domingo, 13 de novembro de 2016

“Fantástico”: Programa ignora importância mundial de eleição presidencial americana e o cunho jornalístico e ético da informação


Domingo, 13 de novembro, está no ar o “Fantástico”. Há anos atrás esta chamada era apenas a abertura da primeira página de uma revista eletrônica que tinha o compromisso de oferecer aos telespectadores o que tinha acontecido de mais relevante para o país e para o mundo durante a semana. Era a hora de se sentar diante da televisão e aguardar por reportagens jornalísticas cuidadosamente apuradas e esmiuçadas em todos os cantos do planeta. Era. Não é mais. Em plena semana em que o mundo assistiu a Donald Trump ser anunciado como novo Presidente dos Estados Unidos na terça-feira (8), o “Fantástico” deste domingo (13), cinco dias após a eleição, começa exibindo pautas que nada trazem de muito atual e somente depois mais de uma hora de programa no ar finalmente toca no assunto. E apresenta uma reportagem com um perfil repetitivo do candidato eleito, mostrando mais do mesmo. Não houve um trabalho mais profundo sobre tudo que envolveu o sistema eleitoral, ou seja, riqueza de detalhes sobre o antes o durante e o depois do pleito. Não tinham equipes mobilizadas lá para isso? O próprio editor-chefe do "Jornal Nacional", William Bonner, não viajou até lá para fazer uma cobertura à altura do seu profissionalismo?

Não teve nem a busca de especialistas que analisassem o que tal resultado pode representar efetivamente para a economia mundial, já que a grande preocupação dos brasileiros é com a crise do Brasil. A única preocupação foi em mostrar as ameaças de Trump de deportar imigrantes que estejam de forma ilegal no país e que tenham antecedentes criminais.

Mas o que mais chamou a atenção na reportagem foi a forma como não houve ali nenhuma preocupação de respeitar a imparcialidade que deve reger o jornalismo e oferecer ao telespectador elementos que permitissem a ele fazer juízo de valor sobre o que acha certo ou errado. Nada foi mostrado sobre a outra candidata, Hillary Clinton, e sobre os prováveis motivos para sua derrota. Houve uma pressa constrangedora em registrar a notícia. A matéria começou a ser exibida falando sobre uma provável perseguição de Trump a imigrantes, negros e muçulmanos e terminou emendando de forma abrupta com uma matéria sobre o lançamento de “Elis”, filme que está chegando aos cinemas contando a história da trajetória de Elis Regina.

E o que teve mais no “Fantástico”?

Bom, melhor nem falar...


 

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