domingo, 25 de junho de 2017

“MasterChef Brasil”: Ana Paula Padrão falha como leiloeira e mais uma vez emoção na eliminação tenta valorizar a competição


A emoção parece estar sendo o ingrediente que tem dado algum sabor a essa quarta temporada do “MasterChef Brasil”. Assim como na semana passada em que a saída de Fernando comoveu a todos, a eliminação de Yuko, exibida na terça-feira (21) na Band e na sexta-feira (23) no Discovery Channel, também provocou um misto de lágrimas e risos tanto nos participantes quanto nos chefs Érick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça. Entre os telespectadores a reação não foi diferente, a grande maioria buscou as redes sociais para manifestar sua decepção com o desfecho da prova em que a tailandesa se deu mal por deixar o feijão queimar na prova em que ela, Deborah e Aderlize deveriam fazer um autêntico PF brasileiro. E não poderia ser diferente, já que Yuko, que tinha sido reprovada na seleção da edição anterior do “MasterChef Brasil”,   conquistou a todos com sua pureza d’alma, persistência inocente e uma alegria genuína que tocou a todos desde que foi aprovada para essa quarta temporada. Se seguir o conselho de Paola e abrir um restaurante tailandês certamente não lhe faltarão clientes.

Mas, assim como uma cozinha, um programa também não é feito apenas com o coração. Técnica é algo cobrado de todos que estão diante das câmeras, independentemente da função que esteja exercendo. E foi o que faltou a Ana Paula Padrão ao comandar o leilão no qual os cozinheiros pagariam com o tempo descontado na hora de cozinhar pela peça de vitelo que desejavam arrebatar. A apresentadora prejudicou Valter por duas ocasiões, uma a favor de Ana Luiza e outra para Aderlize, e depois todos disseram que o cozinheiro que não tinha sido hábil. Não foi bem assim. Na hora do sorteio do ossobuco, Valter levantou sua placa no momento em que Ana Paula estava dizendo “Dou-lhe duas...”. Não é preciso ter ido a um leilão para saber que o lance pode ser dado até o bater do martelo, que só acontece depois do leiloeiro dizer “Dou-lhe três”. E assim Ana Luiza foi agraciada com a peça que ela já tinha dito que queria. Assim como Aderlize levou o filé mignon porque Ana Paula nem fez a contagem de 1, 2, 3 ou 3, 2, 1. Ela simplesmente gritou “A Aderlize vai levar...”, ignorou que Valter tinha levantado sua placa, e bateu o martelo. Não teve nem um “Ninguém vai dar mais?”. Não é preciso ter ido pessoalmente a um leilão para saber que não é assim que funciona. No mínimo a apresentadora deveria ter estudado e treinado a técnica de leiloeiro para assumir tal papel. De qualquer forma, mesmo não sendo o eliminado da vez, um participante foi claramente prejudicado pela forma como Ana Paula conduziu o leilão. E isso não é aceitável.

São conduções questionáveis. Afinal, se cobram tanta perfeição e subserviência dos cozinheiros, devem retribuir com o mesmo. Não é à toa que alguns participantes estão se rebelando e saindo do sério. Aconteceu com Caroline há três semanas, quando a física mostrou do seu jeito sua insatisfação com a forma como as avaliações dos jurados estavam sendo conduzidas, aconteceu agora com Deborah, que também não abaixou a cabeça para os jurados. Primeiro ela não aceitou o aperto de mão irônico de Jacquin enquanto ele menosprezava seu prato, apenas para parecer ser educada, e depois de ouvir que seu prato estava uma m..., fez sinal de continência para Fogaça, de costas, enquanto o chef mandava a cozinheira “refletir na vida um pouco”. Os jurados também deveriam refletir, pois está muito visível o favorecimento de alguns “queridinhos”. A própria Deborah definiu muito bem isso ao dizer que é a favor da meritocracia, referindo-se ao tratamento diferenciado dado a Ana Luiza, que apela para o emocional com lágrimas fáceis e referências nostálgicas de lembranças de família, e Vitor B., que está extrapolando no papel do coitadinho que sofre acidente na cozinha toda hora. No programa da semana passada ficou até feio ele chamar os bombeiros ao cortar o dedo, e Fabrizio resolveu rapidinho o ferimento com um simples band-aid.

Até Mirian já percebeu que é mais vantajoso fazer o papel de mocinha do que ser a malvada da história. Ninguém muda do dia para a noite sem motivo. Mas as pessoas espertas mudam a própria partitura quando percebem como a banda toca. Cabe apenas ao público se deixar levar por encenações ou pelo talento de cada um no que realmente importa que é a gastronomia.


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