Há dias, quando a Rede Globo começou a veicular as chamadas
de “Geração Brasil”, ao ver Murilo Benício e Cláudia Abreu em cena formando o
casal protagonista da nova novela das sete, a primeira coisa que pensei foi que
viria aí uma reedição do Tufão de “Avenida Brasil” e da Chayenne de “Cheias de
Charme”. A comparação parecia inevitável. Mas a trama escrita por Filipe Miguez
e Izabel de Oliveira, que estreou nessa segunda-feira (5), veio reafirmar que
os autores, que estão em sua segunda novela, a primeira foi “Cheias de Charme”
em 2012, já têm uma grife própria. Apesar da repetição de nomes do elenco de
sua novela anterior e do estilo já conhecido, a dupla conseguiu dar o pontapé a
uma nova história. E, o que é melhor e mais difícil: apostando em um tema ultra
contemporâneo, que é a informática a serviço da diversidade de mídias, usando
uma linguagem ágil e acessível até ao público mais leigo no assunto, diálogos
criativos e situações cômicas.
A novela do núcleo de Denise Saraceni soube usar no
tempo certo os efeitos especiais ao exaltar os incríveis avanços
tecnológicos e também foi uma boa jogada usá-los na apresentação dos personagens principais.
Esse recurso, unido ao flashback que mostrou de onde partiu a história, facilitou
o entendimento do envolvimento de Jonas Marra com os jovens das tramas
paralelas daqui para frente. A proposta foi tão bem entendida, que até o over de alguns personagens fica justificado.
Tem tudo para dar certo no horário a fórmula que
mistura, com uma boa dose de humor, festas glamourosas, figurinos fashions,
infidelidade amorosa e profissional, alpinistas sociais e jovens sonhadores
classe média em confronto com filhinhos de papai. A viagem intergaláctica na
abertura, com uma nave sobrevoando o Brasil trazendo abelhinhas que representam
as novas tecnologias chegando e transformando tudo em pixel, ficou divertida ao
som de “País do Futebol”, cantada por MC Guime. E o título,
acompanhando o clima, foi estilizado, ficando G3R4Ç4O BR4S1L.
No elenco, marcado pela versatilidade, destacaram-se na estreia não apenas Murilo, Cláudia e Isabelle, como também Luís
Miranda, que já é um caso à parte ao fazer Dorothy, a mãe de Brian, o vidente e
guru de Jonas vivido por Lázaro Ramos. Em mais um bom momento está Humberto
Carrão, interpretando Davi, um jovem sem recursos que sonha democratizar a
informatização, e Taís Araújo, que faz Verônica, a ex-garota-propaganda e jornalista
que batalha por um emprego de repórter para poder sustentar o filho. Momento
revelação-cômica fica para Rodrigo Pandolfo, fazendo o histriônico Shin-Soo, o coreano
repórter de celebridades na Parker TV.
Para quem não assistiu ao primeiro capítulo, a história principal gira em torno de Jonas Marra
(Murilo Benício), uma espécie de Steve Jobs brasileiro que foi morar nos
Estados Unidos para desenvolver um computador de baixo custo e fácil
acessibilidade. Depois de ter construído um conglomerado de tecnologia no Vale
do Silício conquistado uma legião de fãs, ele resolve voltar a morar no Brasil
com a mulher, a star Pamela Parker (Cláudia Abreu) e a filha mimada e rebelde
Megan (Isabelle Drumonnd). No retorno, além de abrir uma competição entre
jovens candidatos ao título de Novo Marra da tecnologia, Jonas ainda terá que
encarar os fantasmas que ocultam sua fuga do país anos atrás. E aí ficou o gancho no fim do primeiro capítulo.
Leia também minha coluna de TV no Folha dos Lagos Online:
http://www.folhadoslagos.com/blogs/elena-correa/xuxa-minha-mae-fazia-de-tudo-para-todos-nos-termos-festa-de-aniversario-mesmo-que-o-bolo-fosse-de-mentirinha#.U2lIdHY0jfM