua fazendo um vilão. Mas, justiça seja feita, Zé está longe de lembrar o personagem anterior, não só por estar em outro contexto, mas pela construção feita pelo próprio ator. A atriz-mirim, por sua vez, recentemente repetiu uma cena idêntica à já vivida por ela, quando Rita foi abandonada no lixão. Só que, dessa vez, foi largada numa floresta. A culpa não é da menina, e sim de até o seu texto ser quase igual ao que ela já disse antes.

Ainda sobre interpretações, Bruno Gagliasso, Bianca Bin e Nathalia Dill estão mais uma vez mostrando talento para incorporarem personagens totalmente diferentes de seus trabalhos anteriores. Já Carmo Dalla Vecchia sofre da falta de oportunidade de ousar em papéis diferentes. Está fazendo mais um malvado com as mesmas nuances dos seus vilões anteriores. Muda o figurino, muda a história, mas não muda o olhar, não muda a expressão facial, com direito a beicinhos cínicos.

Vindos de “Salve Jorge”, Domingos Montagner e Carolina Dieckmann ainda trazem um certo ranço das interpretações anteriores. Ele, Mundo, não é mais o garanhão guia de turistas, mas continua com a mesma pose ao ficar à frente dos operários. E ela, Iolanda, não é mais uma jovem traficada para a Turquia, mas se vendeu a um milionário para saldar a dívida do pai e continua se relacionando com Mundo, seu atual amante. A sensação que se tem é de que se trata da mesma trama, só que saiu Cleo Pires, entrou Carolina. Sem falar que, de novo, Tânia Khalil, agora no papel de uma corista de cabaré, continua fazendo parte de mais um triângulo amoroso com Domingos. Tudo como antes.

Falta originalidade, falta surpresa, falta gancho. Mas, acima de tudo, faltam mais ação e menos maniqueísmo.


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http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/09/joia-rara-novela-mostra-que-uniao-de.html