quarta-feira, 9 de novembro de 2016

“Haja Coração”: Mariana Ximenes brilha em último capítulo morno em que nem fim do suspense sobre casal romântico empolga


Na tentativa de ter uma identidade própria e fugir do final óbvio de Tancinha (Mariana Ximenes) com Beto (João Baldesserini), como aconteceu em “Sassaricando”, o último capítulo de “Haja Coração”, novela das sete da Rede Globo, que foi ao ar nessa terça-feira (8), mostrou a feirante optando pelo amor de Apolo (Malvino Salvador). Na história de Silvio de Abreu exibida há 28 anos e que inspirou a trama atual, escrita por Daniel Ortiz, o escolhido da mocinha foi o publicitário, que na nova versão se deu muito bem com a entrada em cena de Paloma Oliveira, fazendo uma participação inesperada e exuberante para ser o novo alvo do eterno conquistador. Foi a sequência mais legal do capítulo, já que a cena do casamento de Tancinha e Apolo, que coube num porta retrato, deixou o final bem sem graça. Além de ter contrariado o resultado de várias enquetes nas quais a maioria do público manifestou preferir que o eleito fosse Beto e não o piloto.

Ao longo de cinco meses no ar, “Haja Coração” passou por altos e baixos. Começou muito preocupada em não ser vista como um remake e, com isso, no meio do caminho quase se perdeu na tentativa de contar uma história que não tinha mais como ser cem por cento original. Na reta final tentou fazer um bom acabamento para esconder os pontos fracos da fase de alinhavo, mas extrapolou em algumas saídas encontradas. Um dos pontos que não funcionaram no arremate foi a ideia de transformar quase todos os malvados em bonzinhos arrependidos. Foi bem rasa a justificativa de que Carmela (Chandelli Braz) maltratava Shirley (Sabrina Petraglia) por se sentir responsável pelo defeito na perna da irmã. Assim como ficou vaga a regeneração dos ambiciosos, como Leonardo (Gabriel Godoy), Gigi (Marcelo Médici) e Aparício (Alexandre Borges). O que salvou mesmo foi tudo ter sido feito em tom de comédia.

Já o núcleo envolvendo Malu Mader, Carolina Ferraz e Ellen Roche parecia pertencer a outra novela. Por mais que as atrizes se esforçassem, era como se suas personagens tivessem caído de paraquedas na novela e não se ajustaram às situações criadas para justificar estarem ali. Outra trama obsoleta girou em torno do triângulo amoroso formado por Giovanni (Jayme Matarazzo), Bruna (Fernanda Vasconcelos) e Camila (Agatha Moreira). Insosso, não empolgou nem mesmo com o surto de loucura de Bruna no final, torturando o ex-amado em cenas que abusaram nos requintes de crueldade claramente inspiradas em filmes como “Encaixotando Helena” e “Louca Obsessão”. Felizmente o horário da novela não permitiu chegar ao auge do terror visto no cinema.    

É preciso destacar, no entanto, algumas interpretações que fizeram toda a diferença e realmente deram um fôlego extra à novela. Na frente da lista está Mariana Ximenes que, apesar do cansativo “mi” eu isso, “mi” eu aquilo de Tancinha, deu um brilho todo próprio à feirante que mereceu reinar como protagonista absoluta. A seu lado, o ator João Baldasserini também se sobressaiu e caiu no gosto do público, suplantando com seu talento a pose de galã já ultrapassada de Malvino Salvador. Não há como não citar ainda Grace Gianoukas, que fez até Fedora “ressuscitar” na trama e ainda ganhar a companhia de Cristina Pereira, em uma bela homenagem à intérprete da mesma personagem em “Sassaricando”. E, para concluir, o casal revelação da novela, Shirley e Felipe, que literalmente “shipparam” como Shirlipe e conquistaram a torcida do público graças à entrega de seus intérpretes, Sabrina Petraglia e Marcos Pitombo. Se tivessem guardado o casamento de Shirlipe para o último capítulo, o final poderia ter sido mais animado.


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