Mas a
trajetória desta simpática senhorinha é de levar qualquer um às lágrimas. Filha
de uma imigrante italiana com um baiano, ela foi maltratada pela mãe desde a
infância, quando apanhava com vara de marmelo. “Quando tinha uns 16 anos minha
mãe me vendeu por 5 mil réis para um fazendeiro”, contou ela a Marília
Gabriela, dizendo que foi salva por uma tia que morava ao lado de sua casa.
Depois de
padecer nas mãos da mãe, passou a apanhar também do marido, que bebia muito e
tinha várias amantes. Quando a segunda das três filhas se casou, ela decidiu
dar um basta às agressões. “Aí eu me separei, eu tinha 45 anos. Achava que se
eu me separasse dele antes iria prejudicar o futuro das minhas filhas. Minha
família dizia que mulher que se separava do marido não prestava”, tentou
justificar ela.
Separada,
passou por vários empregos e sofria com todas as dificuldades para criar as
filhas. Um novo ânimo surgiu quando começou a vender doces e salgados. E foi
quase por acaso que ela acabou indo parar na TV. Ao participar do “Programa
Silvia Poppovic”, na Band, cujo tema era "Criei minhas filhas
sozinha", sua presença logo chamou a atenção de Ana Maria Braga, na época
ainda na Record, que a convidou para ser sua colaboradora no “Note e Anote”. “Eu
não tinha salário, mas podia divulgar que dava aulas e preparava banquetes.
Fazia meu merchan”, brincou ela. Em 1999, quando Ana Maria estreou na Globo,
Palmirinha foi para a TV Gazeta, onde ficou até 2010.
A sua
saída da Gazeta teve grande repercussão. Apesar de não ser uma emissora de
abrangência nacional na TV aberta, Palmirinha virou cult ao se tornar presença
constante no quadro “Top Five”, do “CQC”, na Band, junto do boneco Huguinho,
que a salvava sempre que ela se esquecia do que estava falando. Mostrando-se
muito mais corajosa do que muitos profissionais com bem menos idade, foi ela
que não quis renovar seu contrato. “Estava muito cansada, porque era eu que
fazia tudo no meu programa, não tinha produção.” Talvez por isso a represália
no seu último programa: quando ela começou a se despedir, cortaram o áudio do
microfone, o que a deixou magoada.
Após sair
da Gazeta, outras emissoras a chamaram, mas não queriam contratar junto o
boneco Huguinho. “Sem o meu boneco eu não vou. Ele faz parte da minha vida na
TV. Está comigo há 11 anos”, respondia ela às propostas. Feliz por ter
descoberto que é tão amada pelo público e ganhar mais um desafio ao lado de seu
boneco, Palmirinha mostra que está pronta para dar mais uma volta por cima. “Eu
me sinto jovem, por isso não envelheço”. Grande lição de vida dessa mulher que,
não bastasse todas as intempéries, ainda enfrentou e se curou de um câncer há
20 anos e revela não guardar mágoas nem da mãe, nem do marido.