quarta-feira, 23 de outubro de 2013

“Amor à Vida”: Ary Fontoura e Nathália Timberg se superam em cena de sexo na terceira idade, mas tema não salva história de falhas, pois esse tipo de relacionamento é tratado há mais de três décadas na ficção


Não há como negar que a cena protagonizada pelo casal da terceira idade formado por Lutero e Bernarda, brilhantemente interpretados pelos experientes e talentosos Ary Fontoura e Nathália Timberg, respectivamente, no capítulo dessa terça-feira (22) em “Amor à Vida”, novela das nove da Rede Globo, deram um novo respiro à história escrita por Walcyr Carrasco, até agora repetitiva, recheada de situações inverossímeis. O autor foi criativo nos diálogos, com direito a insinuações de que Lutero recorreu a “pilulazinhas” para ter um bom desempenho na cama. Nada muito surpreendente, mas, deu um floreio ao texto.

Foi uma cartada excepcional pela entrega dos respeitáveis atores. Mas, nada tão espetacular e original assim que nunca tenha sido visto antes. Só para lembrar, recentemente, em “A Vida da Gente”, exibida em 2011, e no horário das seis, Nicette Bruno (Iná) e Stênio Garcia (Laudelino) já representavam um casal de avós mantendo uma relação sem compromisso, cada um na sua casa, mas dormindo juntos quando sentiam vontade. Pelo horário da história, o sexo não chegava a ser citado, mas era deduzido e perfeitamente entendido num casal sem compromisso oficialmente assumido. Muito mais ousado.

Na época, Stênio definiu bem a pureza da relação dos dois, em uma trama que se passava em Gramado, interior do Rio Grande do Sul: “Essa é a maneira que eles encontraram para serem felizes. O mais importante é a afinidade, o amor sem compromissos formais. Eles pularam a parte da aliança, do papel. Esse namoro é mantido porque o respeito está acima de tudo. Para essa faixa etária, é muito importante que haja essa falta de compromisso com a seriedade da relação”, afirmou o ator.

Tocar nesse tema é e sempre será fundamental para que uma nova mentalidade seja formada e reformada em torno da importância das relações humanas, sentimental ou fisicamente. Entrando no Túnel do Tempo, quem assistiu a “O Casarão”, novela de Lauro César Muniz que intercalava três décadas antigas, 1900, 1920 e 1930, com os modernos anos 70, e discutia feminismo, política e velhice, sabe que ninguém está descobrindo a pólvora agora. Como não se lembrar da cena antológica de Yara Cortes (Carolina) com Paulo Gracindo (João Maciel), no último capítulo da novela, em que ela perguntava se estava atrasada, e ele respondia: “Só quarenta anos”, respondeu o personagem.

Passados quase 40 anos, o tratamento dado é outro. Autores precisam estar à frente de seu tempo sempre. A questão do relacionamento entre Lutero e Bernarda é super válida ser tratada. E, acompanhando a evolução dos tempos, nada mais justo do que avançar no tema, já que há mais liberdade nos tempos atuais e no horário em que a novela é exibida.

Mas, definitivamente, não é uma novidade.





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