Embora ambientada no século XX, entre os anos 40 e 50,
“Êta Mundo Bom!” está longe de ser uma novela que coloca o romantismo como fio
condutor costurado por um par romântico central da história, como acontece na
maioria dos folhetins, principalmente os de época. Talvez esteja aí um dos
grandes trunfos do sucesso que vem fazendo a novela das seis da Rede Globo, escrita
por Walcyr Carrasco e Maria Elisa Berredo. É claro que a assinatura de Jorge
Fernando na direção-geral também colabora em grande parte na execução de
situações romanticamente ou até mesmo dramaticamente cômicas criadas pelos
autores e brilhantemente interpretadas por todo elenco.
Uma frase dita por Candinho (Sérgio Guizé), o
protagonista, no capítulo dessa sexta-feira (24) para Anastácia (Eliane Giardini)
após ela perder toda sua fortuna e não ter mais como dar luxo ao filho perdido bebê
e reencontrado já adulto, foi emblemática: “A mãe cuida do filho, e o filho
cuida da mãe”, resumiu Candinho, docemente resignado. Essa declaração selou de
vez que essa é uma novela que não busca um par romântico, mas que trata de
relações de amor que podem ser incondicionais, ou não.
Aí entende-se por que o amor entre Candinho e Filomena
(Débora Nascimento) nunca foi o centro das atenções. Filó, como é conhecida,
até se envolveu com Ernesto (Eriberto Leão) antes de engravidar de Candinho. Assim
como Candinho ficou noivo de Sandra (Flávia Alessandra). E, apesar de tantos
desencontros, o amor dos dois caipiras, mesmo à distância, continuou imune a
tudo que passaram na cidade. Porém, nem por isso se tornou mais importante do que as demais tramas paralelas.
Na verdade, Gerusa (Giovanna Grigio) e Osório (Arthur
Aguiar) formam o único par romântico clássico. Assim mesmo, o sentimento que une os dois jovens causa mais comoção pelo fato de a moça
sofrer de leucemia, uma doença que naqueles tempos não contava com tratamentos
muito eficazes. Bem diferente dos envolvimentos amorosos de Sandra, a grande
vilã da história, e Bianca (Priscila Fantin), que colecionam amantes usados em
seus planos ambiciosos de ficarem ricas.
Nessa rebarba o que diverte mesmo são as cenas daquelas paixões improváveis ou desprovidas de preocupação com grandes romantismos. Como acontece
com Mafalda (Camila Queiroz), a jovem que, apesar de ser disputada pelo roceiro
Zé dos Porcos (Anderson Di Rizzi) e o almofadinha Romeu (Klebber Toledo), só
pensa mesmo é em saciar sua curiosidade de conhecer o “cegonho” dos moços. Assim
como sua Tia Eponina (Rosi Campos), que desencalhou ao se casar com o Dr.
Pandolfo (Marco Nanini), mas, para desespero da jovem-senhora-virgem, o “cegonho”
do noivo não consegue “levantar voo” na lua-de-mel.
Mais novela de época em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/09/lado-lado-texto-ousado-faz-novela-de.html