Silvio Santos tem certa mania, ou prazer, de
estar sempre remexendo no baú e trazendo de volta à programação do SBT reprises
de novelas e atrações mexicanas, como “A Usurpadora” e o imbatível “Chaves”, ou
produzir novas versões de atrações copiadas de décadas atrás. É o caso de
“Bozo”, infantil que estreou nesse sábado (16), resgatando um palhaço criado
foi criado em 1946 por Alan Livingston e que estreou na TV americana em
1949. O SBT trouxe o infantil de volta
através de acordo com a americana Larry Harmon Pictures Corporation, produtora
que detém os direitos de imagem do personagem e traz no currículo o sucesso da
dupla “O Gordo E O Magro”. No Brasil, o personagem chegou nos anos 80, virou
franquia e ganhou vários intérpretes. Foram mais de dez. Um deles, Arlindo
Barreto, filho da atriz Márcia de Windsor, quase denegriu a imagem do palhaço
ao revelar em várias entrevistas ter usado drogas no período em que
interpretava o personagem.
O “Bozo” que voltou ao ar no SBT traz a mesma versão
nostálgica de décadas atrás, com uma linguagem simples inspirada naquela ingenuidade
que havia nos programas infantis de antigamente. Flávio Carcini, que dirigiu o
programa nos anos 80 e reassumiu a função agora, prometeu uma versão
repaginada. Felizmente, a essência foi mantida e o que se viu foi o mesmo Bozo
de sempre, irrequieto, atrapalhado e visual colorido. Ele continua
acompanhado de Vovó Mafalda, Papai Papudo e o inventor Salci Fufú, personagens
que formam a Família Bozo. Os três ganharam roupas novas, mas mantiveram o
estilo extravagante original. Os atores precisam se soltar um pouco mais. O
trio parece não estar se encontrando na bagunça que faz parte do roteiro. Os
nomes dos intérpretes não são divulgados, por exigência da Larry Harmon
Pictures Corporation. E, se é para não tirar a magia que os personagens
provocam no imaginário infantil, para que estragar o mistério, né?
Em clima de gincana, acontecem provas disputadas por
crianças, meninas contra meninos. São brincadeiras simples, mas que, numa
tentativa de ser didática, estimulam o reflexo e a atenção dos concorrentes. Na
plateia, 90 crianças de até 12 anos se dividem em dois lados: de um, todos vestem
camiseta cor de laranja, do outro, usam camisetas azul. Essa harmonia de cores
favorece a composição do cenário, que representa o picadeiro de um circo.
Também há a bancada que traz de volta os quatro bonecos manipulados, Zecão,
Lili, Maroca e Macarrão, que interagem com Bozo. Músicas antigas, como o
clássico da abertura, “1, 2, 3... Vamos Lá” e “Bitoca No Meu Nariz”, foram
regravadas, mas sem alteração nas letras nem no ritmo.
A estreia trouxe convidados, como o grupo de dança
de hip hop Style, formado por adolescentes, e o mágico Issao Imamura, que fez
um número de magia usando o desenho de uma borboleta. O truque foi simples, mas
a mensagem que ele transmitiu às crianças, sobre o poder de transformação e incentivando
a busca na realização dos sonhos, foi muito bonita. A mistura de desenhos
animados antigos com novos foi eficiente. Já que a ideia é fazer um programa
para toda a família, tem lá “Scooby-Doo”, “Tom e Jerry” e os divertidos
Patolino, Pernalonga e Gaguinho no show dos “Looney Tunes”, para os adultos
relembrarem suas infâncias, e os modernos “Monster High” e “Máskara”, para a
garotada das gerações mais recentes.