domingo, 4 de maio de 2014

“Além do Horizonte”: Novela não convence ao ousar no gênero aventura e no final lança mão de clichês dos folhetins tradicionais



O fim de “Além do Horizonte”, novela das sete da Rede Globo, que foi ao ar nessa sexta-feira (2), traz de volta a ideia de que um bom último capítulo pode até conquistar alguma simpatia do público. E alguns acabam se esquecendo, ou até relevando, os seis meses em que esteve no ar uma história na qual os autores, no caso Marcos Bernstein e Carlos Gregório, que haviam se proposto mostrar uma aventura inusitada em busca da felicidade, pareciam estar eles mesmos perdidos no labirinto da própria trama.

Na verdade, após um começo que beirava o ridículo, tentando se inscrever no gênero de suspense através de uma tal Besta assassina e de uma Sociedade Secreta, passando no meio por troca de casais entre protagonistas, a novela chegou ao fim como mais um folhetim trivial, com direito a casamento coletivo e muitos “Eu te amo” e “Eu também te amo” nos diálogos, além do tradicional nascimento de crianças, desta vez de quadrigêmeos. E muitos efeitos especiais nas cenas de explosão, incêndio e muita fumaça, que, curiosamente, não chamuscaram nenhum personagem. Estavam todos limpinhos, apenas com algumas gotículas de suor no rosto.  Sem querer, ou querendo, os autores queriam complicar o que é a busca da felicidade, mas se renderam aos velhos chavões usados nas histórias naturalistas que retratam o cotidiano real.

Nem mesmo a letra da música de abertura, “Além do Horizonte”, de Erasmo Carlos e cantada pelo mesmo, traduziu o que se viu no ar. Aliás, nem as imagens do clipe de abertura, já que lá estavam Juliana Paiva, Thiago Rodrigues e Vinícius Tardio. Onde estava mesmo Vinícius no final, quando Juliana ficou com o personagem de Rodrigo Simas, e Thiago, com a personagem de Mariana Rios? Seria melhor terem também feito uma nova abertura, como já aconteceu em outras novelas da própria emissora, como “América” (2005), “Torre de Babel” (1998), e até mesmo “Malhação” (2013), que manteve mesmo estilo e mesma música do clipe, mas acrescentou a imagem do ator Guilherme Leicam quando ele substituiu Guilherme Prates no posto de protagonista.

Claro que é preciso fazer justiça às interpretações de Antonio Calloni, Casso Gabus Mendes e Carolina Ferraz, que foram os responsáveis para que o núcleo de vilões não desandasse de vez com o todo. E como maior revelação o ator mirim JP Rufino, o pequeno Nilson, que atuou melhor do que muita gente grande.

Mas, por mais que se diga que a sinopse foi mantida, apenas a última sequência, em que fotos mostravam Lili (Juliana Paiva) na infância com LC (Antonio Calloni), correspondeu ao objetivo inicial da jovem de reencontrar o pai que ela julgava morto. A edição ficou bonita e deu o último suspiro ao último capítulo. Foi mais ou menos como aconteceu com “Amor à Vida”, novela das nove de João Emanuel Carneiro do ano passado, em que após meses recebendo críticas e sendo alvo de piadas e paródias debochadas, virou o jogo ao encerrar com uma cena metódica de César (Antonio Fagundes) declarando seu amor a Félix (Mateus Solano), o filho gay e vilão. Ambos olhando além do horizonte...



Mais "Além do Horizonte" em:
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