quarta-feira, 1 de junho de 2016

“Haja Coração”: Com interpretações repetitivas e texto correto mas diálogos rasos, novela não empolga pela falta de destaques que uma estreia merece


Não empolgou o primeiro capítulo de “Haja Coração”, nova novela das sete da Rede Globo, que foi ao ar nessa terça-feira (31). Pode até ter mostrado que vai investir em humor, drama e romance, mas faltaram situações que realmente dessem aquele Plus esperado em uma estreia. Para se ter uma ideia, a cena mais engraçada foi quando a ex-BBB interpretada por Ellen Roche, que tentava em vão ser reconhecida em um restaurante chegou para um cliente e deu a dica: “É Big, é Big, é Big...”, e o figurante respondeu: “É hora, é hora, é hora...”. No mais, foi muita trilha sonora para pouca ação.

Escrita por Daniel Ortiz, sob a direção-geral de Teresa Lampreia, está parecendo mais um remake do que uma história livremente inspirada em “Sassaricando” (1988), de Silvio de Abreu. Não adianta querer encontrar termos novos para justificar, como chamar de reboot (uma espécie de reinício ou novo episódio de uma mesma história), porque o público noveleiro quer assistir a um folhetim com identidade própria, já que foi oferecido com um título novo.

A trama central continua sendo a mesma: o operário, chefe de uma família humilde, a Di Marino, desaparece da noite para o dia e, 20 anos depois, sua mulher e filhos tentam provar que o rico empresário dono do Grand Bazzar e sua rica família, os Abdala, são responsáveis pelo assassinato daquele que era funcionário de sua empresa no passado. E em termos de interpretação também não houve um grande destaque no elenco. O que se viu foi atores mais uma vez repetindo as mesmas entonações, expressões e mesmos trejeitos que já mostraram em trabalhos anteriores, como é o caso de Marisa Orth e Jayme Matarazzo na família Di Marino. Enquanto Mariana Ximenes, justiça seja feita, convenceu como Tancinha, embora não esteja mostrando algo muito diferente do que foi feito por Claudia Raia quando interpretou a mesma personagem, há 28 anos.

Já entre os Abdala, Alexandre Borges parece estar fadado a só fazer maridos que alternam entre insatisfeitos, trapalhões ou submissos, como tem acontecido ultimamente; e Tatá Werneck repete o mesmo erro que cometeu em “I Love Paraisópolis”: insiste em transformar a personagem nela própria, quando a atriz que deveria se transformar na personagem. Ou seja, vemos mais uma vez Tatá sendo Tatá em qualquer programa.

Bom, se realmente será uma história inédita, só os próximos capítulos mostrarão. Mas por esse primeiro o que se percebe é que a abordagem não está sendo nova, além de existirem muitos elementos claramente copiados da produção do passado. Inclusive a cenografia e direção de arte que continuam seguindo o velho estilo das novelas de Silvio de Abreu que, em sua maioria ambientadas em São Paulo, trazem sempre os ricos vindos de famílias quatrocentonas e morando em mansões com mobílias e decorações pesadas, antiquadas e de gosto duvidoso. Não vamos esquecer que essa tal “ostentação” não é algo que só surgiu nos tempos modernos. 

Vamos aguardar!


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