sábado, 19 de novembro de 2016

“Rock Story”: Destaque para tramas ágeis e bem costuradas e para interpretações e direção minimalistas em universo musical


Em dez capítulos, “Rock Story”, novela das sete da Rede Globo que estreou na quarta-feira (9), conseguiu cumprir o básico do que se espera de um folhetim em qualquer horário que seja exibido: envolver o público na história logo nas primeiras cenas, deixar que saiba quem é quem e que a expectativa sobre o que vem depois aconteça naturalmente a partir de ganchos realmente instigantes. De autoria de Maria Helena Nascimento, as tramas partem da simplicidade para desembocar em dramas que poderiam ser pesados, não fossem tratados com sutileza pela direção geral assinada por Dennis Carvalho e Maria de Médicis, que está afinada com o texto não apenas na estética visual quanto no direcionamento da interpretação do elenco.

A novela poderia suscitar a ideia de ser apenas mais um produto romanticamente pueril ao ser anunciada como “uma história de música movida a amor e uma história de amor movida a música” e que o foco seria a rivalidade entre Gui (Vladimir Brichta), um roqueiro da antiga, e Léo (Rafael Vitti), mais um jovem saído diretamente da máquina fonográfica que visa apenas produzir artistas vendáveis em larga escala. Mas não foi o que aconteceu. Logo na primeira semana se viu que o foco será muito mais abrangente, maduro e complexo. O universo musical serve muito mais como pano de fundo de outras histórias.

Uma aposta bem feita está no fato de Alinne Moraes ter sido escalada para ser a antagonista de Nathalia Dill, atrizes que trazem o DNA de heroínas marcantes em novelas recentes. É claro que dá um tempero extra o fato de ambas terem que defender com muito mais garra suas personagens. Alinne é Diana, a mulher de Gui, que vive dividida entre a vida familiar com o marido e a filha e a adrenalina de manter um caso extraconjugal com Léo, e Nathalia é Júlia, que tem sua vida pacata virada do avesso após ser enganada pelo namorado, Alex (Caio Paduan), que na verdade é um traficante, acaba sendo perseguida pela polícia e assume a identidade de sua irmã gêmea, Leonora, que mora nos Estados Unidos.

Além de Alinne, Nathalia e Brichta, o ator Nicolas Prates também está mostrando que a escola de “Malhação” lhe fez muito bem e vem encarando com segurança as cenas de Zacarias, filho do primeiro casamento de Gui. A relação entre pai e filho segura boa parte da novela não só pelo contexto quanto pela química entre os dois atores. Por outro lado, se era essa a ideia, Rafael Vitti também está se saindo bem em despertar uma ojeriza natural ao perfil de jovens astros como Léo.

E fora do eixo central, destaque para Danilo Mesquita, que interpreta Nicolau, filho único de Haroldo (Paulo Betti) e Gilda (Suzy Rêgo), que descobre sozinho ter câncer e resolve manter segredo para não causar sofrimento a seus pais. O ator, que participou de “I Love Paraisópolis” na Globo e fez o rebelde Tales em “Os Dez Mandamentos” na Record, vem se saindo bem e tem tudo para aproveitar a oportunidade de fazer do drama de seu personagem um trampolim para sua carreira.    

“Rock Story” poderá não ser um fenômeno, mas começou melhor do que outros folhetins da emissora no ar atualmente. Mesmo tendo o universo musical como pano de fundo, tem uma história mais coerente e contada com agilidade, enquanto outras parece estarem investindo menos em conteúdo e mais em clipes de imagens que vendam a trilha sonora da novela.


Mais novela das sete em:
https://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2016/11/haja-coracao-mariana-ximenes-brilha-em.html