Há pouco mais de quatro meses no ar, “Guerra dos
Sexos” vem se desvencilhando da pecha de remake e mostrando, há pouco mais de um mês, que realmente é outra
novela, como havia prometido o autor Silvio de Abreu antes da estreia, em 1 de outubro.
O começo realmente foi sofrível, com uma exagerada apelação ao estilo pastelão
que marcou a primeira versão, escrita pelo mesmo novelista e exibida em 1983. A
graça da cena antológica vivida por Fernanda Montenegro e Paulo Autran, há 29
anos, em que um jogava na cara do outro os alimentos que estavam na mesa do
café da manhã, ficou para trás. E já está de bom tamanho ser lembrada
cotidianamente através da animação da abertura.
Felizmente, o autor passou a dar uma cara realmente
atual e moderna à história. Mas, infelizmente, peca ao seguir a antiga e cômoda
linha linear na trajetória da maioria dos personagens, em que os maus passam a
novela inteira sendo maus e só são desmascarados e punidos, ou não, no fim da
novela. Os bonzinhos são eternamente benevolentes, solidários e passam a
história inteira sendo enganados, para ganharem a medalha de heróis no último
capítulo. Assim como os encontros e desencontros de pares românticos se
arrastam numa repetitiva sucessão de cenas em que os diálogos são sempre os mesmos,
apenas acontecendo em cenários diferentes.
É o que vem acontecendo principalmente com os
indecisos Nando (Reynaldo Gianecchini) e Juliana (Mariana Ximenes) e a aprendiz
de vilã Carolina (Bianca Bin). Nando ama Juliana, mas não tem coragem de se
declarar. A desculpa é sua timidez e insegurança por ser de origem humilde. Só
que ele consegue superar essa barreira social quando Roberta (Glória Pires)
toma as rédeas do jogo e o pede em casamento. Ele aceita imediatamente e não
parece fazer muito esforço para se mostrar feliz ao lado da rica e madura empresária.
Juliana, por sua vez, também fica no mezzo a mezzo, entre o que sente por Nando
e a antiga paixão por Fábio (Paulo Rocha). Ou seja, o que deveria incentivar
uma torcida a favor de um ou outro personagem acaba gerando um desgaste que deixa
margem a se pensar que, na verdade, Juliana e Nando são dois “bananas”.
A mesma repetitividade de situações estão cansando
no enredo que envolve Carolina. Tirando uns tapinhas que a jovem ambiciosa e
dissimulada levou de Lucilene (Thalita Lippi) e outros que vai levar de Vânia
(Luana Piovani), a aprendiz de vilã está sempre saindo por cima nas armações
que faz contra aqueles que são os “cabeças” da briga entre mulheres e homens
poderosos, que, aliás, justifica o título da novela. Se ela realmente é “a”
vilã da história, poderia levar uma rasteira pra valer e mostrar competência
para se reerguer e voltar a atacar. É isso que movimenta uma trama. Caso
contrário, Carolina está mostrando apenas que os protagonistas da história são bem
incompetentes para estarem à frente de tal batalha.
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