segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

“Bozo”: SBT acerta em reviver palhaço, sucesso no Brasil nos anos 80, repaginado, mas mantendo a mesma linguagem infantil e o clima de estripulia de outros tempos



Silvio Santos tem certa mania, ou prazer, de estar sempre remexendo no baú e trazendo de volta à programação do SBT reprises de novelas e atrações mexicanas, como “A Usurpadora” e o imbatível “Chaves”, ou produzir novas versões de atrações copiadas de décadas atrás. É o caso de “Bozo”, infantil que estreou nesse sábado (16), resgatando um palhaço criado foi criado em 1946 por Alan Livingston e que estreou na TV americana em 1949.  O SBT trouxe o infantil de volta através de acordo com a americana Larry Harmon Pictures Corporation, produtora que detém os direitos de imagem do personagem e traz no currículo o sucesso da dupla “O Gordo E O Magro”. No Brasil, o personagem chegou nos anos 80, virou franquia e ganhou vários intérpretes. Foram mais de dez. Um deles, Arlindo Barreto, filho da atriz Márcia de Windsor, quase denegriu a imagem do palhaço ao revelar em várias entrevistas ter usado drogas no período em que interpretava o personagem.

O “Bozo” que voltou ao ar no SBT traz a mesma versão nostálgica de décadas atrás, com uma linguagem simples inspirada naquela ingenuidade que havia nos programas infantis de antigamente. Flávio Carcini, que dirigiu o programa nos anos 80 e reassumiu a função agora, prometeu uma versão repaginada. Felizmente, a essência foi mantida e o que se viu foi o mesmo Bozo de sempre, irrequieto, atrapalhado e visual colorido. Ele continua acompanhado de Vovó Mafalda, Papai Papudo e o inventor Salci Fufú, personagens que formam a Família Bozo. Os três ganharam roupas novas, mas mantiveram o estilo extravagante original. Os atores precisam se soltar um pouco mais. O trio parece não estar se encontrando na bagunça que faz parte do roteiro. Os nomes dos intérpretes não são divulgados, por exigência da Larry Harmon Pictures Corporation. E, se é para não tirar a magia que os personagens provocam no imaginário infantil, para que estragar o mistério, né?

Em clima de gincana, acontecem provas disputadas por crianças, meninas contra meninos. São brincadeiras simples, mas que, numa tentativa de ser didática, estimulam o reflexo e a atenção dos concorrentes. Na plateia, 90 crianças de até 12 anos se dividem em dois lados: de um, todos vestem camiseta cor de laranja, do outro, usam camisetas azul. Essa harmonia de cores favorece a composição do cenário, que representa o picadeiro de um circo. Também há a bancada que traz de volta os quatro bonecos manipulados, Zecão, Lili, Maroca e Macarrão, que interagem com Bozo. Músicas antigas, como o clássico da abertura, “1, 2, 3... Vamos Lá” e “Bitoca No Meu Nariz”, foram regravadas, mas sem alteração nas letras nem no ritmo.

A estreia trouxe convidados, como o grupo de dança de hip hop Style, formado por adolescentes, e o mágico Issao Imamura, que fez um número de magia usando o desenho de uma borboleta. O truque foi simples, mas a mensagem que ele transmitiu às crianças, sobre o poder de transformação e incentivando a busca na realização dos sonhos, foi muito bonita. A mistura de desenhos animados antigos com novos foi eficiente. Já que a ideia é fazer um programa para toda a família, tem lá “Scooby-Doo”, “Tom e Jerry” e os divertidos Patolino, Pernalonga e Gaguinho no show dos “Looney Tunes”, para os adultos relembrarem suas infâncias, e os modernos “Monster High” e “Máskara”, para a garotada das gerações mais recentes.

O fim do primeiro programa aconteceu ao som de “Sempre Rir”, música que marca o encerramento das estripulias de Bozo e sua turma desde sua primeira aparição na TV, em 1949. E as crianças desceram da plateia para se divertirem no festival de “torta na cara” entre os personagens. A brincadeira é velha e batida, mas a garotada gosta. É isso que importa.