sexta-feira, 1 de julho de 2016

“Batalha de Cozinheiros”: Competição de culinária vira mais um show para fãs bajularem o 'cake boss' americano Buddy


A ideia da Record de colocar “Batalha dos Cozinheiros” substituindo “Power Couple” nas noites de terça-feira poderia ter surtido efeito melhor se a nova atração, tal qual era o reality show anterior, fosse realizada pela própria emissora e com um tempero mais brasileiro. A competição culinária, no entanto, apresentada pelo conhecido Cake Boss norte-americano Buddy Valastro, é uma coprodução com o Discovery Home & Health executada pela Endemol Shine Brasil. E aí pesa seu maior problema: além de se preocupar mais em ser um show bem ao gosto dos telespectadores estrangeiros e não valorizar tanto o lado gastronômico, é preciso contar com uma tradução simultânea de Buddy e dos participantes brasileiros.

O resultado final é um áudio artificial irritante que faz lembrar muito alguns enlatados de televendas no estilo Polishop. É sabido que o dublador de Buddy é o mesmo de personagens de desenhos animados infantis, como Bob Esponja, mas o problema maior é que, talvez por uma questão técnica, no resultado final do conjunto da edição ficam todos com voz anasalada. Esse “desconforto” sonoro tira ainda mais o clima de espontaneidade que deveria haver na cozinha que, por sua vez, se resume a dois balcões montados no estúdio.

A competição começa com 26 duplas formadas por familiares ou amigos de longa data que disputarão o prêmio final de R$ 200 mil. Nos dois primeiros episódios esse número de duplas será reduzido à metade no Desafio às Cegas, em que elas são pegas de surpresa recebendo ingredientes que estão em uma geladeira e serão de uso obrigatório. Na estreia, terça-feira (28), em que se apresentaram 13 duplas, ficou claro que trata-se de cozinheiros não apenas caseiros, mas completamente amadores. Foi estranho ver uma avó, que fazia par com seu neto, ficar sem saber o que fazer ao ter que preparar um prato com coxa de frango, apesar de afirmar que cozinha com a família reunida todos os domingos. “A gente em casa faz brincando, tomando um aperitivo, e dá tudo certo”, tentou se explicar ela, após ser eliminada porque o arroz não ficou no ponto. Tem ingrediente mais “a cara da vovó” do que frango? Acho que faltaram uns bons drinks para ela.

É desnecessário também o excesso de deslumbramento dos concorrentes diante das câmeras. Parecia terem sido selecionados em um fã-clube do apresentador: “Olha, estou cozinhando para o Buddy”, repetia a maioria deles. E tudo é registrado por uma câmera nervosa que não mostra o que exatamente os cozinheiros estão preparando, que outros ingredientes estão sendo usados na receita.

Para completar, Buddy, que está mais para animador de cozinha com auditório do que para um chef preocupado com a comida, não sabe fazer suspense ao anunciar a dupla vencedora de cada duelo. Ele deixa transparecer abertamente sua preferência quando está provando cada prato. Tanto que quando ficou em dúvida entre uma das duas penúltimas duplas acabou aprovando ambas. “Aqui eu mudo as regras”, sentenciou ele. Claro, e quem vai contrariar? Buddy é o dono da Cake House Media, que produz o programa junto com a Endemol...



Mais competição culinária em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2016/06/masterchef-brasil-gleice-e-eliminada-e.html