terça-feira, 8 de novembro de 2016

“X Factor Brasil”: Noite Retrô é marcada por candidatos sem cultura musical e jurados não honrando a função de mentores


Em clima Retrô, a apresentação do Top 8 do “X Factor Brasil” nessa segunda-feira (7), na Band, teve mais deslizes de candidatos e de jurados do que propriamente a nostalgia que o tema sugeria. A expectativa de ver os candidatos empolgados em fazerem uma viagem no túnel do tempo interpretando sucessos dos anos 70, 80 e 90 naufragou diante da falta de cultura musical da maioria. E o que restou aos jurados foi se digladiarem entre si, um criticando o outro em uma discussão que só levantou um questionamento sobre qual é realmente o papel de mentor no programa. Será que é tão somente escolher o repertório de seus pupilos?

A primeira saia-justa começou com Di Ferrero errando o nome de “Against All Oldds”, de Phil Collins, que Miguel iria cantar. O vocalista do NX Zero disse “Take a Look at Me Now”, citando a frase mais forte da letra da música. E ficou pior ainda quando o candidato confessou não conhecer a canção e de ter apenas ouvido falar em Genesis. Foi um prato cheio para Rick Bonadio lhe dar uma lição ao vivo: “Isso é uma coisa muito ruim para o artista. Para o público tudo bem, mas pra quem vai trabalhar com música, pra quem vai cantar, precisa conhecer os grandes ícones da música mundial.”, disse o jurado, com propriedade. Só ficou estranho esse mesmo critério não ter sido lembrado quando as meninas do Ravena disseram desconhecer Frenéticas ao saberem que iriam cantar “Dancing Days”, música que foi até tema de abertura de uma das novelas de maior sucesso da televisão brasileira que tem o mesmo título. Terá sido uma espécie de proteção ao grupo, o único ainda sob a batuta de Paulo Miklos?

O foco se concentrou na bancada quando, acostumada em sua zona de conforto, Alinne Moraes acabou na mira dos outros três jurados. Até mesmo de seu amiguinho, Rick Bonadio. A cantora ficou visivelmente incomodada quando eles foram unânimes em dizer que Jenni tinha sido prejudicada pela escolha de “Mr. Jones”, de Adam Duritz. Realmente, é uma música ótima para se ouvir em qualquer outra situação, menos sentada em uma plateia assistindo a uma competição. Rick até tentou ser cavalheiro dizendo que todos estão sendo sempre testados, eles como mentores e os candidatos como artistas. Mas Alinne foi ainda mais infeliz com sua desculpa: “Nem só de música boa a gente vive. O artista tem que se adaptar. Isso é só um teste”, defendeu-se a jurada. Como uma mentora expõe seu candidato a esse tipo de teste nessa altura da competição?

Para piorar, Alinne remexeu no assunto ao tentar dar o troco, usando o mesmo argumento para criticar a interpretação de Diego, do time de Di Ferrero, para “Baby One More Time”, de Max Martin. Tentou brincar, mas soou apenas como uma revanche deselegante. Enquanto Rick abusou na grosseria ao dizer que nunca tinha acontecido no programa de alguém não saber cantar. “Eu não sei mais o que falar. É surreal o que eu estou vivendo aqui”, afirmou ironicamente. E Di rebateu: “O fone que ele está ouvindo não deve estar bom”. Será que foi por isso que quando Ravena cantou, logo em seguida, Rick achou tudo lindo e maravilhoso? A avaliação dele foi surreal também. As Frenéticas, 40 anos depois, teriam mais fôlego do que as meninas do grupo mostraram.

Não é à toa que no balanço da noite a melhor performance tenha ficado mesmo por conta de Cristopher, de 37 anos, o mais velho da competição, cantando “Somebody To Love”, de Freddie Mercury.


Mais "X Factor Brasil" em:
https://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2016/11/x-factor-brasil-programa-arrastado.html