“Rock Story”, novela das sete da Rede Globo,
encerrou sua trajetória após seis meses no ar mantendo uma linha de coerência
na história cada vez mais difícil de se ver em produtos do gênero
independentemente do horário. Desde a estreia até o último capítulo, exibido
nessa segunda-feira (5), todas as tramas, central e paralelas, foram costuradas
de forma inteligente e absolutamente críveis, sem perder a liberdade poética
característica de qualquer folhetim. O texto da estreante Maria Helena Nascimento
foi valorizado pela excelência da direção artística e geral, assinada por
Dennis Carvalho e Maria de Médicis, e pela sintonia gritante do elenco. A
entrega dos atores foi absoluta, com alguns coadjuvantes tendo momentos de
protagonismo e outros que fariam apenas pequenas aparições acabaram ganhando
espaço em vários capítulos.
Sem precisar de uma “cereja” para coroar o bolo e
sem ingredientes mirabolantes na receita, a autora apostou no “menos é mais” e
criou novos acontecimentos a cada capítulo para manter o ritmo ágil. Isso sem
recorrer a personagens maniqueístas: não houve uma divisão definitiva entre mocinhos
e bandidos. Todos tinham defeitos e qualidades como qualquer ser humano comum
da vida real. Embora o par romântico central fosse Gui Santiago (Vladimir
Brichta) e Júlia (Nathalia Dill, que se dividiu bem com a gêmea Lorena), os
demais casais tiveram destaques relevantes ao longo da história, como os
veteranos Edith (Viviane Araújo) e Nelson (Thelmo Fernades), Salomão (Herson
Capri) e Eva (Alexandra Richter) e Gilda (Suzy Rêgo) e Haroldo (Paulo Betti); e
entre os mais jovens Zacarias (Nicolas Prattes) e Yasmin (Marina Moschen). Todos
encararam brigas, separações, reconciliações, traições, perdões.
Questões que em outras novelas são tratadas com certo
sensacionalismo, como o câncer de Nicolau (Danilo Mesquita) e o homossexualismo
de Vanessa (Lorena Comparato), foram mostradas de forma natural, com cuidado leveza.
O cenário musical foi bem aproveitado como pano de fundo para mostrar o sucesso
fácil e meteórico do mundo atual através de Léo Régis (Rafael Vitti), que teve
sua verdadeira ascensão ao voltar às suas origens em Mesquita. Não tem como não
citar o humor delicioso de personagens que cresceram graças a seus intérpretes
como Aldnéia, a Néinha (Ana Beatriz Nogueira), Marisa (Júlia Rabello), Romildo
(Paulo Verlings), William (Leandro Daniel) e Ramón (Gabriel Louchard). Além das
atuações de João Vicente de Castro e Caio Paduan, que convenceram fazendo,
respectivamente, o empresário mau caráter Lázaro, que terminou preso acusado
por causar a morte de um jovem no tumulto provocado por ele em um show, e o
traficante Alex, que foi morto ao tentar fugir da máfia. E ainda o desempenho
glamouroso de Alinne Moraes como Diana, a produtora musical que viveu
turbilhões em suas relações tumultuadas com Gui, Léo Régis e Lázaro, e acabou
ganhando um novo marido no final.
Enfim, “Rock Story” foi bem sucedida pelo conjunto da obra, e aí se inclui uma sinopse com ideias criativas, personagens desenhados para crescerem junto com suas tramas e um texto inteligente e com diálogos ágeis. A novela ganhou ao não se prender ao tempo de duração no ar. Cada nova situação foi resolvida em poucos capítulos para que sucessivamente outras surgissem e também fossem logo solucionadas. É essa rapidez com que as coisas acontecem nos tempos atuais que, espera-se, continue sendo levada para os folhetins. Afinal, o público não tem mais paciência para esperar nove meses pelo final feliz de uns e infeliz de outros.
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