segunda-feira, 19 de março de 2012

“De Frente Com Gabi”: Em uma entrevista comovente para Marília Gabriela, a doce Palmirinha dá um exemplo de superação

Palmirinha Onofre recebeu da vida os ingredientes mais amargos e conseguiu fazer deles uma receita de superação que serve de exemplo para qualquer um. Foi emocionante sua entrevista no “De Frente Com Gabi” desse domingo (18), no SBT, baseada na sua história sofrida recentemente contada em um livro, o “A receita da minha vida”. Aos 80 anos, Palmirinha está começando uma nova fase em sua carreira, vai ter um programa de culinária no canal Bem Simples, da Fox, nos mesmos moldes do que tinha na Gazeta, e se prepara para realizar o sonho de colocar em prática um projeto no qual ela quer viajar por todo o país ensinando as pessoas a comerem bem e a ganharem dinheiro cozinhando.

Mas a trajetória desta simpática senhorinha é de levar qualquer um às lágrimas. Filha de uma imigrante italiana com um baiano, ela foi maltratada pela mãe desde a infância, quando apanhava com vara de marmelo. “Quando tinha uns 16 anos minha mãe me vendeu por 5 mil réis para um fazendeiro”, contou ela a Marília Gabriela, dizendo que foi salva por uma tia que morava ao lado de sua casa.
Depois de padecer nas mãos da mãe, passou a apanhar também do marido, que bebia muito e tinha várias amantes. Quando a segunda das três filhas se casou, ela decidiu dar um basta às agressões. “Aí eu me separei, eu tinha 45 anos. Achava que se eu me separasse dele antes iria prejudicar o futuro das minhas filhas. Minha família dizia que mulher que se separava do marido não prestava”, tentou justificar ela.

Separada, passou por vários empregos e sofria com todas as dificuldades para criar as filhas. Um novo ânimo surgiu quando começou a vender doces e salgados. E foi quase por acaso que ela acabou indo parar na TV. Ao participar do “Programa Silvia Poppovic”, na Band, cujo tema era "Criei minhas filhas sozinha", sua presença logo chamou a atenção de Ana Maria Braga, na época ainda na Record, que a convidou para ser sua colaboradora no “Note e Anote”. “Eu não tinha salário, mas podia divulgar que dava aulas e preparava banquetes. Fazia meu merchan”, brincou ela. Em 1999, quando Ana Maria estreou na Globo, Palmirinha foi para a TV Gazeta, onde ficou até 2010.

A sua saída da Gazeta teve grande repercussão. Apesar de não ser uma emissora de abrangência nacional na TV aberta, Palmirinha virou cult ao se tornar presença constante no quadro “Top Five”, do “CQC”, na Band, junto do boneco Huguinho, que a salvava sempre que ela se esquecia do que estava falando. Mostrando-se muito mais corajosa do que muitos profissionais com bem menos idade, foi ela que não quis renovar seu contrato. “Estava muito cansada, porque era eu que fazia tudo no meu programa, não tinha produção.” Talvez por isso a represália no seu último programa: quando ela começou a se despedir, cortaram o áudio do microfone, o que a deixou magoada.

Após sair da Gazeta, outras emissoras a chamaram, mas não queriam contratar junto o boneco Huguinho. “Sem o meu boneco eu não vou. Ele faz parte da minha vida na TV. Está comigo há 11 anos”, respondia ela às propostas. Feliz por ter descoberto que é tão amada pelo público e ganhar mais um desafio ao lado de seu boneco, Palmirinha mostra que está pronta para dar mais uma volta por cima. “Eu me sinto jovem, por isso não envelheço”. Grande lição de vida dessa mulher que, não bastasse todas as intempéries, ainda enfrentou e se curou de um câncer há 20 anos e revela não guardar mágoas nem da mãe, nem do marido.