Ao
terminar o capítulo de “Amor Eterno Amor”, novela das 18h que estreou nessa
segunda-feira (5), deu vontade de aplaudir, tal qual acontece nas salas de
cinema ao final de um grande filme. Juntou-se um trabalho estético que se
aproxima ao usado em cinema, graças à direção de Rogério Gomes, à fotografia de
Sérgio Tortori, a uma história comovente escrita por Elizabeth Jihn e a um
elenco que, nitidamente, está todo mergulhado nesse trabalho.
A trama
central é a busca de uma mãe pelo seu filho desaparecido quando criança. E
desse mesmo menino, já adulto, tentando resgatar seu passado, quando jurou amor
eterno a uma namoradinha de infância. A atriz Ana Lúcia Torres está irretocável
como a mãe, Verbena. Seu olhar ao ver de longe a criança na estrada que, mal
sabe ela, será sequestrado, é de uma profundidade que faz transbordar a dor de
uma mãe numa situação como essa. As crianças, Caio Manhente e Julia Gomes, que
fazem, respectivamente, Carlos e Elisa na infância, tiveram uma interpretação
que muita gente grande não consegue. A expressão de Caio na cena em que Carlos
enfrenta um leão como atração de um circo é de chorar.
A
narração de textos, tal qual é feita em “Aquele Beijo”, é um recurso que parece
estar em voga também em novelas. Ocorreu apenas no início do capítulo.
Espera-se que não seja uma constante, para não virar lugar comum, mesmo tendo
enriquecido as belas imagens mostradas. Aliás, a fotografia e a luz podem ser
consideradas protagonistas dessa história. As cenas gravadas em Carrancas,
interior de Minas Gerais, são de uma plasticidade que só valorizaram o tom
lúdico do momento da história, que também terá um enfoque espiritualista.
A
passagem de tempo que levou a história de Minas para o Norte do país foi uma
solução rápida e inteligente. Carlos está molhando no rio a conchinha de
caramujo que ganhou de seu primeiro amor, Elisa, e, ao retirá-la da água, já se
passaram 30 anos. E quem assume o posto de Carlos, que na verdade se chama
Rodrigo, é Gabriel Braga Nunes. Apagando de vez a imagem do vilão Leo de
“Insensato Coração”, Gabriel fez mais uma entre tantas cenas belíssimas desse
primeiro capítulo, como a que comanda uma manada de búfalos, inclusive
mergulhando no rio sobre um dos animais, gravada na Ilha de Marajó.
A escolha
do estado do Pará, com cenas realizadas em Belém, Santarém, Alter do Chão e
Soure, vem reforçar uma valorização de locações fora do eixo Rio-São Paulo, tal
qual foi feito em “A Vida da Gente”, ambientada no Rio Grande do Sul. Já
figurino, maquiagem e cabelos deixaram um pouco a desejar. Cássia Kis Magro,
que faz a ambiciosa Melissa, de olho na fortuna da irmã, Verbena, na primeira
fase apareceu com uma maquiagem à la Amy Winehouse e peruca inspirada em Val
Macchiori, e na segunda fase voltou com o mesmo corte que Elizabeth Savalla
usou quando fez a Malvina de “Gabriela, em 1975. Nada que impedisse a atriz de
brilhar, como sempre faz, seja qual for a personagem que lhe deem. E a Verbena
de Ana Lúcia Torres com o passar dos anos virou uma versão escovada da Meryl
Streep em “O Diabo Veste Prada”. A atriz também soube ser maior do que o
próprio visual criado para ela.
No mais,
há que se ressaltar a marcante presença de atores como Denise Weinberg, Osmar
Prado, Othon Bastos e Pedro Paulo Rangel. E aguardar pelos próximos capítulos.
Esse foi apenas o primeiro.