Em clima Retrô, a apresentação do Top 8 do “X Factor
Brasil” nessa segunda-feira (7), na Band, teve mais deslizes de candidatos e de
jurados do que propriamente a nostalgia que o tema sugeria. A expectativa de
ver os candidatos empolgados em fazerem uma viagem no túnel do tempo interpretando
sucessos dos anos 70, 80 e 90 naufragou diante da falta de cultura musical da
maioria. E o que restou aos jurados foi se digladiarem entre si, um criticando
o outro em uma discussão que só levantou um questionamento sobre qual é
realmente o papel de mentor no programa. Será que é tão somente escolher o repertório
de seus pupilos?
A primeira saia-justa começou com Di Ferrero errando o
nome de “Against All Oldds”, de Phil Collins, que Miguel iria cantar. O
vocalista do NX Zero disse “Take a Look at Me Now”, citando a frase mais forte
da letra da música. E ficou pior ainda quando o candidato confessou não
conhecer a canção e de ter apenas ouvido falar em Genesis. Foi um
prato cheio para Rick Bonadio lhe dar uma lição ao vivo: “Isso é uma coisa
muito ruim para o artista. Para o público tudo bem, mas pra quem vai trabalhar
com música, pra quem vai cantar, precisa conhecer os grandes ícones da música
mundial.”, disse o jurado, com propriedade. Só ficou estranho esse mesmo critério não ter sido
lembrado quando as meninas do Ravena disseram desconhecer Frenéticas ao saberem
que iriam cantar “Dancing Days”, música que foi até tema de abertura de uma das
novelas de maior sucesso da televisão brasileira que tem o mesmo título. Terá
sido uma espécie de proteção ao grupo, o único ainda sob a batuta de Paulo
Miklos?
O foco se concentrou na bancada quando, acostumada
em sua zona de conforto, Alinne Moraes acabou na mira dos outros três
jurados. Até mesmo de seu amiguinho, Rick Bonadio. A cantora ficou visivelmente
incomodada quando eles foram unânimes em dizer que Jenni tinha sido prejudicada
pela escolha de “Mr. Jones”, de Adam Duritz. Realmente, é uma
música ótima para se ouvir em qualquer outra situação, menos sentada em uma plateia
assistindo a uma competição. Rick até tentou ser cavalheiro dizendo que todos
estão sendo sempre testados, eles como mentores e os candidatos como artistas.
Mas Alinne foi ainda mais infeliz com sua desculpa: “Nem só de música boa a
gente vive. O artista tem que se adaptar. Isso é só um teste”, defendeu-se a
jurada. Como uma mentora expõe seu candidato a esse tipo de teste nessa
altura da competição?
Para piorar, Alinne remexeu no assunto ao tentar dar o
troco, usando o mesmo argumento para criticar a interpretação de Diego, do time de Di Ferrero, para “Baby One More Time”, de Max Martin. Tentou brincar, mas soou
apenas como uma revanche deselegante. Enquanto Rick abusou na grosseria ao
dizer que nunca tinha acontecido no programa de alguém não saber cantar. “Eu
não sei mais o que falar. É surreal o que eu estou vivendo aqui”, afirmou
ironicamente. E Di rebateu: “O fone que ele está ouvindo não deve estar bom”. Será
que foi por isso que quando Ravena cantou, logo em seguida, Rick achou tudo
lindo e maravilhoso? A avaliação dele foi surreal também. As Frenéticas, 40
anos depois, teriam mais fôlego do que as meninas do grupo mostraram.
Não é à toa que no balanço da noite a melhor performance tenha ficado mesmo por conta de Cristopher, de 37 anos, o mais velho da competição, cantando “Somebody To Love”, de Freddie Mercury.
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