quinta-feira, 22 de março de 2012

“Touch”: Nova série com Kiefer Sutherland mostra pessoas e eventos ligados entre si, através da mente brilhante de um autista


Jack Bauer ficou para trás, depois de ter durante oito temporadas suas “24 Horas” de fama. Pelo menos na TV, já que existe uma possibilidade de a série virar filme no cinema. Mas, no momento, a missão de Kiefer Sutherland é repetir o sucesso anterior em “Touch”, grande aposta do canal FOX, que estreou no Brasil nessa semana, na segunda-feira (20), com apenas um dia de diferença em relação à exibição nos Estados Unidos.

A série conta a história de Martin Bohm (Kiefer), um ex-repórter que perdeu a mulher no 11 de Setembro e pai de um garoto autista de 11 anos. Coincidências à parte, o menino se chama Jake e é interpretado por David Mazouz, um ator-mirim que já surpreendeu no primeiro episódio, completamente mudo e intocável, mas dizendo tudo com seus gestos e olhares profundos. Inicialmente, Martin não consegue entender o comportamento do filho, até perceber que ele tem o dom de prever através de números coisas que ainda vão acontecer. O garoto é uma espécie de “mente brilhante”.

Criada por Tim Kring, o mesmo de "Heroes", a série mistura drama com apelo místico, como fica claro na narração nas primeiras cenas de um texto sobre o mito chinês do Fio Vermelho do Destino que diz: “Os deuses armazenam um fio vermelho no tornozelo de cada um e o amarram nas pessoas cujas vidas devemos tocar”. Para compensar o lado dos céticos, é citada também a famosa sequência Fibonacci, para lembrar que os números fazem parte de padrões matemáticos.

No decorrer da história fica claro que a missão de pai e filho é fazer a conexão entre pessoas. Tudo acontece através de celulares. Martin recolhe aparelhos na seção de achados e perdidos para dar a Jake, acreditando que o menino os usa apenas para brincar. Na verdade é através das ligações para esses aparelhos que acontece a ponte entre pessoas dos mais diversos países que, aparentemente, nada têm em comum.

A estreia também mostrou um fenômeno bem atual: uma irlandesa desconhecida grava num celular um vídeo num pub onde canta e um amigo se encarrega de jogar o aparelho numa bagagem qualquer no aeroporto. Assim, o vídeo vai parar no Japão, onde os jovens que o encontram adoram, acham que se trata de uma estrela famosa e criam até um fã clube para ela. É mais uma anônima transformada em viral. As cenas entrecortadas mostrando pessoas diferentes nos mais diversos pontos do mudo dão uma linguagem ágil à série.

Uma ligação de uma telefonista também ajuda a evitar que um garoto-bomba num país árabe acione o dispositivo ligado a um celular. O menino acabou se envolvendo com terroristas apenas porque sua família precisava de um forno para fazer pão e garantir o sustento da família.

Em outra situação, Martin resolve tentar decifrar o mistério dos números repetidos pelo filho e corre para uma estação de trem onde ataca um passageiro que estava no orelhão. O homem fica furioso por ter perdido o trem. E nada acontece. Até que, mais tarde, Martin vê na TV a notícia de um ônibus incendiado e o mesmo homem contando que ajudou a salvar crianças que estavam no veículo e seriam queimadas. “Isso só aconteceu porque perdi o trem”, diz o desconhecido na entrevista. É quando o ex-repórter percebe a ligação dos fatos e resolve decifrar os números pelos quais o seu filho está obcecado e descobrir o significado dos mesmos.

Pai e filho contarão com a ajuda da assistente social Clea Hopkins (Gugu Mbatha-Raw) na tentativa de descobrir todas as mensagens de Jake. Com roteiro bem escrito e personagens interessantes, se mantiver o ritmo ágil e a dose de emoção da estreia, “Touch” tem tudo para criar uma conexão de sucesso com o público. Como diz outra mensagem citada no primeiro episódio: “O fio pode se esticar ou emaranhar, mas nunca se parte”.