quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

“Lado a Lado”: Cássio Gabus Mendes, atualmente no ar em dois momentos de sua carreira, como galã e como vilão, é exemplo de como construir uma carreira sólida, com seriedade, competência e discrição


Cássio Gabus Mendes é um dos poucos atores de sua geração que conseguiram passar incólumes da fase de ser considerado o galã da novela e chegou ao auge do amadurecimento interpretando o grande antagonista da história. Essa transição pode ser constatada nesse momento, em que o ator pode ser visto em dose dupla na Rede Globo como o desprezível ex-senador Bonifácio Vieira na novela das seis, “Lado a Lado”, e como o jovem romântico Afonso no compacto de “Vale Tudo”, trama de 1988 que está no quadro “Novelão” do “Vídeo Show”. É admirável ver como ele conseguiu nesses mais de 30 anos construir sua carreira de forma séria, competente e, acima de tudo, mantendo a máxima discrição tanto no que se refere a seu trabalho quanto a sua vida pessoal.

Neto do ator e diretor Otávio Gabus Mendes, filho do novelista Cassiano Gabus Mendes, sobrinho do ator Luís Gustavo e irmão mais novo do ator Tato Gabus, Cássio poderia ser mais um caso de quem só conquistou espaço por ter sido privilegiado em nascer numa família de artistas. Não é o caso. Desde sua estreia em “Elas Por Elas”, em 1982, o ator raramente ficou um ano fora do ar. Ele praticamente emenda um trabalho no outro. E em cada um deles mostra toda sua versatilidade, desempenhando com talento papéis dramáticos, cômicos, românticos ou maquiavélicos.

No rol de personagens marcantes nos anos 80, além do filho de Odete Roitman (Beatriz Segall), estão, entre outros, Luti, o filho de Ariclenes (Luís Gustavo) em “Ti-Ti-Ti” apaixonado por Walquíria (Malu Mader), a filha do rival de seu pai, Jacques Leclair (Reginaldo Faria); o ingênuo Bruno de “Brega & Chique”, que se destacou com seu jeito atrapalhado e seus erros de português que transformaram em bordões os seus “craro” e “pobrema”, e o jovem seminarista Ricardo de “Tieta”, que se envolveu com a personagem-título, sua tia, vivida por Bety Faria.

Em 1992, Cássio viveu mais um grande momento interpretando João Alfredo Galvão, o jovem militante político da minissérie “Anos Rebeldes”. Nos anos seguintes, entre muitas novelas e várias participações em humorísticos, séries e seriados, destaque para sua interpretação como Chico Mendes na minissérie “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes”. Sem falar nos personagens que também tiveram sua marca no cinema, em filmes como “Orfeu”, “Caixa Dois”, “Chico Xavier”, “Bruna Surfistinha” e “Assalto ao Banco Central”.

Sem dúvida, é preciso ser um ator completo para conseguir ficar tão à vontade ao se vestir de Capitão América, como Cássio fez na série “As Cariocas”, e também chamar a atenção ao ostentar o porte e a elegância arrogante de Bonifácio, o industrial e político da novela de época das seis. Certamente Cássio ainda deverá ter muitas outras cenas de destaque nessa reta final da trama escrita por João Ximenes Braga e Cláudia Lage. Afinal, um homem racista, adúltero e cruel com o próprio filho, Fernando (Caio Blat), fruto de seu envolvimento com uma escrava, não pode terminar impune. 

Apesar de que, como todo político em todas as épocas, não será de admirar se Bonifácio ainda vir a se safar de suas falcatruas.



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