A emoção parece estar sendo o ingrediente que tem dado
algum sabor a essa quarta temporada do “MasterChef Brasil”. Assim como na
semana passada em que a saída de Fernando comoveu a todos, a eliminação de Yuko,
exibida na terça-feira (21) na Band e na sexta-feira (23) no Discovery Channel,
também provocou um misto de lágrimas e risos tanto nos participantes quanto nos
chefs Érick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça. Entre os
telespectadores a reação não foi diferente, a grande maioria buscou as redes
sociais para manifestar sua decepção com o desfecho da prova em que a
tailandesa se deu mal por deixar o feijão queimar na prova em que ela, Deborah
e Aderlize deveriam fazer um autêntico PF brasileiro. E não poderia ser
diferente, já que Yuko, que tinha sido reprovada na seleção da edição anterior
do “MasterChef Brasil”, conquistou a
todos com sua pureza d’alma, persistência inocente e uma alegria genuína que
tocou a todos desde que foi aprovada para essa quarta temporada. Se seguir o
conselho de Paola e abrir um restaurante tailandês certamente não lhe faltarão
clientes.
Mas, assim como uma cozinha, um programa também não
é feito apenas com o coração. Técnica é algo cobrado de todos que estão diante
das câmeras, independentemente da função que esteja exercendo. E foi o que
faltou a Ana Paula Padrão ao comandar o leilão no qual os cozinheiros pagariam
com o tempo descontado na hora de cozinhar pela peça de vitelo que desejavam
arrebatar. A apresentadora prejudicou Valter por duas ocasiões, uma a favor de
Ana Luiza e outra para Aderlize, e depois todos disseram que o cozinheiro que
não tinha sido hábil. Não foi bem assim. Na hora do sorteio do ossobuco, Valter
levantou sua placa no momento em que Ana Paula estava dizendo “Dou-lhe
duas...”. Não é preciso ter ido a um leilão para saber que o lance pode ser
dado até o bater do martelo, que só acontece depois do leiloeiro dizer “Dou-lhe
três”. E assim Ana Luiza foi agraciada com a peça que ela já tinha dito que
queria. Assim como Aderlize levou o filé mignon porque Ana Paula nem fez a
contagem de 1, 2, 3 ou 3, 2, 1. Ela simplesmente gritou “A Aderlize vai
levar...”, ignorou que Valter tinha levantado sua placa, e bateu o martelo. Não
teve nem um “Ninguém vai dar mais?”. Não é preciso ter ido pessoalmente a um
leilão para saber que não é assim que funciona. No mínimo a apresentadora
deveria ter estudado e treinado a técnica de leiloeiro para assumir tal papel. De
qualquer forma, mesmo não sendo o eliminado da vez, um participante foi
claramente prejudicado pela forma como Ana Paula conduziu o leilão. E isso não
é aceitável.
São conduções questionáveis. Afinal, se cobram tanta
perfeição e subserviência dos cozinheiros, devem retribuir com o mesmo. Não é à
toa que alguns participantes estão se rebelando e saindo do sério. Aconteceu
com Caroline há três semanas, quando a física mostrou do seu jeito sua
insatisfação com a forma como as avaliações dos jurados estavam sendo
conduzidas, aconteceu agora com Deborah, que também não abaixou a cabeça para
os jurados. Primeiro ela não aceitou o aperto de mão irônico de Jacquin
enquanto ele menosprezava seu prato, apenas para parecer ser educada, e depois de
ouvir que seu prato estava uma m..., fez sinal de continência para Fogaça, de
costas, enquanto o chef mandava a cozinheira “refletir na
vida um pouco”. Os jurados também deveriam refletir, pois está muito visível o
favorecimento de alguns “queridinhos”. A própria Deborah definiu muito bem isso
ao dizer que é a favor da meritocracia, referindo-se ao tratamento diferenciado
dado a Ana Luiza, que apela para o emocional com lágrimas fáceis e referências
nostálgicas de lembranças de família, e Vitor B., que está extrapolando no
papel do coitadinho que sofre acidente na cozinha toda hora. No programa da
semana passada ficou até feio ele chamar os bombeiros ao cortar o dedo, e
Fabrizio resolveu rapidinho o ferimento com um simples band-aid.
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