Como já aconteceu antes, as mais recentes mudanças anunciadas
no “Encontro Com Fátima Bernardes”, exibido de segunda a sexta-feira nas manhãs da Rede Globo, fizeram pouca diferença no ar. O programa abriu
essa semana, na segunda-feira (18), com as pessoas da plateia divididas em duas
arquibancadas móveis que dão a sensação de que elas estão mais próximas dos convidados.
A outra mudança, (pasmem!): Fátima Bernardes está com os cabelos mais curtos e
fios claros, “para não cansar a imagem da apresentadora”, segundo os
profissionais responsáveis pela “transformação” quase imperceptível. A sensação
que dá é de que ela está mais preocupada com seu próprio visual do que em realmente
repaginar a atração que comanda.
Há dois pontos positivos nesse aparar de arestas. Um
deles é o corte nas histórias de superação, que pareciam ter saído do “A Tarde
É Sua”. O outro é uma redução no espaço para o humor sem-graça de Marcos Veras.
Vale lembrar que Victor Veras, outro humorista do programa, encerrou sua
participação em dezembro, quando foi deslocado para o “Esquenta” dominical de
Regina Casé.
As atrações musicais continuam no ar diariamente,
mas a edição semanal em que elas ocupam a manhã inteira, que conta
com a presença fixa do titã Branco Mello, passou de quinta para sexta-feira.
Seria uma tentativa de “embalar” o público para o fim-de-semana. Só que falta
espontaneidade, alegria natural e uma descontração genuína que a apresentadora
não consegue ter diante das câmeras. Falta ginga e molejo a Fátima quando arrisca
uns passinhos enquanto as bandas ou músicos cantam. Para todos os ritmos ela
tem os mesmos passos forçados. Sua “dancinha” causa certa vergonha alheia. Sem
falar que seus conhecimentos no assunto não são muito profundos. Saindo da
ficha técnica que ela leva nas mãos, seus comentários se resumem a “Eu fui
nesse show!”, “Eu me lembro dessa música”.
Mudanças no “Encontro” acontecem desde sua estreia, em
25 de junho de 2012. Naquele mesmo dia, a direção constatou que a luz no
cenário, necessária para a projeção de imagens nas paredes, era muito escura,
que a cor das cadeiras deveria ser em tom claro, porém mais alegre, e no
conteúdo determinou que o espaço para debates fosse reduzido para incluir mais
jornalismo. Poucos meses depois, chegou-se à (sábia) conclusão de que a ideia
de se ter um tema para ser explorado na semana inteira tornava o programa ainda
mais arrastado e repetitivo. Houve ainda uma troca na direção em setembro,
quando Fabrício Mamberti, até então diretor-geral, entregou a função a Mário
Márcio Bandarra, diretor de núcleo da emissora.
No conjunto, no entanto, o programa mantém o pecado
original: o excesso de preocupação em ser politicamente correto e a postura natural,
mas nitidamente formal da apresentadora. Bobagem insistirem em colocar a culpa pela
audiência patinar e não conseguir consolidar os índices esperados no fato de
ser um horário que havia consolidado um público infantil com desenhos animados.
Se o produto final fosse realmente bom em todo seu conjunto, já teria conquistado
o público alvo nesses oito meses no ar.
Não adianta ficar arrastando as cadeiras, mudando as
cores dos estofados e explorando o elenco artístico da emissora se a jornalista
não se ajusta como apresentadora num programa com esse formato. Por que não
arriscar uma mudança radical? Que tal botar esse cenário abaixo, mandar essa
plateia para casa e tirar Fátima Bernardes da zona de conforto?
Mais "Encontro com Fátima Bernardes" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/12/encontro-com-fatima-bernardes-luiz.html
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/11/encontro-com-fatima-bernardes-ainda.html