domingo, 26 de junho de 2016

“SuperStar”: Com torcida de realizadores do programa, banda de forró vence competição cantando covers de repertório nordestino


A vitória da banda de forró Fulô de Mandacaru na final do “SuperStar” nesse domingo (26), na Rede Globo, repetiu nas redes sociais o mesmo tipo de repercussão de uma das duas temporadas anteriores do programa: de um lado, fãs aplaudindo o vencedor, e de outro, grande parte dos internautas reclamando de mais uma vez a emissora ter beneficiado uma banda, seja lá por que motivos. Em 2014, na estreia da versão brasileira do show de talentos israelense “Rising Star”, ganhou a banda Malta sagrou-se campeã, especulou-se que seu contrato com uma gravadora, além dos R$ 500 mil de prêmio, já estava acertado desde sua seleção. Na temporada do ano seguinte o mesmo não se repetiu quando Lucas & Orelha foram os preferidos na votação do público. Mas é bem verdade que a dupla não teve o mesmo tratamento para dar sequência ao sucesso sob os holofotes da Globo como a Malta.

De qualquer forma, o que se viu nessa terceira temporada foi uma direção mais descontraída por parte de Boninho, talvez pela mudança de horário, deixou de ir ao ar após o “Fantástico” para ser exibido no começo da tarde, logo depois do “Esporte Espetacular”. Esse formato mais solto refletiu em uma atitude menos imparcial da apresentadora Fernanda Lima, que não escondeu sua preferência por algumas bandas e até mais proximidade com alguns músicos. Coincidentemente (?), Fulô de Mandacaru era uma delas.

No trio de jurados também houve alteração: Daniela Mercury substituiu Thiaguinho ao lado de Sandy e Paulo Ricardo e desde o começo parecia estar totalmente focada em “causar”. Durante as apresentações, a baiana parecia estar “fora da casinha”, aos primeiros acordes, antes mesmo de o vocalista soltar a voz, ela levantava para dançar num frenesi que nem sempre correspondia ao ritmo. Era estranho, porque a técnica que deveria estar ali para observar e avaliar os concorrentes no palco, parecia mais preocupada em se divertir e chamar a atenção para ela. Diferentemente de Sandy e Paulo Ricardo, que até se esforçavam em fazer análises tanto técnicas quanto emotivas, mas em muitos momentos ficavam visivelmente constrangidos com as explosões exageradas de alegria da colega.

Agora, em relação ao processo de votação do público, mais uma vez ficou claro que as primeiras bandas a se apresentarem são sempre prejudicadas. Muitos internautas reclamaram não terem conseguido votar nas duas primeiras bandas por falhas no aplicativo. O que pode ter prejudicado muito a primeira banda eliminada, Bellamore. Também ficou estranho o “termômetro” da votação ter parado na metade da apresentação do OutroEu, segunda eliminada.

Enquanto isso, a Fulô de Mandacaru foi claramente beneficiada nas três etapas, ficando sempre por último na ordem de apresentação. Além de ter contado com o favoritismo escancarado de Daniela. A técnica nem disfarçou e, enquanto a banda convidada de Lúcio Mauro Filho se apresentava, foi dançar à frente da torcida dos forrozeiros. Pegou muito mal. Assim como pegou mal Fernanda Lima se despedir da Plutão Já Foi Planeta como se ela já tivesse certeza de que a banda não teria qualquer chance contra a Fulô. Tudo bem que ela soubesse, mas como apresentadora poderia ter ao menos mantido o suspense ou criado uma expectativa.

Ou seja, no fim, todos se comportaram como se estivessem apenas jogando mais uma partida com um baralho de cartas marcadas. E de nada adiantou Paulo Ricardo e Sandy repetirem várias vezes no decorrer da competição de que é preciso valorizar os músicos que apresentam composições autorais. Venceu um grupo que sobrevive de covers do repertório nordestino e que ao vencer tentou transformar o palco em um palanque político com um discurso batido e não mais convincente.


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